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O livro “Alfredo Pescador” reúne crônicas de Alfredo Rosa

Texto: Luiza Kons (lupkons@gmail.com)

Aos 16 anos, Alfredo José Rosa embarcou para a primeira de uma série de viagens em alto mar e não parou mais, pode sentir na pele os desafios de ficar de quinze dias a um mês sem ver um pedaço de terra, mas também presenciou os encantos das noites estreladas e dos cometas que passavam de todos os lados acima do barco. Agora os mistérios e belezas da vida marítima são eternizados no livro “Alfredo Pescador” que será lançado no dia 24 de abril, às 20h30, no Centro Cultural Bento Silvério, na Lagoa da Conceição. A obra reúne crônicas que foram publicadas na Revista da Pesca e Navegação, editada pelo jornal DIARINHO, de Itajaí, entre os anos de 2005 e 2006.

Renata Rosa (no meio) com os editores do livro Anderson Bernardes (à direita) e Fran Marcon (á esquerda)
Renata Rosa (no meio) com os editores do livro Anderson Bernardes (à direita) e Fran Marcon (á esquerda)

As crônicas de Rosa foram reunidas por sua filha, a jornalista Renata Rosa, e relatam como era viver da pesca entre as décadas de 50 e 80 em Penha (SC), no vilarejo de pescadores da Armação do Itapocoroy, que possui mais 300 anos de história e se emancipou de Itajaí há cerca de 50 anos. De acordo com a jornalista, a vida social do local girava em torno da Capela de São João Batista, que possui 257 anos e foi construída com óleo de baleia e mariscos moídos. O próprio nome recebido pela vila se deve as armações montadas na praia para pescar mamíferos nos séculos XVIII e XIX.

Outra temática abordada pelos textos é a própria trajetória profissional de Rosa que começou como cozinheiro do barco, motorista do barco, mestre de pesca, até se tornar gerente de frota da empresa Confrio.

Os registros do pescador possuem também relevância histórica, uma vez que, duas décadas depois , a cidade de Penha passou a viver um ciclo econômico baseado no turismo, com a chegada do parque Beto Carrero Word , que fez multiplicar o número de restaurantes e pousadas e acabou por retirar a centralidade da pesca e da maricultura “assim é importante que existam mais trabalhos como este que desenvolvi para mostrar que a Armação do Itapocoroy tem uma história secular, cujas tradições não podem ser esquecidas”, ressalta a jornalista.

Alfredo José Rosa morreu aos 74 anos, em 2009,  vítima de um câncer cerebral. Para sua filha Renata Rosa e seus outros seis filhos sempre ficará na memória a imagem do homem que nos fins de semana levava dois ou três filhos mais velhos para pescarem na bateira chamada Sete Rosas e voltava para casa com um balaio cheio de siris, molucos, solapões e mariscos. Aos leitores ficam as memórias de homem que mesmo tendo cursado somente o primário, na visão de Renata Rosa, tinha a sabedoria dos poucos que sabem realmente observar o mar.

Quem estiver presente no lançamento de “Alfredo Pescador” poderá provar a concertada, uma bebida especial servida gelada nos festejos de São Sebastião. A bebida possui raiz portuguesa e é feita de um licor a base de cachaça e especiarias.

A entrada para o lançamento de “Alfredo Pescador” custa R$ 30,00.

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