Reportagens

Coletivos de torcedores lutam contra discriminação no futebol

Militância, conscientização e promoção de projetos sociais são armas no combate ao preconceito no esporte

Reportagem por Filipe Melo

“Bicha”, “viado”, “futebol é pra homem”, “estádio não é lugar pra mulher”, “macaco”. Essas são algumas das expressões preconceituosas que estão cotidianamente presentes nas arquibancadas do futebol brasileiro. Fora dos gramados, órgãos como o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) trabalham monitorando e punindo casos de discriminação. Dentro dos estádios, os coletivos de torcedores ligados às causas políticas se mobilizam na luta contra o preconceito e pela inclusão de grupos marginalizados no futebol.

No dia 22 de maio de 2022, o árbitro Wilton Pereira Sampaio relatou na súmula da partida os cânticos homofóbicos gritados pela torcida do Corinthians no empate em 1 a 1 com o São Paulo. “Vai pra cima delas, Timão, da bicharada” e “Vamos! Vamos, Corinthians! Que dessas bichas, teremos que ganhar”, foram algumas das frases entoadas. Em 14 de junho de 2023, novamente a torcida corinthiana proferiu frases homofóbicas no estádio contra o mesmo adversário. O time recebeu como punição um jogo com portões fechados, sem a presença da torcida. 

Os ataques discriminatórios costumam ser direcionados aos jogadores do time adversário, mas há situações em que os torcedores também são alvos da discriminação. Em março de 2018, o jornalista e produtor de conteúdo William De Lucca recebeu ameaças nas redes sociais após publicar um tuíte relatando o incômodo com os cânticos palmeirenses que associavam a palavra “viado” à torcida tricolor paulista (torcedores do São Paulo). De Lucca disse que se considera “viado e torcedor do palmeiras”, ao expor isso no seu perfil, alguns usuários palmeirenses atacaram o jornalista e o ameaçaram de morte.

Coletivos de futebol
Coletivos de futebol

Ataques anônimos e homofóbicos feitos ao jornalista William de Lucca, no Twitter, em 2018 (Foto: Reprodução Vice Brasil)

O caso de William se soma a outras situações de discriminação que ocorrem no esporte brasileiro. Dados mais recentes do relatório anual do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, apontam que, de 68 casos registrados, 31 dizem respeito ao racismo, 12 envolvem LGBTfobia, 11, machismo e quatro, xenofobia. O Observatório é um projeto que monitora, acompanha e noticia casos de todos os tipos de discriminação no futebol nacional, assim como desenvolve ações informativas e educacionais que visam erradicar o preconceito presente no esporte. 

Coletivos de futebol

Para Marcelo Carvalho, diretor executivo do Observatório, os órgãos de justiça desportiva e entidades do futebol, como a CBF, não podem ser flexíveis com casos de preconceito. Ele afirma que a agressão verbal, como é propagada por esses cânticos, é o primeiro passo para promover a violência física contra mulheres, LGBTs, negros e outros grupos dentro dos estádios.

O diretor ressalta a necessidade de punições mais rigorosas em relação aos casos de discriminação e a presença de iniciativas, como as dos coletivos de torcedores, nas arquibancadas. “A mobilização destes coletivos não irá acabar com o preconceito, mas é através deles que se terá uma retirada dessas letras e cânticos discriminatórios dos repertórios de algumas torcidas”. 

Coletivos de futebol

Reprodução:  Relatório do Observatório da Discriminação Racial 2020 (www.observatorioracialfutebol.com.br)

A realidade discriminatória apresentada no gráfico motiva a atuação dos coletivos dentro dos estádios. O jornalista especializado em Futebol e Sociedade, Maurício Brum, lembra que a relação do futebol com a política é histórica, mas associa o surgimento desses grupos de torcedores ao contexto anterior ao governo Bolsonaro, em que não houve um avanço em pautas como a LGBTfobia, machismo e racismo. 

Para Brum, os coletivos assumem a responsabilidade de criar um movimento contrário à discriminação. “A ação dos coletivos visa, principalmente, trazer esse debate aos estádios e questionar a exclusão desses grupos no futebol”, explica Maurício.

LGBTricolor, por um futebol de todxs

Além dos coletivos, os clubes de futebol começam a tomar iniciativas contra o preconceito e incentivam a torcida a se posicionar. Atualmente, com a proximidade entre o torcedor e o seu time de coração por meio das redes sociais, as equipes de marketing dos clubes organizam campanhas com fotos e vídeos que celebram as semanas de representatividade LGBTQIA+, de conscientização racial e do dia das mulheres. Também publicam notas de repúdio aos casos de discriminação em seus perfis sociais.

Coletivos de futebol
Coletivos de futebol

Foto: Reprodução/@Botafogo no twitter, em 2020

Avaí participou de campanha contra a homofobia nos estádios após caso de discriminação no jogo entre Vasco e São Paulo, em 2019, no Twitter (Foto: Reprodução/@AvaíFC)

O Esporte Clube Bahia é um dos times que, nos últimos anos, ficou conhecido pelo seu pioneirismo por se posicionar e organizar campanhas de representatividade nas redes sociais. A atitude do clube proporcionou o engajamento da torcida e a ascensão de coletivos como o LGBTricolor, fundado em 2019, pelo palestrante e ativista Onã Rudá. O principal intuito do coletivo é proporcionar uma maior presença e visibilidade para a comunidade LGBTQIAPN+ nos estádios. “Buscamos sempre envolver pessoas LGBTs na dinâmica do clube e mostrar que podemos torcer e gostar de futebol, como qualquer outro”, explica.

A defesa da pauta LGBTQIAPN+ dentro dos times brasileiros ainda é algo recente. De acordo com um levantamento realizado pelo portal O Contra Ataque, da PUC de São Paulo, em 2020, 17 dos 20 clubes de maiores torcidas do Brasil realizavam publicações em apoio à causa LGBTQIA+. Em 2018, apenas Internacional, Bahia, Vasco, Flamengo e Grêmio haviam exposto algum tipo de posicionamento em relação à causa. Em 2016, a pauta sequer existia para o futebol.

Por causa deste cenário, Onã enxerga como essenciais as ações realizadas pelo coletivo em conjunto com o Bahia. Para ele, a representatividade LGBTQIAPN+ é necessária dentro do time, pois quando o clube pauta a diversidade, cria uma uma proximidade com torcedores, geralmente, invisibilizados, e demonstra que eles também são valiosos para o time. “Além do ganho social, há o ganho comercial, pois o clube vende mais roupas e produtos, conseguem mais patrocínios, e logo há um benefício financeiro ao Bahia”, afirma Onã.

Coletivos de futebol
Coletivos de futebol

Onã Rudá torcendo pelo Bahia, na arena Fonte Nova, com a camisa do coletivo LGBTricolor, em junho deste ano (Foto: Reprodução/@onaruda2)

Torcidas organizadas do Vasco assinam Código de Conduta Ética contra homofobia e transfobia, em junho deste ano, no estádio São Januário (Foto: Daniel Ramalho)

Se nas arquibancadas a luta pela inclusão dos torcedores LGBTs parece ser longa, nos campos a situação caminha a passos ainda mais lentos. No futebol masculino profissional, foi apenas em 2021 que um jogador se assumiu homossexual, algo inédito nas ligas principais do esporte.

 No Brasil, repercutiu, em junho de 2022, em entrevista concedida pelo ex-jogador Richarlyson ao podcast Nos Armários dos Vestiários. O ídolo do São Paulo se abriu sobre a sua sexualidade após ser frequentemente questionado sobre o assunto. “Vai pintar uma manchete que o Richarlyson falou em um podcast que é bissexual. Legal. E aí vai chover reportagens, e o mais importante, que é a pauta, não vai mudar, que é a questão da homofobia. Infelizmente, o mundo não está preparado para ter essa discussão e lidar com naturalidade com isso”, disse ele no podcast.

A dificuldade vivenciada pelos jogadores, de pautar a inclusão LGBTQIA+ e combater a homofobia dentro de campo, é também um dos entraves enfrentados pelo coletivo LGBTricolor. “Um dos problemas que encontramos é justamente com as pessoas que falam que a presença do coletivo e da comunidade LGBTQIA+ está somente relacionada com lacração. Há um esforço para que esse assunto esteja deslocado e distante do futebol”, relata Onã.

O líder do coletivo exemplifica com uma situação ocorrida em 2021. Após o Bahia ser rebaixado para a segunda divisão, alguns torcedores culparam a participação do clube na defesa das pautas LGBTQIAPN+ pelo fracasso na competição, alegando que a derrota teria sido castigo de Deus ao clube. “É esse tipo de coisa que para gente é difícil, que geralmente é feito por perfis fakes em nossas redes sociais”, desabafa.

A homofobia ou a prática de cânticos homofóbicos no esporte é crime, desde 2019. O Supremo Tribunal de Justiça Desportiva pune os clubes, seja pela atitude de seus torcedores ou de atletas e comissão técnica que participarem das injúrias. Também julgam como cabível encaixar as atitudes homofóbicas no artigo 243-G do Código Disciplinar: “Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”.

Em 19 de agosto de 2019, o STJD determinou que os clubes estão sujeitos à perda de pontos nas competições que atuam, em casos de gritos homofóbicos entoados nos estádios. A legislação orienta o procedimento a ser adotado por árbitros e assistentes em casos de gritos e atitudes homofóbicas nas partidas: “Os árbitros, auxiliares e delegados dos jogos irão relatar na súmula e/ou documentos oficiais das partidas a ocorrência de manifestações preconceituosas e de injúria em decorrência de opção sexual por torcedores ou participantes das competições”. 

Verdonnas: a presença feminina no futebol

Se atualmente a legislação busca a inclusão e igualdade de grupos marginalizados, décadas atrás a realidade era completamente oposta. Entre 1941 até 1979, a prática do futebol pelas mulheres era proibida por meio do decreto-lei 3199, assinado pelo então presidente Getúlio Vargas. “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”, determinou o decreto.

Coletivos de futebol

Manchete do jornal de São Paulo, em 1941, após publicação do decreto-lei 1399 (Foto: Arquivo do Museu de São Paulo)

A medida executiva representou o afastamento das mulheres da modalidade por aproximadamente 40 anos. De acordo com o jornalista Maurício Brum, durante esse período, o futebol masculino estava se massificando em nível nacional por conta da ascensão das transmissões ao vivo pela televisão, enquanto o feminino profissional estava parado. “Este decreto gerou um atraso ao futebol feminino e criou uma desigualdade em relação ao masculino em termos de qualidade e de popularidade”, afirma.

A desigualdade relatada por Maurício é constatada no balanço de 2022 realizado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que aponta um salto de 45% nos investimentos na seleção masculina, enquanto a feminina passou por queda de 40%. Para combater a discrepância presente na modalidade e compensar os tempos perdidos de proibição do futebol feminino, a CBF estabeleceu, em 2019, que todos os 20 participantes da Série A do campeonato brasileiro precisavam, por obrigação, ter um time de futebol feminino adulto e de base.

Apesar da medida, a desigualdade ainda permanece. No ano passado, a CBF informou que destinou cerca de R$ 15 milhões ao Brasileirão Feminino. Foram repassados R$ 5 milhões diretamente aos 16 clubes participantes. O valor é baixo em comparação aos campeonatos de futebol masculino. Neste ano, foram destinados à última divisão do campeonato masculino, Série D, R$ 105 milhões no total e R$ 25 milhões aos 64 times que compõem a liga, investimento muito maior que o da principal divisão feminina .

Além do campo, a participação das mulheres se estende às arquibancadas. Nas partidas do Brasileirão A1, primeira divisão de futebol feminino, o ambiente é mais acolhedor e confortável para as torcedoras. Nos jogos da primeira divisão masculina, que historicamente possuem maior audiência, o machismo e os casos de agressão afastam as mulheres desse ambiente.

Larissa Botelho, de 25 anos, é engenheira eletricista e torcedora do Palmeiras. Em 2018, a jovem vivenciou um caso de hostilização no estádio Allianz Parque. Era um clássico entre Palmeiras e Corinthians, Larissa curtia o jogo com o namorado e a mãe. Como muitos torcedores, ela torcia em pé no estádio, até que um senhor insistiu que ela sentasse, porque estava atrapalhando a sua visão. Após muita insistência, a engenheira se irritou e não sentou. “Não estávamos fazendo nada demais, além de torcer”, desabafa. O homem a xingou e cerrou a mão, como quem fosse agredi-la. Imediatamente, o namorado de Larissa e a mãe foram procurar a polícia. A jovem ficou aguardando enquanto era hostilizada pelo senhor e outros torcedores. O policiamento chegou ao local e encaminhou ao posto policial o senhor que a agrediu. Por precaução, Larissa, a mãe e o namorado foram alocados para um outro setor do estádio pelos policiais.

A indignação pelo ocorrido motivou a torcedora na luta pela presença das mulheres nos jogos do Palmeiras, visando que nenhuma mulher passe por situações como essas. Larissa, atualmente, é administradora do coletivo feminista Verdonnas e junto com outras colegas palmeirenses, realiza ações que buscam acolher e aproximar as mulheres do futebol. O movimento palmeirense possui quatro grupos no Whatsapp com, em média, 150 participantes. Além disso, conta com mais de 12 mil seguidores no Instagram e Twitter. “O Verdonnas tem uma rotina pré-jogo para que torcedoras tenham companhia durante o caminho ao estádio. Nos organizamos pelos grupos do WhatsApp, onde os pré-jogos, pontos de encontro são acertados e todo o restante acontece”, explica Larissa Botelho.

Verdonnas, o nome representa donas de si. A origem do nome é a junção do “Ver” de verde, e “Donnas”, que em italiano, significa mulheres (Foto: Reprodução/@Verdonnas)

Além do acompanhamento aos estádios, o coletivo arrecada dinheiro para a compra de ingressos e o pagamento de transporte para torcedoras do Palmeiras que não possuem condições financeiras de ir ao estádio. A repercussão das ações realizadas nas redes sociais permitiu que bares e lojas também ajudassem na iniciativa doando roupas e alimentos não perecíveis. “Para a gente, doar não é algo destinado só para mulheres, porque quando lutamos por uma causa social, não atinge só mulheres, atinge a sociedade pelo todo. Então, a gente costuma se engajar e realizar muitos projetos sociais”, conta Larissa Navarro, administradora do coletivo.

O Verdonnas foi o primeiro coletivo feminista dos quatro principais clubes de São Paulo. O trabalho realizado nos estádios motivou torcedoras de outros times a criarem seus coletivos e lutarem por esta causa. É o caso do coletivo corinthiano Movimento Alvinegras, que foi inspirado no grupo palmeirense. “Para nós, é muito importante esse incentivo a outros coletivos, porque não pensamos somente nas mulheres do Palmeiras. A gente pensa que quanto mais mulheres nos estádios de futebol, melhor, pois esse é o cenário ideal”, explica Larissa Navarro.

Quilombo do Arruda: a luta antirracista no futebol brasileiro

Com aproximadamente 30,5 milhões de praticantes no Brasil, o futebol é hoje a modalidade mais popular entre homens e mulheres. Seja com um par de meias enroladas, uma bola de papel, ou até com uma tampa de garrafa plástica, o esporte faz parte do cotidiano brasileiro. De acordo com o historiador Marcos Gutterman, em seu livro, O Futebol Explica O Brasil, o começo do futebol no país aconteceu de forma desigual e excludente, por ser algo praticado somente pela elite das grandes capitais brasileiras.  

Em um contexto de recém abolição da escravatura, os times e ligas de futebol não aceitavam a participação de pessoas negras na prática esportiva. Como exemplo, em 1924, a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA), equivalente à atual Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), obrigou o Club de Regatas Vasco da Gama a dispensar seus 12 atletas negros para ingressar na liga carioca. O time cruzmaltino recusou a proposta e através de uma carta escrita pelo presidente do clube, José Augusto Prestes, mostrou seu repúdio à discriminação racial da instituição. “Nestes termos prescritos, sentimos ter de comunicar a Vossa Excelência que desistimos de fazer parte da AMEA”.  

Coletivos de futebol

Documento conhecido como “Resposta Histórica” emitido pelo Vasco, em 1924, que representou um marco contra a discriminação racial e social no Brasil | (Foto: Vasco Oficial)

O ato realizado pelo Vasco motivou outros clubes a se manifestarem contra a exclusão de jogadores negros e a favor da profissionalização do futebol. Segundo Marcelo Carvalho, do Observatório da Discriminação Racial, somente com a profissionalização, em 1933, houve uma redução do racismo no esporte. A medida permitiu que atletas fossem contratados e pagos prioritariamente pelo seu nível técnico. Com isso, raça e classe social foram condições a serem pouco avaliadas pelos clubes. 

Pelé, Garrincha, Romário, Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho são negros e de origem pobre. Ao longo dos anos, estes craques popularizaram a modalidade no país e colaboraram na inclusão e participação de mais negros e negras no esporte. “Talvez, hoje não haja mais essa exclusão com jogadores negros como havia no início do século 20, mas há ainda poucos treinadores negros, e ainda menos dirigentes e presidentes negros nos clubes. Então, apesar do avanço, o racismo permanece na estrutura geral”, explica Maurício Brum.

O futebol se torna um reflexo da sociedade brasileira. De acordo com o IBGE, em 2023, negros somam 56% da população brasileira, e ainda assim, a participação de homens negros e pardos é de 20% em todos os níveis de liderança em empresas e instituições federais. As mulheres pretas, ocupam 12% dos postos de baixo escalão, como gerentes e coordenadoras, e apenas 9% em cargos de primeiro escalão. 

Para Marcelo Carvalho, essa desigualdade é consequência da escravidão que deixou na sociedade brasileira estereótipos racistas. “Há ainda no futebol o mito de que negros são bons somente para atividades que envolvam o trabalho braçal e fisico, e não o intelecto, e isso impede as pessoas pretas de estarem numa posição de gestão ou comando.”

Se nos cargos de liderança, negros e negras já são invisibilizados, nas arquibancadas essa realidade não parece estar muito distante. Arthur Antas, também conhecido como Tuca, é um dos coordenadores do coletivo Quilombo do Arruda, formado por torcedores do Santa Cruz Futebol Clube de Pernambuco, Recife. O coletivo surgiu por conta da necessidade em denunciar a discriminação racial, que hoje está presente na modernização dos estádios. Para ele, nos últimos anos, o processo de construção dos estádios afastou os  torcedores da identidade do clube. “Há uma elitização nas arquibancadas. Proibiram a utilização dos bandeirões, que é um item popular entre os torcedores de maioria preta e pobre,  e aumentaram o preço dos ingressos, que antes era acessível”.

Coletivo presente nas manifestações do ato 3 de Julho Fora Bolsonaro, em Recife, em Julho de 2021 (Foto: Reprodução/@quilomboarruda)

Para o coletivo, somente ampliando o debate aos torcedores é possível combater a discriminação racial presente nos estádios. A realização de lives pelo Youtube e a participação nas manifestações é uma das atividades realizadas pelo Quilombo do Arruda. “A nossa função está justamente em fazer a ligação entre a política social e a torcida. Por meio das lives e dos protestos que organizamos, buscamos educar, politizar e até formar militantes para a luta pela igualdade nos estádios e na sociedade”, explica Tuca.

Coletivo Quilombo do arruda ao lado das torcidas antifascistas Meca Antifa, Antifa Sport, e Coral Antifa nas manifestações Fora Bolsonaro, em Recife, em 19 de junho de 2021 (Foto: Reprodução/@hantifas_latinoamerica)

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