Florianópolis é a capital com maior taxa de suicídios
Texto e arte: Beatriz Santini (beatrizfsantini@gmail.com)
No “Mapa da Violência 2014 – Os Jovens do Brasil”, divulgado nesse mês, Santa Catarina aparece na segunda posição do ranking de suicídios por 100 mil habitantes, ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul. E, Florianópolis é apontada como a capital com maior número de suicídios em de 2012.
A pesquisa reúne informações do Ministério da Saúde e do Subsistema de Informação sobre a Mortalidade no Brasil para servir de subsídio para a formulação de políticas públicas e julgamento das estratégias existentes.
O suicídio costuma estar relacionado à depressão, histórico familiar , e uso de álcool ou drogas pelas família ou pelo jovem. O psicanalista e professor doutor da Universidade Federal de Santa Catarina, professor Carlos Remor, explica que mesmo assim não há motivações específicas ou padronizadas para tal ato. “O suicídio sempre tem algo de agressão ao outro, nunca é somente dirigido a si mesmo. Quanto aos motivos, nenhum é muito objetivo, são dizeres que indicam uma insatisfação atual a um grau quase insuportável; o suicida não quer colocar fim à sua própria vida, mas acabar com a impossibilidade de conseguir satisfação da vida”.
Coincidentemente, tanto no Brasil quanto no mundo, os lugares com as taxas mais altas são também os que possuem o clima mais frio. Por aqui, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Pelo mundo, a República da Coreia, seguida de Lituânia e Bielorrússia no ranking. No entanto, Carlos Remor esclarece que não há nenhuma relação direta ou comprovada entre os dois fatores. “Os problemas maiores de dificuldades de satisfazer-se na vida dependem das outras pessoas, ou seja, dos relacionamentos pessoais. Num clima mais frio isso pode ser mais um fator dificultador, pois pode isolar ou afastar, em certa medida, as pessoas”.
SITUAÇÃO DO BRASIL
O Brasil é o quarto país da América Latina com número crescente de suicídios entre 2002 e 2012: foram 11.821 suicídios no período, aumento de 10% em relação à década anterior.
E ainda, a taxa de suicídio que mais cresceu no país foi a de crianças e pré-adolescentes, com um aumento de 40% .
O professor explica que uma criança, de até oito anos de idade, ainda não compreende o significado literal e definitivo da morte. Como o suicídio está relacionado a uma agressão à outra pessoa, a criança pode fazer uma tentativa para chamar a atenção. O Mapa da Violência constatou que de cada 300 tentativas de suicídio infantil, apenas uma termina em morte.
No país, o suicídio vem crescendo à sombra de outros dois tipos de mortalidade violenta – a dos acidentes no trânsito e homicídios – , e como não temos um histórico notável desse tipo de prática, hoje em dia não realizamos programas de prevenção como há em outros países. Mas, o Carlos Remor não defende a criação desse tipo de campanha. “Não se pode conscientizar as pessoas sobre seus atos impensados e impensáveis. Igualmente uma educação que se baseie no suicídio, seria mais ou menos suicida!”.