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Ciclistas tiram as roupas por melhorias na Mobilidade Urbana

Texto e fotos: Matheus Alves (matheusalvesdealmeida@gmail.com)

A Pista de Skate da Trindade – localizada em frente ao Shopping Iguatemi – foi ponto de encontro para uma manifestação diferente no sábado (16/03). Cerca de 50 ciclistas tiraram as roupas e participaram da Peladada Floripa, o protesto em forma de passeio ciclístico que pelo quarto ano consecutivo percorre as ruas da cidade para atrair atenção para os problemas de Mobilidade Urbana.

Os manifestantes pedem por alterações no funcionamento das vias de grande movimento, com a expanção da rede cicloviária da cidade. Outros pontos como a construção de corredores de ônibus e o investimento em transporte coletivo também foram destacados. Para o organizador da Peladada Daniel da Costa, é necessário reduzir os carros nas vias. “A cidade está enfartando, com carros entupindo as ruas como gordura entope veias”, diz.

O trajeto escolhido para a Peladada passou pela Avenida Madre Benvenuta e a Lauro Linhares, até chegar ao centro de Florianópolis. A maior parte do trecho não possuía ciclovia ou ciclofaixa. As bicicletas competiam  por espaço com os carros, entre buzinas, gritos de apoio e piadas dos motoristas.

Com bom-humor, os ciclistas trocaram as roupas por mensagens escritas com tinta. Provocações como “assim NUS veem?” e “mais amor, menos motor” foram escolhas populares. Pedidos por saúde, educação e segurança também foram desenhados. A maioria manteve a roupa de baixo, enquanto os mais descontraídos pedalaram completamente nus.

A nudez é justificada por representar a fragilidade sentida por ciclistas expostos ao trânsito rápido de veículos motorizados. Luiz Carlos Pereira, funcionário aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina e ciclista há 50 anos, foi um dos poucos que tiraram toda a roupa para falar de como se sente. “Já pedalei na Califórnia, França, Alemanha… mas se vou daqui até Blumenau estou desprotegido das pessoas nessas caixas de ferro aceleradas”.

Para Maximiliano Wolniewicz, morador Florianópolis que pedala 15 quilômetros para chegar ao trabalho, a nudez é mais do que simbólica. “Também é um jeito de pensar em como os motoristas não dão atenção para os ciclistas: nós precisamos ficar nus para sermos vistos”.

O organizador Daniel da Costa também escolheu tirar totalmente a roupa, e destacou várias vezes que não há apologia ao sexo na nudez do protesto. Em sua bicicleta, pendurou um frango e um sapo de borracha e exibia: “Quer olhar pinto e perereca? Aqui só os da minha bicicleta.”

World Naked Bike Ride

A Peladada ou Pedalada Pelada é uma versão nacional da campanha World Naked Bike Ride, que acontece em cerca de 80 cidades pelo mundo. No Brasil, há edições da Peladada em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Com o lema “tão nu quanto você ousar”, o evento busca celebrar o corpo e a bicicleta como transporte, protestar pela mobilidade urbana e denunciar os efeitos negativos dos automóveis, petróleo e meios de energia não-renováveis.

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2 thoughts on “Ciclistas tiram as roupas por melhorias na Mobilidade Urbana

  • “Com o aumento de bicicletas nas ruas, a evoluc~ao para um tr^ansito mais humano e seguro, e’ inevita’vel”

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  • Ficaram lindas as fotos valeu manda o facebook do fotografo

    obrigado

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