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Moradores de Florianópolis se mobilizam por melhorias nas praças e parques da cidade

Texto e imagens: Marina Gonçalves (marinajulianag@gmail.com)

Florianópolis tem uma tarefa difícil para se destacar no quesito “praças e parques” na sua região. Cercada pelo Rio Grande do Sul e Paraná, as duas outras capitais estão muito a frente quando o assunto são esses espaços públicos. De acordo com o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Florianópolis têm apenas 32,3% de ruas arborizadas, contra os 82,9% de Porto Alegre e 76,4% de Curitiba.

Mas não é só nas ruas a diferença. A capital gaúcha tem parques bastante frequentados, como o da Redenção e o Parcão. No Paraná, a capital um site apresenta a longa lista de parques e praças disponíveis na cidade, com informações de endereço, tamanho e data de criação. Floripa também têm bons espaços, por exemplo o Horto Florestal e o Parque da Luz. Contudo, as reclamações de falta de segurança, iluminação e revitalização mais frequente são grandes e os moradores estão começando a se mobilizar.

Parque Ideias

Um projeto para ocupar os parques e praças da cidade é o Parque Ideias, idealizado pelo publicitário Carlo Manfroi. O principal objetivo é fazer com que os moradores dos bairros possam se reunir nesses espaços e trocar experiências e vivências que resultem em melhorias para o lugar. “O parque deve ser o pulmão do bairro, onde as pessoas se reúnem com alegria e vontade de conversar. É ali que elas podem propor melhorias para sua rua e pra cidade” afirma Manfroi.

Orientado pela ideia de empreendedorismo social, o projeto surgiu das observações de Manfroi enquanto usuário, que notou problemas como a falta de iluminação e de segurança. Inscreveu então a proposta no Social Good Brasil Lab – laboratório que propõe ajudar na viabilização de projetos de inovação social, teve seu projeto escolhido e pode ter a orientação de mentores para escolher as melhores abordagens para colocar o projeto em prática.

Hoje o Parque da Luz recebe grupos de atividades variadas, como os Cachorreiros, o Futeboluz e o Hortaluz, todos organizados através do Parque Ideias. Apesar de trabalhar só com o Parque da Luz até agora, outros bairros também podem entrar em contato, pois o projeto pretende se expandir pela cidade.

Protestos

A insatisfação com esses espaços em Florianópolis fez grupos se unirem para reivindicar melhorias. No último dia do mês de outubro os membros da Associação dos Moradores do Bairro da Trindade (Ambatri) ocuparam a rótula da UFSC para pedir melhorias para o bairro. Eles espalharam faixas pretas pelos postes da região e colaram adesivos de ‘Luto Pela Trindade’.

Entre as reivindicações, a mais antiga é a da revitalização da Praça Santos Dumont. O projeto já tem mais de 10 anos e foi feito em parceria com a UFSC, mas segundo a presidente da associação, Ana Claudia Caldas, está parado na Floram. A proposta é trazer mais mobilidade e melhorar o uso da praça, bastante abandonada atualmente.

Eles também rebatem um projeto da prefeitura que prevê um teleférico que passaria no aterro da Baía Sul, alto da Caeira do Saco dos Limões, no Morro da Cruz e na Praça Santos Dumont. Quando perguntada sobre o teleférico, Ana Caldas deu uma risada e constatou: “tomaria, pelo menos, metade da praça”.

Além da revitalização da Santos Dumont, a Ambatri também reivindica pela construção da Praça do Titri, em uma área atualmente vazia próxima ao terminal, mas ainda não há projeto de lei para essa obra.

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A outra movimentação foi encabeçada pela jornalista e professora universitária Helena Santos Neto a respeito da Praça Dr. Gilberto Guerreiro da Fonseca, que passa pelo colégio Catarinense. O PLC 1333/14 prevê que a praça seja adotada pelo Colégio Catarinense e permite a abertura de uma rua para escoar o trânsito de entrada e saída do colégio.

A principal reclamação é que esse projeto visa o particular em detrimento do público, deixando na mão do colégio a decisão do que fazer com a praça. Helena Santos ainda destaca o orçamento previsto para retirada de árvores, sem estudos geológicos e de impacto nos prédios vizinhos durante a obra. “Fizemos uma reunião aqui no prédio e iniciamos o coletivo de moradores, agregando a cada dia mais apoiadores à causa”. Todos os finais de semana o coletivo se reúne para fazer uma ação na praça, como a pintura dos muros e plantação de novas árvores.

Além de uma denúncia ao MP/SC e ao Ibama e uma carta ao prefeito, uma petição foi feita para dar mais voz a causa. Até agora já tem mais de 4600 assinaturas. “Tirar a praça não resolve o problema causado pelo próprio colégio, que possui ruas internas, rótulas e saídas também para as ruas Esteves Júnior e Almirante Lamego, além da Alameda Heriberto Hulse. Apenas irá deslocar o trânsito uma quadra acima, tirar árvores, ninhos de pássaros, área verde e de lazer, um verdadeiro recanto verde em pleno centro da cidade.”

A movimentação deu resultado: a Comissão de Viação e Obras discutirá novamente o PLC 1333/14 amanhã (11), das 14h30 às 15h30, em reunião extraordinária, em audiência aberta ao público.

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