Superlotação de cemitérios exige novas alternativas de sepultamento
Texto: Beatriz Santini (beatrizfsantini@gmail.com)
Fotos: Malena Wilbert (malenawilbert@gmail.com)
O momento da morte de um ente querido nunca é fácil, e a situação pode ficar ainda pior com a atual situação dos cemitérios de Florianópolis. Os 13 cemitérios públicos da cidade estão lotados, e os projetos para ampliação ainda não saíram do papel.
A cada dia, aproximadamente seis pessoas morrem na cidade. São 2300 por ano. Por fatores culturais e religiosos, o mais comum é a escolha da família pelo sepultamento tradicional: velório e enterro do corpo. Na cidade, apenas 11% dos corpos são cremados. Pode parecer pouco, mas isso já é mais de sete vezes a taxa brasileira (1,5%).
O cemitério São Francisco de Assis, no Itacorubi, é o maior da cidade. São 18 mil jazigos contruídos. Desses, 14 mil são perpétuos, ou seja, são para o uso de determinadas famílias. Os outros são reservados para óbitos de pessoas que não possuem nenhuma concessão.
Por conta da superlotação, a Secretaria de Serviços Públicos está fazendo um levantamento e averiguando quais jazigos estão abandonados, ou sem novos corpos há mais de 4 anos, para oferecer novas vagas à população.
Outra saída para o problema seria a ampliação das áreas existentes mas, desde 2006,o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) impede a instalação de novos cemitérios horizontais.
Já existe um projeto de ampliação do Cemitério, que prevê a construção de 300 novas gavetas verticais – como exige o Conama – e está sendo analisado pela SESP (Secretaria de Serviços Públicos). Esse processo de verticalização dos cemitérios é uma nova tendência, como explica o Secretário de Serviços Públicos Aldo Sebatião Lopes. “Além da questão do espaço, existe a questão ambiental. O modelo de hoje (dos jazigos) não é adequado e não oferece segurança ambiental. Então não devemos ampliar esse tipo de equipamento público. O impacto ambiental é muito grande.”
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O subsolo das regiões dos cemitérios pode ser contaminado pela alta quantidade de carga biológica, como bactérias e vírus, e pode acarretar em transmissão de doenças, contaminação de áreas próximas e até dos lençóis freáticos.
A opção da cremação também é ecologicamente mais correta. No entanto, em Florianópolis não há um crematório, o mais próximo fica em Balneário Camboriú. Também existem estudos para a implantação de um crematório municipal, mas ainda não foi definido se será anexo às capelas do São Francisco de Assis ou em um terreno no bairro de Cacupé. O projeto de criação de um crematório municipal atualmente está parado na Câmara de Vereadores aguardando análise e votação.
Designers italianos pensam em nova solução para sepultamento
Pensando na ideia de “ciclo da vida”, dois designers italianos, Anna Citelli e Raoul Bretzel, criaram uma opção fora do convencional. O projeto “The capsula mundi” consiste na ideia de colocar os corpos em cápsulas orgânicas biodegradáveis, que se transformariam em nutrientes para novas árvores.
Com a intenção de oferecer uma alternativa ecologicamente sustentável, os cemitérios virariam florestas. Em vida, a pessoa poderia escolher a espécie de árvore favorita. E então, quando morresse, seu corpo seria enterrado em uma grande cápsula e envolto com as raízes da árvore escolhida. Os restos mortais serviriam de fonte para o crescimento da nova planta.
Segundo os autores, cada árvore manteria viva a memória de alguém que se foi. No entanto, a Itália além da tradição religiosa, possui leis bem severas quanto aos sepultamentos, e, por isso, o projeto ainda é apenas um protótipo.
E você? Gostaria de ser enterrado dando vida a uma árvore?