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Professora de Santa Catarina é a Educadora do Ano de 2014

Texto e fotos: Beatriz Santini (beatrizfsantini@gmail.com)
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Um Centro de Educação Infantil simples, organizado e cheio de faixas comemorativas, e uma professora paciente, de voz calma e que fez a diferença. Essa é a história do CEI Odorico Fortunato e da professora Paula Aparecida Sestari, a Educadora do Ano de 2014. Ela recebeu essa semana o prêmio nacional principal da Fudanção Vitor Civita pelo seu trabalho no CEI com o projeto “Baía da Babitonga: nossa berçário natural”. O trabalho foi o ganhador entre mais de três mil inscritos.

mapa 2O CEI fica em Joinville, no bairro Aventureiro, longe do centro da cidade e bem colado no manguezal que circunda a Baía da Babitonga. E apesar de estarem ali, tão vizinho, a prof. Paula percebeu que as crianças traziam de casa uma visão estereotipada do que era o mangue, Achavam muito sujo, tinham nojo, não davam importância e nem sabiam cuidar.

Foi a partir daí que ela desenvolveu com duas turmas do centro, com crianças de 4 e 5 anos, o projeto para que eles conhecessem, entendessem e passassem a cuidar do mangue e da Baía. REGISTROS A PARTIR DA OBSERVAÇÃO DO MANGUEZALOs alunos fizeram vários passeios, tiveram contato com os animais do hábitat e registraram tudo em forma de desenho, já que ainda não são alfabetizados. Durante o ano também fizeram uma maquete do mangue e transformaram um espaço externo do CEI em uma mini Baía da Babitonga. O espaço criado pela professora e pelos alunos chamou a atenção das crianças das outras turmas, que também quiseram saber mais sobre o tema, e foram ensinadas pelos próprios estudantes que estavam participando do projeto.

Os alunos contavam para a professora Paula que seus pais jogavam lixo no mangue, e não cuidavam do ambiente. Para ter uma maior interação com as famílias, a professora promoveu um passeio de escuna pela Baía da Babitonga com as crianças e seus pais. Muito dos pais, apesar de terem morado a vida inteira na região, nunca tinham passeado pela Baía.

Para finalizar o projeto que durou um ano, e garantir a permanência do tema entre os assunto do CEI, foi construído em parceria com a Fundação Cau Hansen um pequeno mirante no pátio da creche. Dali as crianças conseguem ver o mangue todos os dias, analisar se a maré está alta ou baixa, e ver os animaizinhos que eles passaram a adorar.

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Para conseguir fazer todas as atividades, a prof. Paula contou com a ajuda de membros da comunidade, instituições privadas e da Associação de Pais e Professores do CEI, já que o auxílio da prefeitura é muito difícil.

Mas os resultados já são nítidos na comunidade. Como o assunto virou pauta entre os vizinhos, hoje já é percebida uma diminuição do lixo nas áreas do mangue. E as famílias passaram a ver a Baía como uma opção de lazer, e contam para a professora que estão indo aos finais de semana passear com os filhos na Villa da Glória e no Vigorelli, lugares próximo à beira da Baía.

VIDA DE PROFESSORA

paulaA Educadora do Ano, Paula Sestari, diz que sempre soube que seria professora. Irmã mais velha de uma família de quatro irmãos, ela sempre cuidou dos menores, e dentro de casa já dava suas primeiras llições. Na adolescência, enquanto ainda cursava o Ensino Médio, teve a oportunidade de fazer um estágio em uma escola, e desde então não saiu mais.

Paula acredita que o vínculo criado entre a professora e as crianças durante a educação infantil marca a infância. Mas explica que a importância dos Centros de Educação Infantil ainda não é bem entendida pelos próprios pais. “Os pais ainda acham que aqui é o lugar do cuidado, mas vai além disso, é lugar de aprendizado. Durante o projeto muitos vinham me falar que não sabiam que aqui os filhos dele estavam aprendendo tantas coisas”.

Como todos os professores, Paula Sestari sente falta de valorização da profissão, vive as dificuldades das codições salariais, e a impossibilidade de conciliar as 40 horas de trabalho semanais com outros cursos e especializações. A Educadora do Ano gostaria muito de fazer um mestrado em sua área na UFSC, mas pelo menos por enquanto, ela diz que não é possível.

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