Conflitos por água aumentam no Brasil
O Brasil é o terceiro potencial hidrelétrico do mundo, cerca de 10%, desse total, 60% está na Amazônia. Entretanto, ainda existem conflitos pelo acesso e posse de água no país. Isso é o que aponta o relatório Conflitos no Campo, com dados de 2015, feito pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). De acordo com o estudo, foram registradas 135 ocorrências de conflitos por água, envolvendo 42.337 famílias. Em 2014 foram 127 ocorrências.
No relatório consta que 70% da água potável do mundo vão para o Agronegócio e 4% para o consumo humano. Enquanto o Agronegócio utiliza à vontade água, centenas de pessoas não têm acesso a ela para beber ou cultivar hortas caseiras. A ONU adverte que em 2030, pelo menos 40% da população sofrerá com a escassez de água. Atualmente, cerca de 1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável. Outro dado importante: 1,8 milhões de crianças morrem por ano em consequência de doenças oriundas de água suja e falta de saneamento.
A pegada hídrica – volume total de água doce que um indivíduo, comunidade ou empresa utiliza para produzir bens ou serviços consumidos pelo próprio indivíduo, comunidade ou produzidos pelas empresas – revela que para na produção de 1 kg de carne bovina são utilizados 15.400 litros; de 1 kg de cana-de-açúcar são utilizados 1.800 litros e de 1 kg de soja são utilizados 1.800 litros. Existem dados relacionados também aos minerodutos instalados em Minas Gerais: anualmente são consumidos 13 milhões de litros de água, cerca de 37,5 milhões de litros por dia. Esse volume seria suficiente para o consumo de quase 200 mil pessoas.
No estudo da CPT, o Pará é o que mais possui famílias envolvidas nas disputas por água, 11.885. Já Minas Gerais é o estado que mais possui ocorrências registradas, um total de 54. Santa Catarina não possui nenhuma ocorrência. O Sudeste é a região brasileira com mais casos de disputas por água registrados, 64, envolvendo 15.851 famílias. Na sequência estão as regiões Norte (23 conflitos e 15036), Nordeste (46 conflitos e 9345 famílias), Sul (2 conflitos e 21.05 famílias) e Centro-Oeste, com nenhum conflito e por consequência, nenhuma família envolvida.

