UFSC retomou as aulas no dia 31 de agosto, com as salas de aula vazias (Foto: Rodrigo Barbosa)
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Balbúrdia: Ensino gratuito de idiomas é ameaçado com os cortes no MEC

Reportagem por Georgia Rovaris, Mariana Machado e Rodrigo Barbosa 

Criado pelo Ministério da Educação (MEC) em 2012, o Idiomas sem Fronteiras (IsF) é um projeto que visa à internacionalização da educação brasileira. Através dele, estudantes e servidores das instituições federais de ensino têm a oportunidade de aprender um idioma estrangeiro, auxiliando-os no mercado de trabalho interno e internacional. Na UFSC, cerca de 1.200 alunos são contemplados pelos cursos oferecidos: inglês, francês, espanhol, alemão e português para estrangeiros.

As aulas são ministradas por alunos do curso de Letras da própria UFSC, que recebem bolsas pelo serviço. Portanto, o IsF é também uma oportunidade para que os futuros profissionais pratiquem a profissão antes mesmo de concluírem a graduação. Os bolsistas têm reuniões pedagógicas semanalmente e participam de minicursos e workshops para aprimorarem seu conhecimento. Ainda fazem parte do projeto cinco coordenadores pedagógicos (um para cada um dos idiomas oferecidos) e um coordenador geral, todos eles professores da UFSC.

Todos os cursos são gratuitos e os alunos arcam apenas com os materiais didáticos utilizados durante os estudos. Em termos comparativos, cursos particulares de idiomas na região do Campus Trindade custam em média 200 reais por mês. Logo, o IsF é a única opção para vários estudantes que não têm como arcar com os custos de um curso particular.

Porém, o contingenciamento das verbas do MEC anunciado no dia 30 de abril pelo ministro Abraham Weintraub ameaça as atividades do IsF. Isso porque parte dos recursos do projeto é vinculada à Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior), que teve mais de 800 milhões reais de seu orçamento bloqueado.            

É o caso do orçamento destinado ao curso de inglês, o de maior demanda. Neste caso, toda a verba destinada ao curso vem da Capes, e, com o contingenciamento, as aulas de inglês do IsF foram suspensas. Os vencimentos de todos os coordenadores também são vinculados à Capes. No total, ao menos 13 das 22 bolsas do IsF foram cortadas na UFSC com a medida do governo.

Coordenador geral do programa na UFSC, o professor Sergio Romanelli lamentou os cortes e ressaltou a importância do projeto. “É impensável hoje um jovem entrar no mercado de trabalho e ser competitivo sem o conhecimento de ao menos uma língua, além da materna. O IsF vai nessa direção, procurando preparar nossos alunos de graduação, mestrado e doutorado para uma carreira acadêmica internacional.” O IsF é a única instituição da universidade que oferece o teste TOEFL, que habilita os alunos a concorrerem a intercâmbios e bolsas de estudos em instituições de ensino fora do Brasil.  

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