Polêmica na gestão do Museu da UFSC
Texto: Natália Duane (nataliaduanedesouza@gmail.com)
A direção do Museu de Arqueologia e Etnologia (MArquE), órgão suplementar da universidade – como o Hospital Universitário (HU) ou Restaurante Universitário (RU) -, é questão de divergência entre alguns servidores técnicos administrativos do local e a cúpula do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH). Conforme o Regimento Geral da UFSC, órgãos suplementares devem estar vinculados à reitoria, que pode delegar a à pró-reitorias ou secretarias. Atualmente vinculado ao CFH através de portaria da Secult, o Museu é gerido por comissão coordenadora formada por professores e a vice diretoria do CFH.
A vinculação do MArquE à um único centro de ensino prejudicaria projetos com outros departamentos da UFSC. Segundo Angelo Biléssimo, coordenador da divisão de arqueologia do museu, o MArque deixaria de fazer parte da universidade para ser um anexo do CFH. Outro questionamento é a circulação de alunos pelos prédios do museu, próximos às reservas técnicas que guardam acervo protegido legalmente. Parte das estudantes curso de Museologia, que teve primeira turma de formandos neste ano, está tendo aulas na sala de usos múltiplos do Pavilhão Silvio Coelho dos Santos, prédio inaugurado em 2009 onde são feitas as exposição, .
Para a vice-diretora do CFH e membro do comissão coordenadora, Sonia Maluf, isolamento é o estado em que o museu se encontrava antes da vinculação ao CFH. Havia solicitação de professores de cursos ligados ao museu, como Museologia, História e Antropologia, para uma reaproximação. Para Sonia, a circulação de estudantes pelo prédio, assim como o uso de laboratórios – desde que respeitado o limite de pessoas e com orientação dos funcionários do local – não prejudicaria o acervo. “O que mantém o acervo vivo são as pesquisas”.
REGIMENTO INTERNO
A vice-diretora do CFH foi nomeada como diretora provisória do museu para fazer a reaproximação com o centro de ensino e propor um novo regimento interno. O documento foi elaborado com base em regimentos de museus universitários de outros estados, como o MAE da Universidade Federal da Bahia, e o MAE, da Universidade de São Paulo. O principal, segundo a vice-diretora, é a constituição de um conselho com representação de alunos, professores e funcionários do MArquE. Atualmente, o poder de decisão é centrado no diretor.
O documento foi discutivo em sete de quinze reuniões com os funcionários do MArquE, que contribuiram com alterações. Apesar das discussões, a opinião dos servidores do museu não foi levada em conta segundo Biléssimo. Não foram feitas atas após a primeira reunião por conta de uma divergência sobre como o documento deveria ser redigido.
DEBATES
Apesar de estar vinculado ao CFH, o museu continua sendo um órgão suplementar da universidade. Na última votação do Conselho Universitário (CUn) semestre passado, foi apresentada a proposta para a alteração do regimento geral da UFSC para retirada do MArquE como órgão suplementar. Parte do quadro de funcionários do museu assinou uma carta distribuída durante a reunião se posicionando contra a pauta.
O Ciclo de debates sobre Museus Universitários começou março e vai até dia 16 de maio com intuito de alimentar a discussão sobre os museus. Apesar de ser palestras interessantes, essa não é a questão essencial a ser discutida no momento, segundo Biléssimo: “É uma questão administrativa”. Carta divulgada no site do CAMUS também pede por “um debate aberto e democrático (…) evitando assim que a discussão se dê apenas dentro do Centro de Ciências Humanas ou de um determinado grupo”.
Foto de capa: Wagner Behr