Trilhas de Florianópolis – Costa da Lagoa
Texto e fotos: Natália Duane (nataliaduanedesouza@gmail.com)
Às margens da Lagoa da Conceição, há uma vila que só pode ser visitada através de um único transporte público, as embarcações, que saem da marina da Lagoa e custa R$7,50 para visitantes. A viagem leva cerca de 30 minutos, mas também há outra opção: uma trilha de aproximadamente sete quilômetros. Depois de percorrer a trilha de Naufragados, a redação do Cotidiano resolveu encarar a caminhada de 2 horas até a Costa da Lagoa.
Em 1986, através de um Decreto Municipal, o local foi tombado como patrimônio histórico cultural. Toda a região está zoneada como Área de Preservação Cultural-I, onde os moradores da Costa da Lagoa, em sua maioria pescadores, vivem com as suas famílias e preservam a cultura de seus antepassados.
Para se chegar ao início da trilha, é só pegar o ônibus Canto dos Araçás, que parte a cada 40 minutos do Terminal da Lagoa e descer no último ponto. Para quem preferir ir de carro, algumas casas na região têm estacionamento. Também pode-se estacionar nas ruas, apesar de serem estreitas e de difícil manobra.
Confira mais detalhes da trilha abaixo:
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15h00 – Chegamos ao último ponto do Canto dos Araçás, após cerca de uma hora dentro do carro, partindo do Estreito. Para quem mora nos arredores da UFSC, o trajeto pode ser feito em torno de 20 minutos. Há um bar onde se pode aproveitar para comprar água (o caminho é longo, logo é preciso se hidratar bem), um parquinho e o trapiche. O visitante pode optar por ir pela trilha e voltar com as embarcações, ou ao contrário.
15h15 – Passamos por algumas casas em um caminho ainda pavimentado e regular, até a trilha começar de fato, sinalizada por um portal. A partir desse ponto, a calçada larga dá lugar a um caminho de terra bastante estreito.
15h30 – Após algum tempo caminhando, esperávamos estar somente em meio à vegetação, mas a surpresa é que há muitas casas particulares ao longo da trilha. Essas casas possuem trapiche próprio, e em geral são cercadas, com cachorros grandes, portanto cuidado ao passar perto das grades.
16h10 – Nos deparamos com um trapiche no meio do caminho. Nessa região, eles funcionam como pontos de embarque, sinalizados com números onde passam as embarcações a cada hora (a relação dos horários durante os dias úteis e fins de semana pode ser visto aqui). A partir dessas placas, o trilheiro pode ter noção do quanto percorreu. A trilha soma ao total 17 trapiches, mas a a única placa que vimos foi a sétima. Até então não tinhamos idéia de quanto haviamos caminhado e quanto faltava.
16h30 – Já próximo do final do percuso, uma placa sinaliza a entrada para um engenho de farinha do século XVIII, restos de um período de prestígio e intensa atividade economica. A região já teve dez “fábricas” de açúcar, 28 engenhos de aguardente, 32 atafonas de moer trigo e 101 engenhos de mandioca. Embora a placa que demarca a entrada esteja bem conservada, outras ao longo da trilha se encontram sujas e pouco legíveis, devido à ação do tempo.
17h00 – Chegamos ao nosso destino, a Costa da Lagoa. Lá é possível descansar um pouco, aproveitar a praia e fazer um lanche em algum dos restaurantes que fazem pratos típicos a base de frutos do mar, pescados na região. Há restaurantes que disponibilizam aos seus clientes o transporte de volta à Lagoa da Conceição, sem nenhuma taxa adicional.
17h20 – Depois de breve espera, o barco chegou ao ponto de número 14. Já começava a ventar mais na região e alguns barcos tinham dificuldade para navegar contra o vento. A embarcação estava cheia e algumas pessoas precisaram fazer o trajeto em pé. O preço varia de acordo com o destino: até o Canto dos Araçás, R$7,50 por pessoa e até a Lagoa, R$10.
17h45 – Duas horas e quarenta e cinco minutos foi o tempo que nossa equipe levou para ir e para voltar da Costa da Lagoa. O mesmo percurso pode ser feito de formas variadas – inclusive pelo bairro Ratones -, e é um bom programa para se fazer com amigos ou família. Só tenha o cuidado de não ir muito tarde, pois o trecho, apesar de habitado, é bem sombrio. Outras atrações do local são uma cachoeira e a Casa da Louquinha, construída por escravos no século XVIII.