Seis meses após inauguração, teto do banheiro de alojamento indígena desaba
Para os estudantes moradores, o ocorrido demonstra ainda mais a necessidade da construção de Moradia Indígena definitiva
Reportagem e fotos por Isadora Dymow
Passava de meio dia, quando um grupo de estudantes moradores reunidos na cozinha do alojamento indígena da UFSC ouviu um estrondo. Pouco tempo depois, ao entrar no banheiro feminino, uma das moradoras se deparou com metade do forro caído no chão após não terem resistido às fortes rajadas de vento daquele dia. Era sexta-feira, 27 de setembro, e o banheiro, que havia estado em obras por problemas de alagamento até agosto, precisaria novamente de reparos.
Seguindo os protocolos, os moradores enviaram um e-mail ao Departamento de Gestão da Moradia Estudantil da UFSC (DGME/UFSC) relatando o ocorrido. O DGME encaminhou a demanda ao Departamento de Fiscalização de Obras, afirmando que o problema deveria ser solucionado de forma conjunta ao órgão. O gabinete da reitoria foi informado, mas não se posicionou publicamente diante do caso.
No mesmo dia, a direção do DGME e a construtora responsável pelo local realizaram uma visita ao espaço. O DGME enviou um e-mail ao alojamento com o registro da visita feita pelo setor e construtora, e afirmou que os reparos iniciariam na segunda-feira (30). No dia 30, o DGME ainda informou que uma visita técnica aconteceria na terça, dia 01.
O conserto foi realizado somente no dia 10 de outubro, mas o teto não foi totalmente fechado. Segundo o DGME e a Prefeitura Universitária (PU), as placas não foram todas reposicionadas para permitir a circulação do vento. A Prefeitura afirma que está estudando soluções definitivas para o problema. Entre elas, estaria o reforço da infraestrutura atual e a troca de placas por “grelhas” que permitam a passagem do vento. Ainda não há detalhes sobre quando os consertos definitivos serão feitos.
Os moradores do alojamento afirmam que já tinham previsto que problemas com a infraestrutura pudessem ocorrer. “A gente percebia que as placas do forro se mexiam em dias de vento, e que logo iriam ceder”. Os estudantes acrescentam que também anteciparam o problema de alagamento dos chuveiros. Segundo eles, assim que conheceram o local perceberam que os ralos ficavam em um nível superior ao do chão. O grupo de alunos indígenas reclama o fato de não ter participado da elaboração do projeto do alojamento.
Segundo eles, o fato de este ser mais um espaço provisório e, aparentemente, frágil como a antiga Maloca, denota a importância da construção da moradia definitiva. “Mais do que nunca, a reitoria precisa dar continuidade na construção da moradia definitiva para os estudantes indígenas”, defendem.
Segundo os estudantes, não houve orientações quanto ao uso do espaço após o desabamento. “O alojamento deveria ser provisório, mas não aguenta nossa permanência aqui nem a curto prazo”, afirmam. Segundo a PU, “não houve necessidade de desocupação ou interdição de ambientes.”