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Voluntários mantêm praias limpas durante o ano

Texto: Camila Peixer (camilaoliveirapeixer@gmail.com) e Mariana Moreira (rmoreira.mariana@gmail.com)
Arte: Marília Quezado (mariliaquezado@gmail.com)
Imagens: Divulgação

Um é formado em administração pública, outros têm conhecimento na área de meio ambiente. Com a união de alguns surfistas da Ilha, o projeto Route começou com menos de dez amigos a fazendo a coleta dos resíduos sólidos em praias de Florianópolis. O projeto é apenas um exemplo de várias iniciativas que atuam com foco no meio ambiente e tem o mesmo objetivo: preservar as praias e o mar.

As seis primeiras ações do Route foram executadas com esses poucos participantes, depois convidaram ONGs, instituições, amigos e familiares para ajudar o número a crescer. Hoje, tem em média 600 voluntários que participam de mutirões durante o ano, mas em cada ação trabalham em um grupo de 200 pessoas. “O bacana do Route é a filosofia e o estilo de vida. É a paixão da minha vida. Meu sonho e o dos voluntários é um dia poder viver do projeto”, explica Pedro Silvestre, um dos criadores.

Uma das últimas limpezas foi em Jurerê Internacional, no dia 2 de fevereiro, quando foram retiradas 77 garrafas de vidro, 210 latas de alumínio, 116 garrafas de plástico, além de isopores, calçados e materiais plásticos. Parte do material recolhido é encaminhado para reciclagem, parte é descartado e o que não está deteriorado é utilizado para a confecção de brinquedos. O local é selecionado através da demanda de associações de moradores e por enquetes geradas na página do Facebook do projeto.

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Os pedidos de limpeza das praias, feitos pelas comunidades, também são encaminhados para a Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram) de Florianópolis. O departamento de Educação Ambiental não tem nenhum projeto específico para as praias, mas algumas ações são programadas conforme a solicitação da população.

Os mutirões da Floram e do Route são feitos ao longo do ano, não apenas no verão como os da Associação de Moradores do Campeche (Amocam). Ataide Silva, atual vice-presidente, explica que os trabalhos são mais relevantes nessa temporada, quando estabelecem parceria com a Comcap para a colocação de lixeiras. “O maior problema é a venda de coco, que os comerciantes não querem tirar da praia. Nós cobramos e chamamos a vigilância sanitária.” Além da Amocam, a praia do Campeche também é cuidada pelos surfistas da Associação de Surf, que não recolhem materiais orgânicos e galhos, mas retiram o lixo sólido, como plásticos e garrafas.

Outro trabalho voluntário é o do núcleo de Santa Catarina do Sea Shepherd, instituição nacional criada em 1977 que tem como objetivo preservar o mar e combater crimes ambientais. Em relação ao lixo, realizam campanhas de conscientização e de limpeza, palestras educativas em escolas, faculdades e centros comunitários.  No estado, contam com cerca de 20 pessoas coordenadas por Hugo Malagoli, que esclarece: “Não recebemos dinheiro de empresas que não comprovam serem ecológicas e nem de partidos políticos, por isso somos totalmente livres. Nossos clientes são a vida marinha, é para isso que trabalhamos.”

O Sea Shepherd também tem atividades voltadas à qualidade da água. Organizam limpezas subaquáticas com uma equipe de mergulhadores, da mesma forma que os voluntários do projeto Route. Além de retirarem o lixo do mar, fiscalizam. Pedro Silvestre ressalta que quando encontram saídas de esgotos de residências ou de municípios irregulares, encaminham a denúncia à Prefeitura.

O órgão responsável pela verificação da água no estado é a Fundação do Meio Ambiente (Fatma), que monitora  a balneabilidade – qualidade  da água do mar para o banho – em 205 pontos do litoral. No período de novembro a março, cinco equipes coletam as amostras semanalmente. No restante do ano, são feitas uma vez por mês. Escherichia coli é o nome da bactéria analisada, que quando ingerida em grande quantidade pode causar desinteria e intoxicação alimentar.

O alto índice da bactéria indica a quantidade de esgoto que é despejada naquele ponto específico da praia. Para a região ser considerada própria para banho, em 80% ou mais das amostras das últimas cinco semanas o resultado final da coleta precisa ser inferior a 800 Escherichia coli por 100 milímetros. Quando o resultado for superior a esse número, a região está imprópria. Carlos Cassini, oceanógrafo da Fundação, conta que os altos índices de bactéria geralmente ocorrem porque houve vazamento de uma estação de canal de esgoto ou pela ação da chuva, que faz com que o lixo das valas escorra para o mar.

O oceanógrafo justifica que a Fatma tem a competência de monitorar, “não só ela, mas a Prefeitura também. Se encontrarmos um vazamento podemos multar, já que é uma causa ambiental. A parte de água e esgoto é do município, ele que tem essa obrigação.”

Veja abaixo, clicando no símbolo em preto, a condição da água em algumas praias:

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E a UFSC, o que faz?

“Vamos bem cedo, fazemos dinâmicas, temos tempo para a galera surfar e o mutirão a gente faz no fim da tarde”.  É assim que Matheus Lima descreve como funcionam as saídas do grupo ao Parque Municipal da Lagoinha do Leste. Ele é conselheiro técnico do Núcleo de Educação Ambiental (NEAmb), projeto de extensão vinculado ao curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFSC (ENS), que desenvolve atividades voltadas à sustentabilidade e à preservação.

Entre os projetos está o da Lagoinha do Leste, orientado pela professora Cátia Pinto, do ENS. Os voluntários fazem mutirões e ações integradas de coleta de lixo e de água das fontes e da lagoa. Contam com a parceria da Casan, que analisa a qualidade da água, e da Comcap, que sede luvas e sacos de lixo. Matheus conta que desde junho de 2011 recolheram 7700 litros de resíduos. Nas fontes foram encontrados coliformes toleráveis – mesmo que não indicados – para ingestão. Na Lagoa, identificaram a presença de surfactantes e óleos, como sabonetes e protetores solares. Após o mutirão, a Associação de Pescadores ajuda, de barco, no recolhimento do material.

O objetivo do projeto é enquadrar a Lagoinha do Leste no SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação. “É necessário um plano de manejo, que é um plano de gestão para fazer um uso sustentável do parque. Ele fica largado, não tem controle de resíduos e fiscalização correta. Tem gente que mora lá, sendo que o acampamento é permitido somente por sete dias.”

Neamb

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