Jéssica Lins de Souza, doutoranda em Educação na UFSC (Foto: Arquivo pessoal)
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“Ir para a Educação foi uma escolha política”: a história de Jéssica Lins de Souza, doutoranda e primeira mulher da família a completar o ensino básico

Reportagem de Rodrigo Barbosa e Fernanda Biasoli

Em 2010, Jéssica Lins de Souza Fernandes saiu de sua casa, no Morro do Jorge Turco, Rio de Janeiro, para estudar Engenharia Acústica na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul. Os 1.700 quilômetros entre uma cidade e outra não foram o único caminho percorrido pela estudante em busca de novas realidades. Sendo a primeira mulher de sua família a concluir o ensino básico, a trajetória de Jéssica dentro da educação pública começou ainda na infância e perdura até hoje, aos 28 anos, com o ingresso no doutorado em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde se formou em Matemática.

O Cotidiano bateu um papo sobre Educação e desigualdade social sob a ótica de Jéssica, “cria” de uma mistura entre estes dois assuntos – e de uma série de outros. Confira: 

Cotidiano UFSC: Por conta da pandemia, infelizmente não podemos fazer este encontro de maneira presencial. Então conte-nos um pouco mais sobre você. Quem é Jéssica Lins de Souza Fernandes?

Jéssica: É um pouco complicado falar da gente mesma. Mas eu nasci no Morro do Jorge Turco, que fica no Coelho Neto, um bairro do subúrbio do Rio de Janeiro. Eu sou a primeira de quatro. Quando eu nasci a minha mãe tinha só 18 anos e o meu pai tinha 19. Venho de uma família interracial, nesta contextualização histórica, social e espacial. Como eles tinham pouca idade, obviamente pararam de estudar. Na verdade, já estava daquele jeito né, o adolescente pobre tem que escolher se vai continuar estudando ou não. Com a gravidez, de fato, interromperam. Eu consegui romper com esse ciclo de pobreza através da educação.

Você mencionou que vem de uma família interracial. Como você se define, nesse sentido?

É bastante complexo isso porque eu sempre tive consciência de que não sou branca, pela composição da minha família e por conta das próprias pessoas brancas também sempre deixarem bastante claro que eu não sou branca, que eu não pertenço ao mundo branco. Em Santa Maria, isso foi escancaradíssimo, eu sempre era a ‘’moreninha’’, a  ‘’neguinha’’, a ‘’cor do Brasil’’. Mas eu tenho consciência de que dentro da minha família, por exemplo, eu sou vista muitas vezes como a filha branca, porque tenho cabelo liso e traços mais finos, em comparação com minha irmã, que tem o cabelo crespo e o nariz um pouco mais achatado. Eu tenho essas nuances de poder, às vezes, ser vista de uma forma ou de outra, então, eu me defino hoje como uma mulher negra com passabilidade branca, porque sou vista como branca em muitos momentos e isso me traz algumas vantagens, independente de eu querer ou não, de buscar ou não. Depende muito do lugar em que eu estiver. Mas pela minha composição familiar, cultural e social, eu sei que sou uma mulher negra com essa característica de possuir a aparência branca.

E como era o acesso à educação no Jorge Turco? Você estudou por lá mesmo?

Comecei estudando lá mesmo, no bairro, na escola Paula Fonseca. De lá eu fui estudar no colégio Pedro II, que é uma escola federal, uma instituição bem respeitada. Foi minha professora da antiga quarta série que disse que achava que eu teria condições de ingressar nessa escola, porque é por prova. Ela fez minha inscrição. Eu fui, consegui entrar, e até hoje na Paula Fonseca tem uma foto minha, porque eu fui a única que conseguiu sair para uma escola que eles consideram importante.

No Colégio Pedro II, era uma realidade totalmente diferente da realidade que eu conhecia. Eu era a pessoa que morava mais longe, eu era a única que os pais não tinham Ensino Superior… eles não tinham nem terminado a Educação Básica… eu era a diferente. Ainda é um colégio de elite, mas naquela época era mais ainda. Mas foi bom esse encontro cultural. Foi importante porque eu tive acesso a coisas que eu não teria. Do aspecto cultural mesmo, de poder visitar lugares que eu não conhecia. Mesmo eu estando no Rio de Janeiro, que é uma cidade histórica, eu não tinha dimensão de onde eu estava. Porque a gente estava no Rio de Janeiro, mas afastado de tudo que era considerado relevante. Cultura institucional não chegava ali, investimento público para cultura, para educação, para a arte, não tinha. Eu fui ter acesso a esse tipo de coisa no colégio Pedro II.

Quando eu terminei o Fundamental, fui para uma escola estadual, para fazer um curso técnico. Porque um jovem pobre geralmente escolhe uma escola técnica para já ter uma formação para o trabalho. Eu fiz o curso técnico no colégio estadual Círculo Operário, em Xerém, terra do Zeca Pagodinho.

Jéssica na formatura da quarta série (Foto: Arquivo pessoal)

Você foi a primeira mulher da tua família a completar o ensino básico. Tiveram homens que completaram antes de você?

Sim, meu avô fez o Ensino Médio e fez o curso técnico também, ele é mecânico. Então ele fez nesse sentido de se formar para ser peão, para trabalhar, mas foi o único. Depois de mim, a minha mãe se formou no Ensino Médio depois de adulta e minha avó também.

Você acha que elas foram no seu caminho? Que você foi um incentivo para elas?

Eu não sei, acho que sim, de alguma forma. Mas vejo muito meus irmãos se espelhando e isso é muito legal também. Eu tenho um irmão que é dez anos mais novo que eu e uma irmã quinze anos mais nova. A minha irmã ainda está naquela idade meio pré-adolescente, não quer estudar, não gosta da escola [risos]. Mas o meu irmão  está sempre falando ‘’olha, estou estudando, quero fazer vestibular’’. Ele está sempre mostrando para mim que está estudando, então acho que de alguma forma ele está querendo dizer que está seguindo meu caminho. Todos eles ainda moram na comunidade, meus irmãos, meus pais, minha avó.

Também foi a primeira pessoa da família a ingressar a universidade, certo? Como foi a mobilização da família e como se deu esse ingresso?

Fiz vestibular para a UERJ e passei para Matemática. Mas eu também passei para UFSM para fazer Engenharia Acústica. Aí é óbvio que eu escolhi a Engenharia porque era o que dava mais dinheiro. Foi uma mobilização enorme na família, tínhamos que construir meios para que aquilo [a mudança para Santa Maria] fosse possível. Antes de ir, eu tinha ficado um ano e meio trabalhando como técnica para juntar um dinheiro. Prestei vestibular e fui. Fiquei lá na UFSM, e falando em Educação Pública, é importante dizer que eu sempre tive algum tipo de assistência da universidade. Não pela PRAE (Pró-Reitoria de Assistência Estudantil), porque embora eu preenchesse os requisitos para ter uma bolsa, eu não tinha documentação que comprovasse tudo isso. A burocracia sempre me atrapalhou porque meus pais não têm emprego formal. O meu pai está há vinte anos desempregado, por exemplo, sempre trabalhando de bico, e eu não tinha como comprovar isso. Comecei a trabalhar em laboratório, fui bolsista PIBIC, PIBID, fui bolsista do Reuni, Extensão. Era essencial para eu conseguir me manter na cidade.

Você acha que alguma coisa mudou, em termos de políticas públicas, entre a época dos seus pais e a sua, para que você conseguisse ter acesso à Educação, diferentemente deles?

Eu acho que essas políticas de bolsa ajudam muito, ainda que com limitações burocráticas. As ações afirmativas também são essenciais, tanto para a população negra quanto para estudantes de escola pública. Isso modificou muito. Tanto que o colégio Pedro II, onde estudei, era um colégio muito de elite, e como eu acompanho até hoje a escola, vejo que ela se modificou totalmente. Não por meio de ações afirmativas para ingresso de estudantes, porque isso ela ainda não tem, mas os professores que entraram, já formados por essa universidade pública com ações afirmativas, deram uma nova cara para a escola, sabe? Então agora eles pensam em questões de gênero, questões raciais, têm isso como uma pauta importante. Agora na pandemia, o colégio decidiu por não ofertar o ensino remoto porque percebeu que 30% dos estudantes não têm acesso à internet. E eu acho que esse número de 30% dos estudantes sem acesso à internet do colégio Pedro II já é um dado muito alarmante. Quer dizer que tem muitas pessoas de outras realidades entrando na escola e isso a gente também vê na universidade pública, pessoas de realidades muito diversas e acho que as ações afirmativas foram o ponto principal para isso acontecer.

Quando você não tem uma diversidade, você não consegue pensar em outras coisas, então se todo mundo que está ali vem de uma realidade muito confortável, com estabilidade financeira, você não vai pensar em uma pessoa que não tem isso, porque na verdade não está nem na sua vista, você não conhece de fato. Às vezes você ignora de propósito, mas muitas vezes você não conhece e aí quando essas outras pessoas entram no jogo, essas realidades vêm à tona, e então buscam-se meios para que todo mundo consiga se encaixar ali de alguma forma.

Vimos também que teve um período sanduíche na Alemanha, durante a primeira graduação. Como foi a experiência na Europa para uma “cria do Jorge Turco”? Quanto tempo ficou por lá? Deu pra aprender alemão? 

Na UFSM, fiz um curso extracurricular de alemão, porque na época estava saindo o Ciências sem Fronteiras. Eu comecei a estudar alemão na universidade porque o laboratório que eu era bolsista lá na UFSM tinha um vínculo com uma universidade na Alemanha. Eu fiz o processo seletivo e consegui essa bolsa para ir para Aachen, na Alemanha. Fiquei um ano lá e foi uma coisa inimaginável.

É uma coisa muito doida, porque quando a gente chega a primeira impressão é a de que eu não deveria estar ali. Isso não é para mim, o que está acontecendo? Todo mundo estava muito feliz e eu não estava exatamente feliz, porque eu não estava entendendo o que estava acontecendo. Até porque ainda que houvesse muitas pessoas que, como eu, não tinham uma estrutura financeira para chegar naquele lugar, a grande maioria ainda era da elite. Então eu sempre me senti inferior porque eu não tinha estudado inglês a vida inteira, alemão a vida inteira.

E o que você acha de o Ciências sem Fronteiras ter acabado? Era uma grande oportunidade/experiência para muita gente, não? Afinal foram quase 100 mil bolsas de estudo no exterior financiadas no período…

Eu acho uma pena ele ter acabado, porque foi um programa muito bom. Tive oportunidades que eram inimagináveis. Talvez ele tenha acontecido de uma forma meio desordenada, tenho críticas também. Mas acho que de maneira ordenada ele poderia ter continuado e seria uma coisa muito boa, não só para o ensino de línguas que era um dos pontos fundamentais. Você deveria chegar lá com algum nível, mas lá que de fato você aprendia, tinha convivência, cursos mais aprofundados. Também para o processo cultural de conhecer outras pessoas, outros lugares e poder trazer tudo isso para cá.

O que te fez largar a Engenharia Acústica e vir pra Floripa cursar Matemática quando voltou para o Brasil? 

A minha vida em Santa Maria estava muito complicada em termos de dinheiro. Na hora de voltar eu pensei: ‘cara, não é isso que eu quero para a minha vida. Eu quero ser professora’. Quando voltei, decidi tentar transferência para o curso de Matemática, para finalmente aceitar que eu seria pobre para o resto da vida [risos]. Meu namorado já morava aqui em Floripa, ele fazia o curso de Engenharia Mecânica. Daí pelo Sisu consegui vir para a UFSC. Entrei em 2015.2 e fiquei. Me formei em três anos porque validei muitas disciplinas. Também na UFSC fui bolsista do PET de Matemática, do PIBIC e do PIBID. Novamente, as políticas públicas sempre me ajudando neste processo.

Quando eu fui bolsista do PET, eu tive o grande prazer de dar aula no curso de pré-vestibular chamado Gauss, para jovens de baixa renda. Foi uma experiência muito legal e eu tive certeza que eu queria mesmo ser professora. Foi um ano dando aula neste curso e ali eu me sentia muito motivada porque eu via pessoas que tinham uma realidade muito próxima da minha. Na época do Ensino Médio, eu também não tinha condições de pagar um curso pré-vestibular e comecei a fazer um cursinho popular no Rio de Janeiro. Comecei a fazer um que era à noite, mas era muito pesado porque eu trabalhava e estudava, não dava conta. Depois tentei fazer um só aos sábados, mas também não dei conta. Então eu via muito isso nos estudantes do Gauss, que também tinham muita dificuldade de se manter e conciliar as coisas. Eu tenho três irmãos mais novos, e você acaba tendo a responsabilidade de cuidar de todos eles. Foi muito legal ver isso nesses estudantes e poder ajudá-los, colocá-los na universidade, que é uma das formas que a gente tem de ascender social e financeiramente. Por mais que seja muito legal falar ‘olha, ela veio do Morro do Jorge Turco’, eu não quero continuar lá. A gente sabe que têm condições de vida que não deveriam existir ali, então a gente tem que buscar outros meios. Ainda que eu não consiga tirar a minha família toda de lá, eu consigo garantir que pelo menos as minhas próximas gerações não enfrentem as mesmas dificuldades que eu e meus familiares enfrentamos.

Me formei em 2018, na UFSC. Já na última fase do curso comecei a fazer o processo seletivo para o mestrado em Educação, e passei também. Emendei [o curso no Mestrado], com bolsa da Capes. Aí já é uma bolsa que dá para ficar mais tranquila e se dedicar exclusivamente. É muito bacana pensar isso porque eu fiz um curso de Matemática e era considerada uma boa estudante, ganhei aquela medalha de mérito no fim do curso. Então todo mundo espera que você vá continuar estudando matemática, porque consideram que Matemática é superior à Educação. Então quando eu disse que ia para a Educação, muitos me contestaram, como se a Educação fosse uma coisa menor, ou contestavam se eu estava indo por ser mais fácil. Ouvi isso várias vezes, mas querer ir para a Educação foi uma escolha política mesmo, porque eu acredito nisso.

Jéssica na formatura do curso de Matemática, na UFSC – a quinta da direita para esquerda (Foto: Arquivo pessoal)

Você sempre teve uma facilidade maior para matemática, sempre foi algo que gostou?

Sim, sempre tive, mas sei que sou um ponto fora da curva, porque a maioria não gosta. Eu tento mudar um pouco isso sendo professora, mostrar que a matemática não é um monstro, não precisa ser, pelo menos. 

Lendo o teu currículo, vimos pela primeira vez o termo “etnomatemática”, que me parece de fato ter tudo a ver com o que você diz de querer tornar a matemática mais acessível. Como é essa compreensão histórica e cultural da matemática?

No mestrado, eu estudo educação matemática em escolas de samba. Uma das questões para eu ter escolhido a Educação foi poder falar e as pessoas entenderem o que eu estou falando. Porque Matemática tem muito disso. Quando a gente começa a falar de matemática aplicada, você está falando e ninguém está te entendendo. Isso é muito chato, mas tem gente que gosta, que se acha mais inteligente que os outros porque está falando e ninguém entende. Eu queria falar sobre uma coisa popular. Primeiro que eu sou louca por samba, e também por tentar pensar nestes lugares que ninguém vê, que é o caso do morro, que eu também vim de um. O que está acontecendo ali? O que está sendo produzido ali que ninguém tá vendo? Por que ninguém tá vendo? E aí, usar essa “autoridade” por ter cursado a universidade, para poder visibilizar de alguma forma.

Fala um pouco mais pra gente sobre a sua relação com o samba.

No Rio, eu não frequentava. Não era sócia, nem desfilava, nem trabalhava em nenhuma escola de samba, apesar de sempre sentir no meu coração que era mangueirense. Minha família era evangélica, então sempre fui o ponto fraco para tudo [risos]. Quando saí de casa, eu consegui começar a frequentar mais lugares como queria. Aqui em Floripa foi onde eu realmente mergulhei nesse mundo do samba e das escolas, desfilei na Copa Lord e na Protegidos. Mesmo depois que a pesquisa acabou, eu continuei indo. Aqui eu frequento ensaio, barracão mesmo, no Rio eu não tinha essa relação profunda. Meu marido é do Rio também e é da Portela, a família toda dele era da Portela, de trabalhar lá mesmo. Por meio dele que eu comecei a ter mais acesso às escolas do Rio. 

Jéssica em um evento de programação para crianças (Foto: Arquivo pessoal)

E o seu Doutorado? Vai seguir o mesmo caminho do teu Mestrado? 

Defendi minha dissertação no meio da pandemia, em abril. Só que em dezembro/janeiro, já passei pelo processo de qualificação de nível e agora estou no Doutorado, também com a bolsa da Capes. Sigo na universidade pública, ainda bem, com bolsa, e indo tudo bem na medida do possível. Porque hoje estamos numa situação absurda, que ninguém esperava, mas me vejo numa posição muito confortável. Minha renda não foi alterada pela pandemia, não dependo de sair de casa para fazer as minhas atividades e em termos de saúde mesmo. O doutorado ainda está se configurando mas vai seguir a mesma linha do mestrado. Vai seguir na escola de samba, mas tentando trazer um pouco mais para a realidade da escola [de educação formal] mesmo.

Estando há tanto tempo inserida no contexto da educação pública brasileira, do ensino básico à pós-graduação, o que você pode dizer sobre os rumos tomados nestes 20 e poucos anos? Estamos no caminho certo?

Eu acho que estamos caminhando para o fundo do poço. Cada dia é uma coisa pior que acontece. A gente acha que já não tem mais como piorar, mas piora. Por exemplo, o Escola sem Partido para mim é uma aberração. A escola sempre teve partido e como disse, as ações afirmativas trazem outro modo de ver a Educação. Então quando a gente traz “partidos”, como eles gostam de chamar, de outras realidades, na verdade, você está trazendo outras opiniões que não eram consideradas antes na escola e universidade. Assim como não poder falar de gênero, o termo ‘’ideologia de gênero’’ também é uma mentira, um absurdo. Isso só torna a escola mais violenta e mais difícil para as pessoas que não respondem a esse padrão que eles querem impor às crianças e aos adolescentes. Eu acho que esses dois pontos, o Escola sem Partido e não poder falar de gênero nas escolas, tendem a deixar as coisas muito difíceis e aumentar a evasão. Muitas pessoas nem falam de evasão, falam de expulsão, porque as crianças se sentem expulsas das escolas porque não se sentem representadas ali, e acho que isso só tende a piorar. Isso sem falar de financiamento diminuindo, cortes de programas como o Ciência sem Fronteiras, cortes de bolsas na pós-graduação. Tudo isso está sendo bastante complicado. 

Quando a Jéssica professora se aposentar, como ela espera ver a Educação Pública brasileira?

Nossa, aposentada é muita esperança, isso é um futuro tão distante [risos]. Espero que esses governos mais radicais não consigam destruir tudo que foi conquistado e que a gente consiga construir mais coisas, porque ainda que tenham ocorrido grandes avanços, a gente sabe que não é suficiente. Então que a gente consiga não perder o que já tem, porque acho que agora o problema é esse, perder o que já foi conquistado. Não por mim, mas por pessoas que vieram e conquistaram inclusive para mim, para a gente, para quem está aqui agora. Que a gente consiga não perder esses direitos, ações afirmativas, bolsas, poder falar abertamente sobre gênero e raça nas escolas.  E que a gente consiga construir mais coisas, ter mais acesso, uma educação mais igualitária, tudo que gostaria, mas sinceramente…está difícil de acreditar nisso nesse momento. Nos resta esperançar.

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