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Alugar filmes é coisa do passado?

Como a tecnologia transformou a nossa relação com a sétima arte

Texto: Pâmela Carbonari ( pamelacarbonari@gmail.com )
Fotos: Mariana Moreira ( rmoreira.mariana@gmail.com ) e Pâmela Carbonari
pamelacarbonari@gmail.com )

Foi-se o tempo em que para assistir a um bom filme nos restringíamos a ir ao cinema ou à locadora de vídeo mais próxima. Na era do high definition, não faltam possibilidades para apreciarmos a sétima arte aliando o conforto de casa ou da sala de exibição à velocidade, à interatividade e à qualidade da imagem e do áudio. Os cinemas e as locadoras não são mais as únicas opções, somam-se a eles payperviews, canais pagos que permitem alugar filmes, locadoras online, locadoras tele-entrega etc.

O canal Now, da Net, é um serviço de vídeo on demand que possui mais de 4 mil títulos divididos em 12 categorias. Nesse canal o assinante escolhe o filme que varia de R$3,90 a R$12,90 e o valor é debitado na conta da Net. Diferente dos outros canais de filmes de tevês por assinatura, Now se destaca por não ter grade de horários nem programação fixa, ou seja, é possível pausar, avançar e assistir novamente sem interrupção de comerciais. Os filmes, séries e documentários podem ser vistos em alta definição imediatamente após a solicitação e durante um período de 24 horas. Mas não são todos os assinantes da Net que podem alugar filmes com apenas um clique no controle remoto, é necessário ter uma televisão capaz de receber sinal digital e algum dos pacotes de alta definição da rede – o mais simples custa R$99,90.

Com mais de 27 milhões de assinantes no mundo todo, o Netflix é líder de assinaturas de transmissão online de filmes pela Internet. O aplicativo, ainda novo no Brasil, reproduz filmes e séries imediatamente, dependendo da velocidade de conexão com a rede – não é necessário esperar pelo download.  Os filmes transmitidos pelo Netflix podem ser vistos em três opções de qualidade de vídeo pela televisão, computador, PS3, Wii, Xbox 360, tablets e celulares com sistemas operacionais Android ou Windows. O serviço custa R$14,99 por mês e embora faltem alguns títulos clássicos, possui um sistema que recomenda títulos com base no histórico de filmes vistos e uma interface simples para facilitar a navegação.

O estudante de jornalismo José Antônio Hüntemann, de 21 anos, é assinante há dois meses e afirma que a relação custo-benefício é excelente. “Eu não gastava com locadoras de vídeo, só ia ao cinema se fosse algo que quisesse muito ver e não tenho paciência para fazer download. Agora com o Netflix assisto a dois filmes por noite. Alugar filmes é coisa do passado.”

Alugar filmes pode até ser coisa do passado para alguns, mas não para a empresa americana BlockBuster. A maior rede de locadoras de vídeo e jogos do mundo tem 79 lojas no Brasil e franquias em mais de 30 países. Além da locação tradicional nos estabelecimentos, a BlockBuster oferece planos de assinaturas mensais a partir de R$12,90 que funcionam como um serviço de tele-entrega em que o cliente escolhe o pedido pela Internet dentre os 20 mil títulos e o recebe em casa. Cada tipo de plano oferecido pela rede dá direito a um número determinados de mídias por pedido. Mesmo na hora da devolução não é preciso tirar os pés de casa, basta acessar o site e solicitar a troca ou a entrega. Além disso, o diferencial do serviço é que não há prazo de devolução nem multas por atraso, é permitido ficar com o filme pelo tempo que o usuário quiser, desde que seja durante o período de assinatura do plano.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Videoteca, a segunda maior rede de locadoras de vídeo do país e há 21 anos no mercado, não são todos os amantes do cinema que gostam receber os filmes sem sair de casa, 68% dos clientes da rede preferem alugar diretamente nas lojas. Diana Vieira, atendente da Videoteca há quatro anos, explica “Tem gente que não abre mão de vir até aqui para receber indicação e conversar sobre os filmes, principalmente os clientes acima dos 25, 30 anos”. Quem apostava no fim das locadoras tradicionais com o advento da Internet e de novas tecnologias errou a previsão. A empresa abriu 11 novas lojas em cinco anos, faz em média 3 mil novos cadastros e 145.000 locações por mês. A proprietária da Videoteca, Sara Camargo, explica o fenômeno e garante que as recentes modalidades de locadoras ainda não afetam o movimento da rede “Temos fidelizado cada vez mais nosso cliente, nossos atendentes estão preparados para dar todo atendimento necessário para que o cliente volte sempre , esse é nosso diferencial.O que nos preocupa mesmo são os downloads ilegais, pois estes queimam toda a cadeia produtiva do filme que vai do cinema até a tevê aberta. Nossa maior luta é pela regulação do uso da internet.”  E lembra “Baixar um filme na internet sem autorização do detentor do direito autoral é crime mesmo que seja para uso próprio”.

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