Léo Bretas e as irmãs, Clara e Alice Bretas, em frente ao desenho do pai, Frank Maia.
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Charge que homenageia Frank Maia é desenhada por seu filho, Léo Bretas, nos corredores do Jornalismo na UFSC

Chargista e ex-aluno fez história na imprensa de Santa Catarina com seu traço marcante e humor crítico; rascunho foi deixado por ele antes de morrer

Reportagem por Erika Artmann

O chargista Frank Maia foi homenageado com o desenho de uma de suas charges na parede do corredor que dá acesso ao curso de Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. Com seu traço marcante e de humor crítico e sagaz, ele fez história nos jornais de Santa Catarina, mas o começo de sua carreira deu-se justamente no Centro de Comunicação e Expressão, onde foi lembrado com carinho por familiares e amigos na sexta-feira (17), durante evento de lançamento. Frank morreu em 5 de junho de 2022, aos 55 anos. 

O esboço do desenho produzido para estar no curso de Jornalismo foi feito pelo próprio Frank Maia. Na parede, foi colocado por seu filho mais velho, o ilustrador e tatuador Léo Bretas. “Meu pai, eu sempre vi ele desenhando. Minha avó também pintava. Eu vi isso acontecer na minha frente e essa é a referência que a gente tem. De estar sempre observando arte na rua. Meu pai sempre mostrou vários artistas”, conta Léo Bretas. Enquanto desenhava a charge, Léo contou que imaginava o que ele pensaria de toda a homenagem e concluiu: “Ele ia curtir para caramba”.

A charge traz Frank em sua passagem pelo tempo, que acompanha também as mudanças no acesso à informação e nos meios nos quais é feito o jornalismo. No primeiro quadro, o chargista aparece com sua máquina de escrever, depois, com um computador de mesa em formato de tubo. No terceiro, um notebook o acompanha no trabalho. Enquanto no último quadrinho da charge, Frank aparece sentado no banco de uma praça apenas com o celular nas mãos.

O desenho de Frank para o Jornalismo

As tratativas para que Frank Maia registrasse uma de suas charges no corredor do Jornalismo da UFSC, ao lado de desenhos de dos chargistas Ziraldo e Zé Dassilva, começaram em 2019. Naquela ocasião, eram comemorados os 40 anos de fundação do curso e alguns ex-alunos foram entrevistados para a primeira edição do livro “Estrelas do Aquário”, organizado pelas professoras Melina de La Barrera Ayres e Valentina da Silva Nunes. Frank era um deles e afirmou, em entrevista com Iraci Falavina para uma reportagem sobre sua trajetória, que inicialmente não se encontrou no curso de jornalismo por causa de algo muito comum na profissão: “gente que diga o que fazer”. Ele preferia escrever sem limites de tempo e espaço. 

Apesar disso, seguiu no jornalismo, principalmente como chargista. Frank tinha o hábito de ler notícias diariamente pela manhã. Um de seus amigos, presente na homenagem realizada no dia 17, descreveu seu trabalho como “jornalismo ilustrado”. Em 2019, Frank foi convidado para fazer o desenho. Mais uma vez precisou lidar com gente que dizia o que fazer porque a direção do Centro de Comunicação e Expressão – onde está o curso de Jornalismo -, antes de liberar a intervenção, pediu para ver a charge. Depois de alguma conversa, ele topou o convite e mostrou previamente o trabalho. 

A charge seria feita por Frank em 15 de março de 2020, junto a uma aula magna no curso, mas a pandemia impediu o acontecimento. Em 2022, Frank morreu antes que tivesse tempo de remarcar a data para o desenho.

O projeto foi retomado em 2023 pela professora Melina Ayres, do curso de Jornalismo, agora como homenagem ao chargista. Após conversar com a família e pedir autorização para que a charge fosse colocada na parede, veio a ideia de convidar Léo Bretas para fazer a homenagem ao pai. “Agora estamos aqui para trazer esse presente para o curso”, completou Ayres.

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