Reportagens

Obra parada

Nova sede do posto de saúde do Pantanal está com entrega atrasada há mais de dois anos.

Texto e Fotos: Leonardo Filomena

Toda manhã de segunda-feira, bem cedo, perto das sete horas a fila já está formada. São dezenas de moradores do bairro Pantanal em Florianópolis que esperam o horário de abertura do posto de saúde para marcar consulta ou encaminhar outras questões.

É ao ar livre que os moradores esperam, faça chuva ou faça sol. A busca pelos mais básicos dos procedimentos se tornam jornadas longas e cansativas. Em sua maioria mulheres, algumas mais idosas outras mais jovens carregam seus filhos no colo e alguns poucos homens, esse é o perfil daqueles que esperam pelo atendimento no posto de saúde do Pantanal.

Lucia é uma dessas pessoas. Ela quer marcar uma consulta para o filho e para ela mesma. As filas em dia de marcação já se tornaram rotina, daqueles que buscam o serviço. São oito horas e uma das recepcionistas do posto de saúde começa a distribuir as senhas. Lucia que era a quarta da fila conseguiu pegar a tão desejada senha.

Lá dentro o ambiente é pequeno. Ao entrar no posto de saúde, se dá de cara com outra porta, um consultório improvisado, construído com paredes de PVC. À esquerda duas mesas de recepção para o atendimento. Ao lado, poucas cadeiras, cerca de meia dúzia. Um corredor dá acesso aos outros consultórios e salas. Não são muitos. O espaço é muito pequeno, não comporta a demanda do bairro.

Há cerca de 100 metros do atual posto de saúde, só que do outro lado da rua, está a obra abandonada do futuro posto. As obras do que já deveria ser o novo e amplo posto de saúde do bairro Pantanal estão paradas. O empreendimento com dois andares encontra-se em fase final de construção. Os moradores do bairro dizem que as obras estão paradas há mais de um ano, mas a Secretaria de Saúde diz que é menos. Mas, o que mais surpreende Lucia é que a placa fixada em frente a construção, que traz a data de sete de janeiro de 2015 como prazo final para conclusão dos trabalhos. Já se passaram dois anos e meio e nem sinal de que a nova sede do posto de saúde fique pronta.

As margens da Rodovia Deputado Antônio Edu Vieira, a construção abandonada virou refúgio para usuários de drogas, que além de se hospedarem no local acabaram destruindo e furtando o que já estava pronto na obra. Após contato com a Secretaria de Saúde de Florianópolis para esclarecimentos sobre a situação no posto de saúde do Pantanal, as respostas vieram por meio da assessoria de imprensa. O secretário Carlos Alberto Justo da Silva, mais conhecido como Professor Paraná, alega que as obras estão paralisadas desde setembro de 2016, após a empresa vencedora da licitação, protocolar desistência do contrato, alegando falência. A obra que custaria pouco menos de um milhão de reais, deve ter seu valor reajustado. Paraná confirma que o projeto e o orçamento estão sendo atualizados e que após o lançamento do novo edital de licitação, prevista para o segundo semestre de 2017, o prazo é de seis meses para que a construção do novo posto seja retomada. Enfim, a nova sede só ficará pronta e a disposição da comunidade em 2018.

A assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde de Florianópolis justifica que “vem conseguindo, nestes primeiros meses de gestão, readequar todo o orçamento e os custos de sua estrutura para a retomada das obras e processos paralisados na gestão passada. Muito já foi feito: compra de remédios e insumos que estavam em falta e até reposição de profissionais que foram exonerados ou aposentados, que não estavam sendo substituídos desde o ano passado. Além disso, portaria do prefeito Gean Loureiro determina que médicos, dentistas, enfermeiros e técnicos de enfermagem que atuam na gestão da Secretaria de Saúde passem a cumprir parte da carga horária nas unidades de saúde para atendimento à população, aproximando a gestão estratégica dos usuários do sistema e dos trabalhadores da ponta. Aos poucos a população passará a sentir as mudanças e a melhoria no atendimento nas unidades de saúde.” Porém tais medidas não são suficientes se o espaço físico das unidades de saúde não comporta o crescimento da demanda de atendimento.

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