TDAH traz desafios da infância à vida adulta
Perder objetos, não finalizar tarefas, desviar o foco. Como são as lutas diárias de pessoas que não se limitam pelo diagnóstico e que deveriam poder contar com cenários mais inclusivos
Por Clara Meireles
Natália Innocente nasceu em 1991 em São Paulo e foi criada na cidade de São Carlos, no interior do estado. Antes mesmo de ingressar na pré-escola, já havia aprendido a ler. Sua mãe, ao notar seu interesse pelas letras e vê-la brincando de tentar escrever e desenhar, comprou uma Cartilha Caminho Suave, popular nos anos 70 e 80, e a alfabetizou em casa. Então, ao chegar na escola, algumas atividades já não prendiam seu interesse. “Muita coisa na escola também era muito chato para mim. Tipo ligar os pontos do caminho da abelha, para mim aquilo era inútil. Por que eu tinha que fazer aquilo? Eu já sabia ler e escrever tudo que estava ali, eu já sabia como as coisas funcionavam e fazia sentido”. Anos mais tarde, ao entrar no mercado de trabalho, essas e outras características permaneceram com ela.
Quando criança, sempre estava cheia de energia e encontrou nos esportes a forma de gastá-la. Jogava handebol, futsal e atletismo para o time da escola. “Não conseguia ficar parada dentro de casa”, conta. Ainda assim, sentia que não era o suficiente. “Meus pais sempre foram nas reuniões e estiveram em contato com os professores. Era sempre a mesma coisa. ‘Ela é boa aluna, mas não para de falar um minuto. Fala a aula inteira. Está sempre distraída, a gente tem que ficar chamando ela de volta para a terra. Natália está sempre no mundo da lua’”. Em 2010, após deixar a escola, ingressou no curso de Ciências Sociais da UNESP (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”) e, ao concluir a graduação, começou a lecionar História. Mais de 10 anos se passaram e, durante a pandemia do COVID-19, enquanto buscava alternativas para o desenvolvimento de seus alunos em casa, Natália descobriu ser TDAH.
Como define o Manual Diagnóstico e Estatístico De Transtornos Mentais, da American Psychiatric Association, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um transtorno do neurodesenvolvimento definido por níveis prejudiciais de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade. O assunto não era tão falado quando Natália era adolescente, mas vêm ganhando destaque devido ao aumento da procura por saúde mental. Natália conta que pouco se sabia sobre TDAH na época que fez sua licenciatura. O que estudou a respeito apontava o diagnóstico como “predominante em meninos brancos”, já que os sintomas eram mais perceptíveis nessas pessoas.
“O diagnóstico, às vezes, era feito erroneamente e, às vezes, não era feito. Entre meninos e meninas o TDAH se mostra de maneira muito distinta. Geralmente, as meninas são mais quietas, porque elas não costumam ter hiperatividade. Uma criança quieta não dá trabalho. Ela é só quietinha ou está no mundo da lua. Os meninos, como têm a hiperatividade junto, muitas vezes o déficit de atenção é mais perceptível”, explica a psicopedagoga e terapeuta analítica Christina Eloi.
Ao receber efetivamente o diagnóstico do TDAH, Natália já havia completado 28 anos. Inserida há muitos anos no mercado de trabalho, aprendeu a se adequar ao ambiente e atividades sozinha, através do uso de agendas, uma rotina regrada, lembretes e anotações. Na época em que descobriu, trabalhava em uma agência de marketing digital e compartilhou a notícia com seu chefe. “Dentro do trabalho, eu comecei a perceber que eu podia usar isso [o TDAH] ao meu favor, já que eu fui acolhida e compreendida. O meu líder falou assim, ‘me explica o que que eu posso fazer para te ajudar'”.
Para a psicóloga Izabella Almeida dos Santos, a posição tomada pelo chefe de Natália deveria ser a adotada por mais empresas, junto também do acolhimento através da terapia. “Oferecer um acompanhamento psicológico exatamente para que essa pessoa possa se conhecer e possa compreender quais são essas ferramentas que ela precisa. Quais são as condições que ela precisa para trabalhar? É a melhor coisa a se fazer, porque é só a própria pessoa que vai poder dizer o que ela precisa”.
Essa realidade, no entanto, não é a mesma enfrentada pelos 2 milhões de brasileiros que, segundo o Ministério da Saúde, possuem o transtorno. Sentimentos de culpa, invisibilidade e dificuldades de compreensão pelos chefes são alguns dos obstáculos enfrentados diariamente no mercado de trabalho.
O caminho ao diagnóstico
O neurologista da infância e adolescência do Hospital Albert Einstein, Abram Topczewski, explica que o diagnóstico é, na grande maioria, feito na infância. Isso acontece pois os primeiros sinais do déficit de atenção são notados durante o período de aprendizado, na escola. Ao falar sobre os sintomas que podem aparecer na infância, o médico separa as pessoas que apresentam o quadro de hiperatividade daquelas que não. “Os hiperativos são indivíduos que fazem as coisas muito rapidamente e também com grande eficiência. Como terminam muito mais rápido do que os outros, ficam sem o que fazer e acabam incomodando a vida dos colegas e aí começa a ter desavenças entre eles.”
Já sobre as pessoas que apresentam o quadro de déficit de atenção, Abram explica que há prejuízos na escolaridade ainda maiores. “Isso cria um problema no aprendizado. Essas crianças muitas vezes até se esforçam. “Não, eu vou começar a prestar atenção”; de repente, eles estão viajando pelo mundo totalmente dispersos.”
O diagnóstico mais comum, segundo o médico, é o de hiperatividade ligado ao déficit de atenção: o TDAH. No entanto, ele comenta sobre o fato do déficit de atenção sozinho ser mais comum em meninas. “Quando é nas meninas, muitas vezes passa despercebido. Elas são tranquilas, sossegadas, não incomodam ninguém e, muitas vezes, acabam tendo realmente um desempenho escolar muito aquém da sua capacidade”.
Embora muitas crianças que não apresentam quadro de TDAH possam apresentar algumas das características mencionadas, o neurologista explica que a busca pelo diagnóstico e tratamento deve ser feita quando essas características começam a interferir em diversas áreas da vida do indivíduo. Uma delas pode ser o trabalho, ao chegar na vida adulta sem um diagnóstico e tratamento adequados.
O médico relata que o fator decisivo na busca pelo diagnóstico e tratamento em crianças deve ser a administração do comportamento. Enquanto os pais notam que, na maioria dos momentos, a criança não consegue controlar as próprias ações, eles devem buscar a avaliação médica. “Quando você tem uma criança agitada, mas administrável, você fala: ‘Olha agora acabou, encerrou o assunto, guarda os brinquedos e vamos pra outra, tudo bem?’, elas vão numa boa, sem problema nenhum. O hiperativo não consegue fazer isso, você fala: ‘Agora você vai ficar sentado aqui, tá bom?’, ele não dura um minuto. Não é que ele faz isso para desafiar alguém; ele faz porque ele não consegue se conter. Então, este é o motivo pelo qual você deve procurar um especialista”.
Ainda que a infância seja o período que os especialistas são mais buscados, muitas pessoas vivem até a fase adulta sem um diagnóstico, como o caso de Natália e de Weslley Ribeiro, que também é TDAH. “Eu tive algumas dificuldades de aprender determinados conteúdos na infância, tanto que até hoje tem coisas que ainda não sei. Até hoje eu não sei fazer conta de divisão na mão. Eu não sei como que eu me formei sem saber isso. Eu percebi que no meu trabalho estava errando muito, tinha coisas que fazia e que quando ia ver, não lembrava que tinha feito aquilo. Eu fui vendo que aquilo não é normal. Já adulto com 26 anos, fui ao médico”, conta Weslley.
Abram fala que muitos dos pais levavam seus filhos até seu consultório em busca de explicações, apresentavam e sofriam com os mesmos sintomas na infância e não buscaram tratamento. Segundo o neurologista, diversas pessoas com carreiras profissionais bem sucedidas acabam lidando com o TDAH em seu dia a dia sem ao menos saber que possuem o diagnóstico.
O médico conta que o diagnóstico do TDAH é um diagnóstico clínico, observacional, que não tem nenhum marcador específico laboratorial. Ele é feito pelo comportamento, desempenho do indivíduo e muito pelo prejuízo no dia a dia. “É multidisciplinar; não é só pelo médico, tem uma avaliação psicológica, neuropsicológica, muitas vezes psicopedagógica, e, às vezes, até fonoaudióloga. E aí você vai ver, qual é a dificuldade maior que esse indivíduo está tendo e vai tratar justamente essa parte”, ressalva Abram.
O caso de Ludmila*, engenheira de software de 30 anos, é um exemplo de diagnóstico executado corretamente. Anteriormente às avaliações, foi recomendado que ela tratasse de um quadro de anemia e deficiência de B12, que poderiam influenciar em seu diagnóstico. Após estar com a saúde em dia, sua psicóloga apontou um possível quadro de TDAH e a orientou a retornar a consultas com psiquiatras, caso quisesse ainda mais opiniões profissionais, que procurasse um neurologista.
Os sintomas do TDAH no dia a dia da engenheira começaram a aparecer com maior intensidade já adulta, quando estava na faculdade. O diagnóstico veio para ela da mesma forma que atingiu Natália e Weslley: como uma explicação. “Muita coisa da minha vida, desde a minha infância, agora faz sentido”. Mas Ludmila conta que essa sensação passou rapidamente e logo sentiu o peso que acompanharia o diagnóstico. “Eu não posso ficar usando o TDAH como uma muleta para justificar tudo na vida. É uma constante batalha dentro de mim”.
Vivendo com TDAH
O primeiro diagnóstico de Luiza Nobre, de 24 anos, foi errôneo: bipolaridade. Ansiedade, angústia, sonolência, exaustão e crises de Burnout foram alguns dos sintomas da jornalista. A descoberta do TDAH veio após sua graduação na universidade, em 2020. Para sua psicóloga, levou algumas queixas: desatenção, síndrome do impostor, auto sabotagem, procrastinação além de picos de hiperatividade e hiperfoco. A psicóloga, que utilizava a abordagem cognitivo comportamental, lhe deu um pré-diagnóstico e a direcionou para uma psiquiatra. Essa, juntamente com uma neuropsicóloga, chegaram no diagnóstico final.
Assim como no caso de Luiza, o TDAH pode vir acompanhado de outros transtornos mentais, como a ansiedade e o Burnout. Muito disso pode estar associado à grande exigência do mercado de trabalho. O psiquiatra e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, Márcio de Medeiros César, ressalta as dificuldades que pessoas com TDAH podem enfrentar diante de tal realidade. “As empresas hoje trabalham com alta exigência e busca por lucratividade. Existe muita demanda, por sucesso, por performance e por metas. Isso acompanha todas as profissões e trabalhos”.
Para ele, o cenário do trabalho atual exige maior uso da memória, atenção, e aplicabilidade dessas funções no dia a dia. Para pessoas com déficit de atenção, esses cenários podem gerar prejuízos, principalmente na busca incansável por cumprir metas. O diagnóstico correto consegue auxiliar o cotidiano. “Elas podem lidar melhor com essas situações no trabalho já sabendo da sua capacidade cognitiva, reconhecendo que tem um transtorno e buscando ajuda, essencialmente uma ajuda médica”.
Falar sobre o diagnóstico nessas situações pode ser uma via de mão dupla. Ao mesmo tempo em que há a possibilidade de encontrar amparo, pode-se também encontrar o preconceito. “Já sofri capacitismo, principalmente no mercado de trabalho, das pessoas falarem: ‘Você já tentou se concentrar? Você já tentou fazer uma lista?’, como se eu não tivesse tentando fazer isso a minha vida inteira”, conta Luiza.
Apesar de situações de prejuízos serem bastante evidentes na vida adulta através do trabalho, a faculdade e a vida pessoal também são afetadas. Ludmila menciona uma história de sua graduação, onde era necessário responder uma lista de doze questões. Mesmo sem distrações como smartphones, que ainda não eram populares na época, a tarefa não foi nada fácil. “Eu sentei com uma garrafa de café e um caderno. Fiquei doze horas e não fiz nem três questões. Se você me perguntar o que fiz durante todo esse tempo, nunca vou saber te responder”.
Weslley também sente os impactos do TDAH em sua rotina. Assim como Ludmila, vive perdendo objetos importantes, como carteira, chaves e celular. Em uma das vezes, o arquiteto deixou o celular em cima do carro e só percebeu minutos depois, enquanto dirigia. Ele conta outra vez que entrou no carro e esqueceu-se de fechar a porta. Deu ré e acabou batendo a porta aberta em uma das colunas do edifício. O TDAH desatento de Weslley torna situações como essa mais frequentes.
A influência do TDAH em relações e atividades cotidianas se demonstra também nos pequenos detalhes | ARTE: Maria Isabel Ribeiro Meireles
Salvo alguns casos, onde o transtorno é mais leve e não traz prejuízos à vida, há a possibilidade de tratamento com uso de medicações. “Tomando a medicação você aumenta a biodisponibilidade de aminas nas conexões cerebrais. E aí melhora a concentração, foco, raciocínio e o freio motor, que é disfuncional no TDA” explica Márcio.
O uso do medicamento, segundo ele, deve vir acompanhado da prática de atividades físicas, sono regulado e terapia cognitivo comportamental. Por ser de tarja preta, o uso do medicamento ainda sofre bastante preconceito, mesmo sendo indicado para o tratamento de grande parte das pessoas com o transtorno.
Acesso ao tratamento
Se existem mais de 2 milhões de brasileiros com TDAH, imagina-se que grande parte desse número necessite de uso de medicamentos. No entanto, grande parte dessas pessoas não têm fácil acesso ao tratamento e o Sistema Único de Saúde (SUS) não garante à população os remédios necessários e conseguir agendamentos com psicólogos pela rede pública ainda é um desafio demorado.
A deputada Jéssica Sales (MDB-AC) apresentou um projeto de Lei 3118/20 que obriga o Ministério da Saúde a incluir os psicofármacos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename), uma lista dos medicamentos usados na rede de atendimento SUS. Entretanto, o projeto ainda não entrou em vigor e está parado desde meados de 2021, segundo o site oficial da Câmara dos Deputados e a Agência Câmara de Notícias.
O custo dos tratamentos pela rede privada é alto, o que impede que grande parte da população tenha acesso. Acerca do tema, a população usa as redes sociais como forma de desabafo. “Porque o trabalho não quer saber se você tem transtorno ou não, faculdade não quer saber, vestibular e concurso não querem saber. TDAH é difícil e tratar é mais ainda. Conseguir um diagnóstico custa profissional, lidar com o diagnóstico custa profissional e remédio. Que é CARO”, desabafa um dos usuários do Twitter.
Mercado de trabalho
Como forma de garantir a inclusão e melhorar o ambiente de trabalho para pessoas neuro divergentes, é necessário diálogo entre empregado e chefe para compreender quais podem auxiliar o dia a dia, como explicou a psicóloga Izabella.
Deixar claro desde o início do processo seletivo foi a estratégia adotada por Luiza: “Sou uma pessoa TDAH. Isso não compromete o meu rendimento, mas é importante que vocês saibam porque eu posso ter dificuldade em lidar com multitarefas. Vou entregar tudo para vocês, mas vou precisar fazer uma coisa de cada vez. Fico feliz se vocês entenderem e respeitarem”. E foi isso que aconteceu. Em seu emprego atual, no Instituto de Pesquisa e Formação Indígena, encontrou um ambiente seguro, onde sua saúde mental é respeitada e pode dar continuidade ao tratamento ao ser liberada mais cedo em dias de consulta.
A experiência de Ludmila foi diferente. Ela ainda não se sente confortável em contar para todos de seu trabalho, apenas alguns colegas já sabem. Para cumprir as tarefas de forma eficaz, criou hábitos que a auxiliam. Trabalhar em dupla é um dos melhores cenários, já que, dessa forma, consegue começar e terminar as tarefas na sequência, sem se dispersar da demanda original. Para garantir que sua atenção estará cem por cento focada durante as reuniões, faz anotações de tudo que é comentado.
Já Weslley é adepto aos post-its. Anota tudo que precisa ser resolvido e deixa visível em sua mesa do trabalho. Assim ele consegue se orientar acerca de suas demandas. Outro método que o arquiteto desenvolveu para se adequar ao mercado e não se perder em meio às tarefas é solicitar aos colegas que documentem as demandas através de mensagens e que digam caso ele se esqueça. Ele considera preferível ser cobrado a correr o risco de se deixar de fazer ou se atrasar. “Se tenho algum compromisso boto o alarme na hora do compromisso e o nome do compromisso. Faço isso com reuniões e até com ligações”.
Assim como Weslley, Natália também pede aos seus colegas que passem as demandas por escrito e, em seguida, anota em sua agenda. “A gente precisa muito dessa organização sistêmica. Para mim, o que funciona é bloco de notas, post-it, e no computador é o meu trello e meu click up [aplicativos de organização]. Eu tenho um organizador para cada coisa e tudo tem alarme e lembrete”. Para garantir que está sempre focada nas reuniões, também pede aos seus chefes e colegas de trabalho que, caso a vejam distraída, que lhe chamem de volta à reunião.
Ainda que existam ambientes de trabalho onde as pessoas se sentem livres e confortáveis para falar sobre o TDAH, muitos ainda sentem medo de serem, de alguma forma, prejudicadas caso se pronunciem. Sobre essa questão, a psicóloga Mariana Porto considera que as pessoas têm menos medo do que antes. “Acho que as redes sociais têm um papel muito importante nisso. Mas ainda existe o medo por conta do estigma que ainda carrega o TDAH, como qualquer outro transtorno”.
As redes sociais, como ela comenta, se tornaram uma grande rede de apoio, onde pessoas podem compartilhar vivências, dicas e ainda quebrar o estigma do transtorno. Há canais no Youtube e perfis no Instagram que buscam auxiliar pessoas diagnosticadas a lidar com o dia a dia e também normalizar a busca por tratamento, diagnóstico e também atitudes do cotidiano. O Twitter, no entanto, é mais utilizado como forma de desabafar sobre situações e sentimentos vividos, principalmente dentro do trabalho.
Mariana também recomenda a seus pacientes que tenham o hábito de escrever as tarefas que finalizam durante o dia. Assim podem ver tudo aquilo que realizaram e não se prender apenas às coisas que não foram feitas. “Ter um diagnóstico é importante porque você sabe que tem um ritmo diferente. Mas ao mesmo tempo, ele cria um rótulo que faz com que as pessoas se olhem apenas e tão somente em cima daquele rótulo. Por isso, é importante olhar para o que fez”.
Para Márcio, psiquiatra, as empresas podem contribuir oferecendo ambientes de trabalho mais calmos, com cromoterapia, intervalos, ginástica laboral, incentivar a terapia e atividade física, além de promover a psicoeducação, visando também a quebra do estigma em cima do transtorno.
O preconceito e, muitas vezes, a ignorância sobre o assunto ainda existem. No entanto, para Natália, o transtorno não deve ser visto como um empecilho. “O neurotípico não é um problema, mas uma solução a ser compreendida. A gente tem muito a agregar porque existem coisas que a gente faz diferente das outras pessoas. O TDAH não precisa ser um martírio. Não precisa ser um problema a ser distinguido dentro da pessoa. Esse é um pensamento inclusive que está mudando dentro da educação. O que precisamos fazer não é nem corrigir, é redirecionar”.