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Reportagens

Museu patrimonial narra história da universidade

Texto e fotografia: Júlia Mallmann (juliamallmann4@gmail.com)

A Universidade Federal de Santa Catarina criou o museu patrimonial, em uma iniciativa inédita dentre as universidades brasileiras. Nele estão expostos diversos equipamentos e materiais que já fizeram parte do cotidiano de alunos, professores e servidores técnico-administrativos. Entre relógios, máquinas de escrever e equipamentos de laboratório, destaca-se a história e o aproveitamento de objetos que seriam doados, leiloados ou jogados no lixo.

O projeto do Museu Patrimonial começou em 2016, de acordo com Hudson Queiroz, diretor do DGP (Departamento de Gestão Patrimonial) e coordenador do museu. Queiroz, que além de administrador é historiador, explica que a ideia surgiu a partir de visitas ao depósito do DGP em que vários objetos inservíveis, do ponto de vista operacional, passaram a ser enxergados com outros olhos, ou seja, poderiam contar uma história.

“Contar a história da universidade através do equipamento, do olhar no equipamento. De você fazer uma viagem no túnel do tempo. Por exemplo, as crianças e adolescentes do Colégio de Aplicação, que é todo informatizado, olham uma máquina de escrever e desconhecem esse objeto. Eles não sabem como a máquina de escrever foi importante para o desenvolvimento da informática também”, explica Queiroz sobre o objetivo do Museu Patrimonial.

Seguindo a proposta, os objetos que serviriam para descrever o desenvolvimento da UFSC foram sendo catalogados com período de utilização e tiveram suas funções descritas, já que alguns são provenientes de laboratórios e tiveram usos específicos. “Desde máquina fotográfica ou de escrever, que a geração dos nascidos nos anos 80 e 90 não conhecem, até equipamentos como furador, grampeador e material de laboratório específico. Retroprojetor, projetor de slides, filmadoras, relógios, mesas”.

Outra proposta do Museu é montar uma mesa de escritório dos anos 80, com máquina de escrever manual. Além disso, os bens expostos possuem, em sua etiqueta, o valor financeiro atual. Esses objetos possuem um valor próximo a um centavo e são classificados como inservíveis. Ou seja, o uso original já não é cumprido e sua função passa a ser contar a história da universidade.

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Doação e leilão: formas de distribuir bens encaminhados ao DGP

Os materiais que por algum motivo não são utilizados pela universidade e foram levados ao depósito do DGP, e que também não vão para o museu – porque ainda podem ser utilizados e exercem suas funções originais – são doados ou leiloados. Quase nada vai para o lixo. “Permanecemos ainda com os projetos de leilão e doação. A gente faz doação para ONG’s e os leilões são abertos para pessoas jurídicas, para empresas que tem interesse na reciclagem”, explica Queiroz.

“Quando você faz um museu, você quer resgatar a história, então, é muito engraçado o que tem acontecido após a divulgação do Museu Patrimonial, o que vem despertando nas pessoas. Vários companheiros, que inclusive já se aposentaram, comentam ‘já trabalhei com uma máquina dessa, usava muito o retroprojetor’”.

O Diretor do DGP lamenta que com o tempo muitos objetos foram se perdendo e que o objetivo daqui pra frente é ter um cuidado especial para a preservação desses bens. “A única coisa que lamentamos é que com o tempo a perdemos muito patrimônio histórico, porque acabou não havendo essa percepção da importância de ter um museu patrimonial, porque os bens eram simplesmente considerados inservíveis, sucatas e não tinham um lugar histórico”.

Uma exposição-piloto está montada no próprio DGP com alguns objetos já catalogados. Na exposição inaugural – que ocorreu na segunda-feira , no Hall do Centro de Cultura e eventos da UFSC – estão expostos 18 objetos. Mas, de acordo com os curadores Veridiana Bertelli e Antônio Gabriel Martins, são cerca de 1000 os objetos já selecionados para futuras exposições.

Os curadores explicam que para o futuro esperam realizar também exposições temáticas e interativas de acordo com o público-alvo. “Dependendo do tipo de exposição, do local, vamos adequar os objetos e os critérios de seleção desses objetos”, finaliza Bertelli.

 

Patrimônio da universidade

Os objetos que não podem mais ser utilizados nos diversos ambientes da universidade são transferidos para o depósito do DGP, o setor é encarregado de dar destino para eles. Os equipamentos eletrônicos são leiloados ou doados para escolas públicas. Também, existe um projeto para restaurar mobiliários, como mesas, cadeiras e armários que chegam ao DGP estragados e retornam ao uso com boa qualidade.

De acordo com o Inventário UFSC 2016, a universidade possui o total de 356.251 bens cadastrados com situação patrimonial ativa, o que totaliza um valor de R$ 220.151.138,08. Dentre os centros de ensino da UFSC, o CTC (Centro Tecnológico) é o que mais possui bens ativos em uso, com 53.311 bens, num total de R$ 50.468.729,03. O que possui menos bens é o CCJ (Centro de Ciências Jurídicas), com 3.592 itens no valor de R$ 993.355,20.

 

Bens considerados ativos que compõe o patrimônio da UFSC.
Bens considerados ativos que compõe o patrimônio da UFSC. Fonte: Inventário UFSC 2016.

 

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