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Demora é um dos obstáculos da acessibilidade na UFSC

Texto e foto: Fernanda Struecker (fe.struecker@gmail.com)

A instalação de infraestrutura com  acessibilidade (rampas, elevadores) das universidades é um direito garantido por lei. Com a função de adaptar os campi de acordo com as necessidades de estudantes com deficiência, a UFSC possui o Núcleo de Acessibilidade, criado em outubro de 2012 por exigência do Governo Federal. Mas, como não há uma política interna de acessabilidade, grande parte dos pedidos são casos isolados, razão pela qual as reivindicações feitas podem levar um longo tempo para serem atendidas. Um exemplo disso ocorreu com o estudante Vinicius Schimidt no Centro de Comunicação e Expressão.

Vinicius é cadeirante e entrou para o curso de Jornalismo da UFSC em 2008. Nos primeiros semestres tornou-se membro do Núcleo de Radiojornalismo Esportivo, um dos projetos de extensão da Rádio Ponto UFSC. A estrutura do laboratório de Rádio é dividida em três estúdios e em apenas um desses ambientes Vinicius conseguia entrar – era necessário forçar a cadeira de rodas para dentro da sala, o que danificava tanto a cadeira quanto a porta do estúdio.

Radio2Um dos estúdios é equipado para transmissões ao vivo de jogos de futebol, programa que Vinicius sempre participava. Como o acesso era difícil, muitas vezes era necessário deixar o estúdio aberto, fechar as salas em torno e, ainda assim, o áudio saia prejudicado. No primeiro semestre de 2012, Vinicius e Roberto Dutra Vargas, funcionário da Rádio Ponto, entraram com o pedido para instalação de portas maiores nos estúdios. A reivindicação foi atendida, mas levou dois anos e a troca só aconteceu no primeiro semestre de 2014, quando Vinicius já havia se formado.

Vinicius fala que, hoje em dia, percebe que a UFSC está mais preocupada com a questão da acessibilidade: “ainda não é o suficiente, mas já é um começo”. Sobre os locais de uso comum – como a Biblioteca Universitária, o Restaurante Universitário, o Centro de Cultura e Eventos – o jornalista diz que, no seu caso, nunca teve problemas. “Já rodei por tudo, mas o que é acessível para mim pode não ser para outros, é isso que a maioria das pessoas não entende”, explicou.

No primeiro semestre letivo de 2013, a Coordenadoria de Acessibilidade Estudantil (CAE) com ajuda da Superintendência de Governança Eletrônica e Tecnologia da Informação e Comunicação (SeTIC) realizou um mapeamento através do Controle Acadêmico de Graduação (CAGR). O levantamento indicou que os campi da UFSC em Araranguá, Curitibanos, Joinville e Florianópolis possuem, no total, 111 alunos de graduação e 10 alunos de pós-graduação com deficiência visual, deficiência auditiva, surdez, surdocegueira, transtorno do espectro autista, nanismo, deficiência física, mobilidade reduzida e deficiência intelectual.

Em 2013, o Cotidiano acompanhou, em vídeo, quatro trajetos que a cadeirante Denise Siqueira, funcionária da UFSC, percorre em seu dia-a-dia na Universidade. Clique no link e assista ao vídeo.

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