O impacto do racismo na autoestima de pessoas pretas
Com aumento de 68% no número de casos de racismo registrados entre 2021 e 2022 no Brasil, construção da autoestima se torna uma batalha diária para negros e negras
Reportagem de Filipe Melo
Durante a adolescência, Karime Limeira sempre gostou de aprender novos conteúdos na escola e conversar com os amigos durante o intervalo. Por fora, demonstrava a felicidade de estudar suas disciplinas favoritas e interagir com os colegas, mas, por dentro, a realidade era outra. No convívio com os amigos, a estudante costumava se sentir magoada ao ouvir apelidos do tipo “beiçuda”.
Apesar de ser justificado como brincadeira, Karime reprimia as piadas racistas praticadas pelos colegas e tentava esconder a tristeza sentida. Na época, a vergonha de seus lábios grossos e os comentários sobre isso, aumentavam a insegurança sobre sua aparência e características físicas.
Karime não está sozinha. Em Santa Catarina, Estado em reside atualmente e onde somente 20,8% da população se reconhece como negro, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2022, essa sensação de solidão pode se tornar ainda mais recorrente.
Entre 2021 e 2022, os casos de racismo no Brasil saltaram de 1.464 para 2.458 ocorrências, representando um aumento de 68%. No Estado catarinense, a situação parece ser ainda mais grave. Dados divulgados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública em 2022, apontam Santa Catarina com altos índices de crime de injúria racial. O Estado apresenta o segundo maior registro de casos no país, com 1.545 ocorrências, uma média de 4,2 registros diários. A injúria racial se caracteriza pela discriminação por raça, cor ou origem e objetiva, por meio da ofensa, impor humilhação a alguém.
Nos últimos oito anos, Karime buscou se afastar das piadas maldosas direcionadas a ela, e se aproximou dos estudos sobre o colorismo, conceito utilizado para diferenciar as diversas tonalidades da pele preta, e o empoderamento negro. Aos 24 anos, a estudante cursava Filosofia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mas migrou no início deste ano para Jornalismo. Ela enxerga todos os acontecimentos vividos no passado, como atos racistas camuflados de brincadeiras.
Adilson Moreira, doutor em Direito Constitucional pela Universidade de Harvard, explica em seu livro “Racismo Recreativo” que piadas racistas costumam retratar a negritude de forma esteticamente desagradável e moralmente inferior. Segundo ele, essas piadas são recorrentes em repertórios de humoristas e dentro da população brasileira pelo típico argumento de não haver a intenção de ofender, somente de entreter.
A situação se assemelha à vivenciada por Karime, que precisou reconhecer o racismo sofrido no passado para conseguir se aceitar com seus traços e fenótipos negros, e se enxergar de forma mais positiva e confiante. “Por muito tempo eu achava que tinha algo de errado comigo, porque quando me chamavam de beiçuda, eu me sentia muito mal, mas hoje tenho muito orgulho de quem sou”, conta.
Karime Limeira, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em julho de 2022 (Fotos: Filipe Melo)
Alteridade como potência
Nátaly Neri é cientista social formada na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e criadora de conteúdo sobre relações raciais no YouTube, com mais de 1 milhão de seguidores nas redes sociais. Em seus vídeos, ela aborda a alteridade, conceito utilizado na antropologia para explicar como um cenário social racista impacta na construção da autoestima de pessoas pretas. A alteridade diz que a imagem do “eu, negro” só se constrói por meio da relação com o “outro, branco”. Essa relação se baseia num processo de análise do que este “eu” possui de semelhante e de diferente com o “outro”. Para Nátaly, em um país onde há uma valorização desse outro, branco, imaculado e elevado como o melhor e mais bonito, a ideia desse eu, geralmente negro, acaba se construindo de forma negativa.
O processo da constituição da identidade e da autoestima se inicia na infância. De acordo com a psicóloga Ana Luiza Júlio, doutora em psicologia pela PUC do Rio Grande do Sul, nesta faixa etária, casos de racismo já se fazem presentes no cotidiano de crianças pretas. Com a difusão da tecnologia esse cenário se agravou, já que muitas crianças sofrem racismo virtualmente. Segundo o Comitê Gestor da Internet, órgão governamental que estabelece diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da internet no Brasil, é estimado que 88% das crianças e adolescentes que usam a rede no país têm ao menos um perfil nas redes sociais e estão expostos a comentários e solicitações de mensagens de milhares de usuários.
No início deste ano, a pequena Maria Eduarda, de quatro anos, ganhou o concurso de Miss Minas Gerais Kids. A mãe, Adriana Barbosa, inscreveu a filha e publicou ativamente nas redes sociais de Duda durante o evento. Após a organização eleger a jovem como a representante de Minas Gerais no concurso nacional, Miss Brasil Kids, Adriana postou uma foto da filha em seu perfil oficial no Instagram, @DudaCrespinha, e compartilhou a novidade com os seguidores.
O que deveria ser um espaço de comemorações e felicitações, se tornou um ambiente hostil de comentários racistas e preconceituosos. “Isso não é cabelo de princesa, vamos ser honestos. Tá mais para bruxa”; “Tem cabelo feio, mas o rosto é bonito”; foram alguns dos comentários recebidos.
Ataque virtual e racista e comentários de apoio e acolhimento feito à Miss Minas Gerais Kids, Maria Eduarda Barbosa, no Instagram, em 2022 (Foto: Reprodução/@dudacrespinha)
Para a psicóloga Ana Luiza, a presença do racismo durante a infância tende a desencadear a sensação de incapacidade ou inabilidade para diversas situações da vida cotidiana das pessoas pretas. Para que isso seja evitado, desde cedo, é necessário dialogar com as crianças sobre o tema. “A criança negra não sabe da existência do racismo até ela se deparar com isso, no ambiente social externo a sua família, então elas precisam entender como isso é algo feito para excluí-las por conta de suas características fenotípicas, e não pelo seu caráter ou valor”, explica Ana.
Aos 17 anos, o carioca Wallace Almeida participou do programa Jovem Aprendiz, criado pelo governo federal. Montagem e manutenção de computadores e cursos sobre como usar as ferramentas do pacote Office eram alguns dos conteúdos que ele aprendia para se profissionalizar para o mercado de trabalho. Durante sua capacitação, Wallace foi chamado para uma entrevista de emprego. Um de seus professores o orientou para que se preparasse mentalmente, mas que principalmente, cuidasse de sua aparência.
O professor instruía os alunos a sempre estarem com um visual aceitável. Para os garotos brancos, era recomendado que penteassem o cabelo para trás e passassem um gel. Para os meninos pretos, a instrução era diferente: “Vá cortar o cabelo e raspe essa barba porque só assim vocês estarão aceitáveis”, conta Wallace, sobre o tratamento diferenciado que o professor tinha com os alunos pretos.
As situações de racismo acompanharam a adolescência do jovem carioca e impactam sua vida até hoje. Ator, bailarino e graduando em Pedagogia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o rapaz possui dificuldades em se sentir bem consigo mesmo, mesmo se reconhecendo como homem negro, identificando os mecanismos do racismo e como eles agem quanto a sua aparência. “Nem sempre é fácil me achar minimamente bonito, atraente, interessante em uma sociedade onde eu não me vejo diariamente e na qual sou discriminado”, relata.
Wallace Almeida, graduando em Pedagogia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em julho de 2022 (Fotos: Filipe Melo)
A importância da representatividade no empoderamento negro
Uma das armas de combate ao racismo na infância é a representatividade. Seja na internet, no cenário cinematográfico, na cena musical, em cargos de liderança das empresas, a representatividade possui papel fundamental no empoderamento das pessoas pretas. Para a psicóloga Ana Luiza, a ausência da representatividade inviabiliza que pretos e pretas se sintam capazes de ocupar cargos dentro da sociedade.
Wallace lembra de, ainda criança, assistir aos shows de Elvis Presley na televisão, e se deslumbrar com as danças e o talento do astro do rock. O músico era uma das suas principais referências artísticas. Com um pouco menos de 10 anos, ao pedir à mãe para ter um topete igual ao cantor norte-americano, ela tentou explicar que ele não teria o penteado por conta de seu cabelo crespo. A forma como falou, deixou o ator desiludido e magoado. “De lá pra cá, foram muitas as vezes em que a mídia me fez mal, em que a cultura branca era enaltecida e me fazia mal por não poder me encaixar ali”, recorda.
Se a falta de representatividade proporcionou decepções e ressentimentos para Wallace, a sua presença mudou o rumo da vida de Karime. Para a estudante, a escola costumava ensinar sobre história afro-brasileira de uma perspectiva muito colonial e eurocêntrica. Assuntos e conteúdos acerca da cultura e das características negras eram pouco aprofundados, o que distanciava a jovem de suas origens.
Com a ascensão de personalidades negras no meio midiático e referências da cultura negra sendo difundidas nas redes sociais e nos noticiários, ela pôde se aproximar de suas raízes afrodescendentes, e se sentir mais confiante em ocupar espaços e funções no contexto atual que vive. “Quando a gente não é visto, se sente numa invisibilidade, sente como se não pudesse estar em alguns lugares”, conta Karime, que enxerga a representatividade como aliada no seu ingresso na UFSC.
Nos últimos anos, a valorização da estética negra nas redes sociais também se tornou ferramenta política importante no empoderamento e no processo de autoaceitação de pessoas pretas. Difundida em 2014, e impulsionada por artistas do ramo musical, como a rapper Karol Conká e a funkeira Mc Carol, a Geração Tombamento é hoje um dos principais movimentos estéticos digitais. O nome Tombamento provém da palavra Tombei, nome da música de Karol Conká que fala sobre enfrentar e “tombar” as críticas feitas pelas pessoas. Reafirmação da ancestralidade e da negritude, resgate de heranças e troca de referências da cultura negra são algumas das características dessa nova geração.
Para a socióloga Nátaly Neri, o movimento objetiva a construção da identidade afro-brasileira ao estabelecer novos símbolos e imagens corpóreas, visuais, musicais e cinematográficas. A geração quebra uma imposição hegemônica e eurocentrada no cabelo liso, na cor de pele clara, na beleza que é considerada padrão, além de ressignificar cores, formatos, texturas, ao trazer elementos próprios das realidades periféricas negras e das diásporas africanas.
Valorização da estética negra: transição capilar e o uso de tranças
Durante a maior parte do Ensino Médio, Karime, frequentemente, alisava o cabelo para se enquadrar em um padrão branco normativo. “Escrava da chapinha”, como se autodefinia, era difícil para ela ir a lugares sem estar com o cabelo alisado. O movimento de mulheres negras que se posiciona nas redes e reivindica um mercado voltado para o cuidado de cabelos crespos e cacheados motivou Karime a tomar uma atitude importante no seu processo de autoaceitação. “No último ano do Ensino Médio, eu decidi cortar meu cabelo e deixar natural, como ele é até hoje”, desabafa.
As tranças e os penteados afros são alguns dos principais símbolos desse movimento. Antes visto como fora do padrão de beleza predominante na sociedade, o uso de tranças ganhou força com a repercussão promovida pela Geração Tombamento. Segundo a socióloga Nátaly Neri, o uso do cabelo natural e o processo de transição capilar fazem parte do procedimento estético-capilar do movimento.
Se para Karime o processo de transição para o cabelo natural foi algo difícil, outros procedimentos capilares, como o de colocar tranças, enfrentam um caminho ainda mais árduo. Sthefany Regina Carlos, ou Teff, como é conhecida popularmente, tem 25 anos, e é trancista em São José, cidade da região metropolitana de Florianópolis. Desde criança é envolvida neste meio por influência da mãe que, recorrentemente, fazia tranças em seu cabelo. Para conseguir trabalhar com isso hoje, a jovem enfrenta alguns entraves.
Enraizado na sociedade, o uso de tranças é ainda visto como um tabu, tanto entre pessoas brancas, como entre pessoas pretas: “Geralmente, as tranças são muito associadas ao pessoal desleixado, aos bandidos, ao pessoal do tráfico e se criou a ideia de que as tranças não são lavadas também, então há esse olhar preconceituoso com as tranças”, explica.
É neste momento que a valorização da estética negra se torna importante. Sthefany entende a difusão de grupos, como o da Geração Tombamento, como fundamentais na ressignificação da imagem das tranças no contexto social. Para ela, da mesma forma que o Black Power é um símbolo de resistência negra, as tranças são uma marca de empoderamento e de resgate da ancestralidade.
Tudo começou anos atrás, com videoaulas no YouTube, onde aprendeu a trançar. Sthefany costumava praticar a habilidade com o cabelo de uma das suas melhores amigas de adolescência, que se oferecia para ser uma cliente voluntária. Em 2019, o hobby se tornou um “bico”, ou uma renda extra. Com a pandemia e a necessidade de ganhar mais dinheiro, ela se viu incapaz de se manter no trabalho antigo, e fez das tranças seu emprego fixo e principal.
Para potencializar o trabalho e atrair novos clientes, Teff começou a publicar um pouco do seu portfólio nas redes sociais. Em seu perfil @Teff.trancista, ela compartilha vídeos e fotos das tranças e penteados afros feitos nos clientes e divulga dicas de cuidados para cabelos crespos e cacheados.
Sthefany Carlos, trancista em São José, Santa Catarina, desde o final de 2019 (Foto: Reprodução/@teffcarloos)
Atualmente, a trancista possui mais de 3,1 mil seguidores acompanhando as suas publicações. A facilidade das redes em promover com rapidez e alto alcance o perfil da jovem catarinense, permitiu que usuários de diversas partes do país conhecessem o seu trabalho e se sentissem mais inspirados em aderir às tranças. “Eu busco focar no quão gratificante é isso, porque os meus clientes, seja na internet, como aqui pelas redondezas, se sentem felizes não só com as tranças, mas com sua aparência e consigo mesmo”, afirma.
Escuta Preta: o acolhimento psicossocial das vítimas do racismo institucional
A valorização da estética negra é elemento importante para construir e elevar a autoestima de pretos e pretas, mas só ela não é suficiente. Para a psicóloga Ana Luiza, a construção da autoestima desse grupo é um processo diário e que precisa ser trabalhado por meio de um acompanhamento com um profissional especializado no assunto por conta dos traumas e prejuízos psicológicos, que em geral, são deixados no indivíduo vítima de racismo.
Na UFSC, no campus de Florianópolis, em 28 de setembro de 2022, uma aluna quilombola do curso de Pedagogia foi vítima de uma ofensa racista. Segundo os parentes da estudante, em um dos banheiros do Centro de Educação (CED), foram pichadas as frases: “Preta Catinguenta” e “Volta para o quilombo”. A situação mobilizou alunos e professores para que medidas de investigação e expulsão do criminoso fossem tomadas.
Aproximadamente dois meses após o ocorrido, mais um caso de racismo foi registrado na UFSC. O Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) recebeu uma carta de um grupo neonazista incitando a morte e a destruição de gays, negros, mulheres, gordos e amarelos. O texto enfatiza o seu cunho racista ao afirmar que “Mulher preta nem para carregar filho serve”, e que “Lugar de preto é trabalhando na roça, não em faculdade”.
Os recentes casos de racismo levaram a reitoria da UFSC, em conjunto com entidades representativas como o Centro Acadêmico de Pedagogia (CALPE), o Diretório Central dos Estudantes Luís Travassos (DCE) e a Frente da Juventude Negra (FREJUNA), a organizarem uma reunião do Conselho Universitário (CUn).
Em razão dos casos discriminatórios presentes no âmbito acadêmico há anos, e com o objetivo de ajudar estudantes vítimas dos casos de racismo ou que se sentiram atacados com as ofensas racistas, foi criado o Projeto Escuta Preta. Organizado pelo departamento de Psicologia da UFSC em parceria com a Coordenadoria de Relações Étnico Raciais e Mobilidade Social (COEMA) da Secretaria de Ações Afirmativas e Diversidades (SAAD), o Escuta Preta promove, semanalmente, um grupo de escuta e acolhimento para estudantes negros da UFSC.
A professora do curso de Psicologia e supervisora do projeto, Lia Vainer Schucman, é também autora do livro “Branquitude: Diálogos sobre racismo e antirracismo”, em que é aprofundado o debate acerca da branquitude como ideologia que organiza hierarquicamente as pessoas a partir da raça, atribuindo às pessoas negras um lugar subalternizado na estrutura social. Ela explica que em meio à presença do racismo dentro da sociedade brasileira e da UFSC, projetos como o Escuta Preta, se tornam importantes para o acolhimento psicossocial desse grupo.
Gabriele Oliveira, 23 anos, é de São João Batista, interior de Santa Catarina. Desde 2018, reside em Florianópolis e estuda Jornalismo na UFSC. A estudante começou a fazer parte do Escuta Preta a partir de sua segunda edição.
Em busca de um ambiente afrocentrado, de convívio com pessoas pretas e que ofertasse acolhimento, diálogo e a escuta aos estudantes negros da UFSC, ela se sente satisfeita e feliz por integrar o grupo. Mesmo não fazendo parte do público alvo do projeto, isto é, de pessoas que tenham passado por situações de racismo, Gabriele conseguiu ser ajudada e ter suas necessidades atendidas. “Acredito que, principalmente, me trouxe respostas para angústias que eu não sabia nomear”, conta a jovem.
Criada em uma família branca e educada em uma escola de alunos de maioria branca, a graduanda de Jornalismo raramente esteve em um convívio social diário com pessoas negras. O projeto oportunizou a ela conhecer realidades diferentes e criar novas amizades. “Ele tem essa capacidade de aquilombar pessoas negras e te dar acesso a outras vivências diferentes das tuas. Pude fazer amizades com mulheres negras da graduação, da pós-graduação, e quero levá-las para a vida inteira”, relata Gabriele.
O Escuta Preta é um projeto que busca o atendimento psicossocial dos integrantes por meio das dinâmicas coordenadas pelas estagiárias do curso de Psicologia. Mapas mentais, atividades que possam trabalhar a memória, lembranças do passado, e a escuta das confidências íntimas dos participantes são algumas das tarefas realizadas.
Para a doutora em psicologia, Ana Luiza Júlio, a metodologia adotada pelo projeto é eficiente, uma vez que as dinâmicas adotadas para recordar casos de discriminação racial sofridos no passado são importantes para o processo de desconstrução do racismo. Ela explica que a ofensa racista pode ser algo tão dolorido que o indivíduo costuma se cegar para o racismo, e sem reconhecê-lo, é impossível de combater os prejuízos causados por ele. “Essa cegueira não é uma opção consciente, ela se dá muitas vezes como uma forma de defesa da pessoa negra ao não suportar a dor”, explica.