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Herbário Flor possui mais de 60 mil espécies que representam a flora catarinense

Simone Feldmann (simone.feldmann@gmail.com)

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No início de abril o pesquisador Carlos Eduardo de Siqueira divulgou a descoberta da menor orquídea do mundo, encontrada na estufa do Departamento de Botânica da UFSC. A nova espécie, batizada de Campylocentrum Insulare, em homenagem a Ilha de Santa Catarina, movimentou o departamento, e em especial, o Herbário Flor, que recebeu equipes de jornais e televisão em busca da novidade. E onde a minúscula orquídea está hoje? “Morta!” – brinca Silvia Venturi, bióloga responsável pelo herbário.

Hoje a orquídea compõe o acervo seco do Herbário Flor em forma de exsicata – uma amostra de planta prensada e seca. O herbário da UFSC possui mais de 60 mil exemplares, entre algas, plantas e fungos. Cerca de 90% deles foram coletados no Sul do Brasil, 56% em Santa Catarina, principalmente em Florianópolis e em Urubici.

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A função do Herbário, fundado em 1964, vai além de conservar plantas secas, afirma Venturi. “O laboratório é uma fonte de conhecimento da biodiversidade, um registro histórico dos estudos botânicos e da vegetação do estado de Santa Catarina. Cada amostra de uma coleção biológica é um testemunho de um espécime vivo em seu habitat natural, portanto, dado primário que embasa o conhecimento sobre a diversidade da flora”.

Por conta disso, as coleções são consideradas uma ferramenta poderosa para o conhecimento sistemático e o entendimento das relações evolutivas e biogeográficas de uma determinada área, região ou continente. Além disso, são uma documentação permanente da composição da vegetação e de ecossistemas em áreas que se modificam ao longo do tempo, seja pela ação dos homens ou por efeito de eventos e perturbações naturais.

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A maior parte do acervo do herbário está classificada no site SpeciesLink, um sistema distribuído de informação que integra em tempo real dados primários de coleções científicas. Através do sistema, os pesquisadores podem consultar acervos de todo o Brasil, o que facilita o trabalho.

O estudante de graduação Eduardo Michelena é um dos cinco bolsistas que atuam no Herbário, ele conta que desde que entrou na faculdade tem vontade de lidar com botânica, por isso, iniciou o trabalho como voluntário há três anos e até hoje trabalha no local. É Eduardo quem explica de forma simples o passo a passo para tombar uma exsicata.

Ao coletar uma amostra é importante observar as características que irão se perder depois que a planta secar, como: o cheiro, as cores, presença de látex, o ambiente onde o exemplar estava – como água, pedras, areia ou junto com outra planta. Também é fundamental que a amostra tenha o máximo de partes da planta representadas, como o caule, raiz, folhas, frutos ou flores, em caso de árvores também é recomendado anotar a altura e o diâmetro do tronco.

Qualquer pessoa que tenha interesse pode levar uma espécie para ser tombada no Herbário, porém, a decisão em aceitar depende dos responsáveis pelo laboratório, geralmente são dispensadas espécies que já foram classificadas muitas vezes.

A dica que a bióloga Silvia Venturi dá para quem tem interesse ou dúvidas sobre as espécies de plantas ou fungos é participar de grupos em redes sociais nas quais pesquisadores, biólogos e demais interessados identificam os exemplares através de fotos e comentam sobre o assunto, um exemplo é o grupo do Facebook Identificação Botânica com mais de 16 mil membros.

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