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Terceira idade – O que motiva a volta aos estudos

Texto e foto: Mariana Moreira (rmoreira.mariana@gmail.com)

A expectativa média de vida da população mundial é de 70 anos, de acordo com a última projeção feita em 2011 pela Organização Mundial da Saúde. O Brasil está acima dessa média: 73,4 anos. As condições de saúde e a medicina estão cada vez mais avançadas, com isso as pessoas estão vivendo mais tempo. “Hoje vivemos bem mais e não é possível a gente se aposentar e ficar só em casa.”, diz a professora Adélia Koerich, de 64 anos, que decidiu enfrentar um segundo vestibular na UFSC depois que se aposentou.

materia1Deu aulas de português desde os 15 anos na cidade de Urubici, onde nasceu. Cinco anos depois, mudou-se para a capital e ingressou no curso de Letras-Português. Trabalhou na área até a aposentadoria aos 40 anos de idade. Durante os oito anos seguintes se envolveu com um grupo da terceira idade. “Comecei a perceber que não era o que eu queria, não era acostumada. A minha vida inteira eu dei aula e trabalhei. Sempre saí de casa com uma meta e um objetivo na vida, queria alguma coisa que me desse um caminho.”

Optou por fazer um novo vestibular em 1998 para o curso de Letras-Espanhol. Estudou por alguns meses em casa e passou. Na turma havia mais duas pessoas com mais de 40 anos, ela conta que a experiência foi muito rica. Terminou o curso de licenciatura em 2002 e dois anos depois, completou o de bacharelado.

Enquanto cursava a quarta fase do bacharelado começou a trabalhar como voluntária do NETI – Núcleo de Estudos da Terceira Idade. O núcleo é vinculado à UFSC e realiza atividades como cursos de línguas, oficinas de informática e criação literária e projetos artísticos.

Fez pós-graduação na área de Gerontologia (ciência que estuda o processo de envelhecimento humano, com foco nas necessidades físicas, emocionais e sociais do idoso) e faz parte do Núcleo de Estudos de Suporte Pedagógico para Professores de Língua Estrangeira (Nuspple). Através do núcleo ensina espanhol para a terceira idade. “Trabalhar com essa faixa etária é minha meta principal como profissional, é sempre um aprendizado muito grande, é ensinar e aprender”

No primeiro semestre deste ano estão matriculados 489 alunos com mais de 50 anos de idade na UFSC. Adélia está entre eles. No começo de 2012 entrou com o pedido de retorno à Universidade para terminar o curso de Letras-Português – aos 15 anos havia cursado apenas o primeiro grau de licenciatura, pois precisou interromper os estudos para trabalhar. Está no terceiro semestre e não tem pressa para terminar. “Estou fazendo o curso devagar, hoje são outras leituras, estou adorando fazer.”

Para ela, voltar a estudar não é uma distração. “É preciso acabar com essa ideia preconceituosa de que as pessoas com mais de 50 anos vêm para a Universidade para matar o tempo ou porque não tem nada para fazer.” Ressalta que muitos de seus alunos e colegas de curso estão a procura de algo mais e não para preencher o tempo.

Veja a distribuição dos estudantes com mais de 50 anos na UFSC neste semestre:

Tabela

Fonte: Departamento de Administração Escolar – DAE/UFSC

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