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Internet e pirataria provocam redução no número de videolocadoras

Texto: Matheus Alves (matheusalvesdealmeida@gmail.com)

Organizações como o Sindicato de Videolocadoras do Paraná (SINDIVIDEO) e Sindicato Empresa Vídeo Locadora Estado São Paulo (SINDEMVIDEO) perderam grande parte de seus membros nos últimos cinco anos. Em 2009, o SINDIVIDEO possuía 1176 estabelecimentos cadastrados; atualmente tem 120. Os fechamentos indicam o enfraquecimento do setor, depois de anos de lutas contra a pirataria e o acesso livre a vídeos na internet.

O fenômeno do esvaziamento começou com a transição do Video Home System (VHS) para o Digital Versatile Disc (DVD). A popularização do novo formato forçou os proprietários de locadoras a renovarem os acervos, perdendo anos de produtos colecionados que desvalorizaram rapidamente.

Em relação ao VHS, o DVD contribuiu para o fortalecimento da pirataria. Produzir cópias ilegais de filmes ficou mais fácil e percebe-se nas ruas  o aumento da oferta de  DVD’s piratas por preços baixos. De acordo com o estudo Media Piracy in emerging economies, realizado pela Universidade Estadual do Mississippi, um DVD pirata custa em média R$ 3,50 no Brasil. Os preços da locação variam entre R$ 6,50 a R$ 12,50.

A televisão via internet e as videolocadoras online também diminuem o mercado para as lojas físicas.  Através de ferramentas virtuais, é possível escolher o filme, pagar e assisti-lo sem sair de casa. Empresas do ramo, como a americana Netflix (que recentemente ultrapassou os 50 milhões de assinantes no mundo) são cada dia mais populares.

A situação não lembra em nada o sucesso conseguido pelas locadoras nos anos 90, quando foram abertas as primeiros no Brasil. Havia empresas do ramo espalhadas por quase todos os bairros de cidades como Florianópolis e Curitiba. Nos finais de semana, clientes agrupavam-se diante das prateleiras, procurando títulos e trocando recomendações.

No começo do ano, a gigante rede de videolocadoras franqueadas Blockbuster encerrou suas atividades depois de 29 anos  em seis países, incluindo o Brasil. Como havia sido anunciado em novembro do ano passado, as últimas 300 unidades venderam seu acervo e fecharam as portas em 12 de janeiro. A empresa internacional encontrou o destino de várias outras semelhantes menores em todo mundo.

Para continuar com as lojas abertas, alguns proprietários são obrigados a inventar maneiras de incrementar o faturamento. Passam a alugar jogos de vídeo-game, vendem produtos eletrônicos ou transformam os estabelecimentos em pequenas lojas de conveniência. “É praticamente impossível manter uma videolocadora sem trabalhar com outras coisas”, justifica o presidente do SINDIVIDEO,  Jorge Hein.

Outras medidas testadas foram os novos formatos físicos de distribuição de filmes como o Blu-ray e o DVD-HD. A dificuldade para pirateá-los gerou expectativa para as videolocadoras, mas o alto custos dos discos e players desestimularam o investimento nas novas tecnologias. Jorge Hein preferiu não arriscar: “O Blu-ray nasceu fracassado, porque só tem acesso quem tem poder aquisitivo”.

Para os amantes das videolocadoras, fica o saudosismo com o enfraquecimento do ramo. “Não eram só comércio, eram um local para fazer amizades, e para troca de ideias, recomendações e cultura”, justifica a Mônica Marinheiro, estudante da UFSC. “Mas pelo menos ainda vou poder ver filmes na internet”.

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