Reportagens

O artista Juarez Machado volta a Joinville

Ana Luisa Nascentes (analuisapns@gmail.com) e Fernanda Felizari (fernandaf3007@gmail.com)

Chuvinha que não para. Rua calma perto do centro de uma cidade tipicamente industrial. Casa antiga, daquelas que sobreviveu a modernização dos prédios altos em volta. Esse é o cenário do Instituto Internacional Juarez Machado, que foi inaugurado em novembro de 2014, resultado de um sonho do artista que dá nome ao espaço.

Formado na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, Juarez fez carreira com obras sempre com um “quê” de humor. Após longas fases da vida em Paris e no Rio de Janeiro, o artista plástico, de 75 anos, voltou a Joinville para concretizar sua ideia de criar algo que instigasse artisticamente as pessoas da sua cidade natal.

Melina Mosimann, diretora administrativa do Instituto e parceira do artista, mostra a casa da década de 50, patrimônio da família Machado, com orgulho de mãe. Logo na entrada está a loja de suvenires, inspirada nas encontradas em museus europeus, visitados por Juarez ao longo da vida. Em meio a cartões postais, guarda chuvas e livros, estão alguns dos quadros que mostram o estilo característico do artista de pintar. Na sala ao lado, uma pequena biblioteca e a parte administrativa do Instituto, que tem uma equipe de seis funcionários fixos. O sótão funciona como acervo do artista e será no futuro um local para pesquisa e estudo.

A reforma da casa e construção de um novo pavilhão para exposições itinerantes levou quase dois anos. A reforma foi pensada para o clima de Joinville, que por ser muito úmido dificulta a preservação das obras de arte. “Não damos passos grandes para não termos que retroceder” explica Melina sobre o tempo da obra. O novo pavilhão foi construído com base em projetos do próprio Juarez, misturando referências de fábricas, como a instalação elétrica aparente, com o tradicional enxaimel. O investimento foi alto, mas Melina conta que o maior gasto é o de manter o Instituto em funcionamento.Exposições, que são escolhidas a dedo por um grupo de curadores, ficam, em média, de 45 a 60 dias no espaço. O local pode também ser alugado para eventos como lançamentos de produtos, de onde vem parte do retorno financeiro do investimento.

De volta a casa da avó

A exposição atual é de João Machado, filho do artista plástico. João, que tem 39 anos, mora em Visconde de Mauá, e é formado em direção de cinema. É a primeira vez que ele expõe no Instituto, e Melina explica que é como “expor na casa da vó, pois está voltando a Joinville, onde brincava e subia em árvore”. O trabalho exposto é o resultado de seis anos de trabalho, esculpindo com bisturi mapas e paisagens encontrados em antigos atlas. A minuciosidade do trabalho é visível e uma das dificuldades da técnica está em achar as cores pretendidas nos antigos atlas.

João trabalha com materiais inusitados nas suas obras em três dimensões, usando resina, madeira, mapas, cartões de crédito etc. Um de seus quadros, uma montagem de partes do corpo humano que formam um caminhão, foi encomenda de Robert Downey Jr, interprete do personagem “O Homem de Ferro”. O artista fala que quando entregou o quadro ao ator recebeu a encomenda de um igual, porém cinco vezes maior, e assim ele fez. A frase que caracteriza o quadro, de 2007, é “meu corpo é um caminhão de carne carregando um cérebro”.

tamanho certo

A ampliação

Nos planos de Juarez está a construção de um segundo pavilhão no terreno ao lado. O espaço abrigará uma nova biblioteca, que conterá uma coleção de mais de 500 livros doados pela Biblioteca Nacional. Será também acessível para cadeirantes. A ideia é manter um espaço permanente dedicado ao artista e criar um espaços que possam contar a história da família Machado, que tem a arte na veia há gerações. A mãe de Juarez, Dona Leonora, pintava leques e o pai esculpia em madeira. A inauguração do novo pavilhão está marcada para o fim de 2016

Um aspecto interessante do Instituto é que quem chega de bicicleta não paga a entrada. O bicicletário, em frente à casa é um projeto da prefeitura para a cidade toda, porém, por falta de verba, ainda não foi concluído. O valor da entrada é de cinco reais, a inteira, e dois reais, a meia. Mas, como ressalta Melina o valor a ser pago é simbólico e grupos de estudantes escolares e de pessoas de terceira idade não pagam.

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