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Popularização de intercâmbios acadêmicos aumentam procura a cursos de idiomas

Texto e foto: Pâmela Carbonari (pamelacarbonari@gmail.com)
Arte: Lúcio Baggio

Em inglês, lecture é palestra. Em francês, degré não é degrau. Em espanhol, beca não é uma roupa .“Um homem que sabe duas línguas vale por dois”, o ditado é francês, mas a máxima é universal, como bem sabem os viajantes e, principalmente, os intercambistas.

 Erasmus, Santander Universidades e Ciências sem Fronteiras são alguns dos programas de intercâmbio oferecidos aos estudantes da UFSC que exigem exames que atestem proficiência no idioma do país de destino. Todos eles concedem bolsas mensais aos participantes que variam, em média, de R$600 a R$1740.

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 “A  CAPES nunca liberou uma lista oficial de quantos alunos nossos já foram beneficiados, mas no momento temos 300 estudantes viajando pelo projeto e no próximo semestre enviaremos mais de 200”, afirma Juliana Kumbartzki Ferreira, coordenadora do Ciência sem Fronteiras (CSF) na UFSC. Desde sua criação em 2011, pelo Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Ministério da Educação (MEC), o Ciência sem Fronteiras vem chamando a atenção. Com meta de distribuir 100 mil bolsas até 2015, o programa contempla 18 áreas do conhecimento relacionadas à tecnologia e inovação com instutições parceiras em mais de 26 países.

Apesar da oferta de bolsas ser maior que a procura, Juliana conta que a principal dificuldade está na adequação dos alunos às exigências do programa, com destaque para o teste de proficiência. Não à toa, a busca a cursos de línguas aumentou significativamente após a popularização do CSF. Na escola Babel Idiomas, no bairro Carvoeira, de 2012 para este ano o número de alunos inscritos em turmas preparatórias para testes de inglês triplicou. Para atender à demanda, a escola capacitou mais professores, manteve o curso regular, além de oferecer aulas particulares e montou cinco turmas exclusivas para o Toefl e duas para o Ielts.

O estudante de Engenharia Mecânica, Bruno Tessaro, está na Universidade de Queensland, na Austrália, desde o ano passado pelo CSF. Antes de fazer o Toefl, Bruno já havia estudado inglês e morou por três meses nos Estados Unidos. “Mesmo assim fiz um curso preparatório durante um mês antes do teste. Queria ter certeza, domínio da prova”, garante Bruno.

Conseguir uma bolsa de intercâmbio também foi a motivação de Erich Wiese para entrar num curso preparatório de línguas. O estudante de Engenharia Civil realizou o OnDAF e o Ielts. “Fiz os dois por garantia, não tinha certeza se iria bem no OnDAF e temia não poder viajar por não ter uma boa nota de proficiência. Mesmo que tivesse só o inglês, estaria seguro pela quantidade de países que aceitam o Ielts”, explica. Erich estudou inglês durante seis anos e desde 2010 faz aulas particulares de alemão. Somando a preparação dos últimos meses, o custo das provas e as viagens às cidades em que os testes foram realizados, Wiese gastou mais de R$2 mil.

Além do inglês, francês também é uma língua estrangeira muito procurada por estudantes que pretendem viajar. De acordo com a Aliança Francesa – que é a única instituição no estado a realizar testes anuais do CAPES/CNPQ – o número de estudantes a prestar a prova este ano já dobrou em relação a 2012. Este ano 111 pessoas já fizeram o teste, enquanto ano passado apenas 50. Ao notar o aumento da procura, a escola abriu turmas de intensivo específicas para a prova da CAPES/CNPQ. Fernand Defouriner, diretor da instituição, confia na eficácia dos cursos intensivos e acrescenta “A maioria desses estudantes são jovens, vão sozinhos e nunca moraram fora. Têm que saber o mínimo da língua pra chegar no país de destino e conseguir acompanhar as aulas, se virar. É essencial entender que não é preciso estar na universidade para pensar em estudar uma língua por necessidade, por urgência. Aprender cedo outros idiomas é ideal para ver a importância deles.”

Alain Argouse vive no Brasil há 17 anos e há sete dá aulas particulares de francês. Até 2010, sua média semanal era de 20 alunos, hoje ele tem 35 e repassa os novos para outro professor. “Embora já existissem outros concursos e intercâmbios, o Ciências sem Fronteiras foi um grande empurrão para o aprendizado de idiomas. Fico feliz em ver que mesmo depois de fazer a proficiência, muitos estudantes voltam para mais aulas antes de viajar”, afirma. Alain adapta as aulas ao tempo e às necessidades individuais dos alunos e conta que só neste ano mais de quatro pessoas chegaram a ele um mês antes do Delf sem falarem uma só palavra de francês “Não é assim que funciona, aprender uma nova língua é um processo que não acontece de uma hora pra outra. E para fazer o Delf tem que ter o mínimo de preparo”, considera Argouse. Atualmente, 90% de seus alunos fazem engenharia ou cursos de ciências da saúde- áreas contempladas pelo CSF.

 

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