Quarta é dia de feira
Texto e fotos: Brenda Thomé (brendathome@gmail.com)
Toda quarta-feira a Praça da Reitoria da UFSC recebe a tradicional feira de produtos orgânicos, a Ecofeira. Há 10 anos os feirantes chegam por volta das 7 da manhã para montar suas barracas que vendem frutas, legumes, caldo de cana, produtos derivados do mel, massas integrais, vinhos, biscoitos, bolos, bonecas de pano, artesanatos, roupas e outros. “O único produto não sustentável ou artesanal é o pastel, mas foi aberta uma exceção porque toda feira bem organizada no Brasil tem que ter pastel e caldo de cana, é uma tradição” – explica Fábio Von, que trabalha na Banca do Mel. “Não existem bancas fixas, mas existem pontos fixos, sabe-se que em tal lugar vai ter o pastel, tal lugar vai ter a banca do mel, mas estamos dando lugar a algumas barracas novas. Funciona num esquema organizado de mensalistas, tipo um cadastro. Sempre acontecem reuniões, mas quem coordena mesmo é o Vladmir, o dono da Banca do Mel, ele é quem organiza tudo e negocia com a reitoria. “As nossas autorizações são renovadas a cada troca de reitor e todos os produtos aqui passam por um teste de qualidade.” – explica Fábio. Além de trabalhar na Banca do Mel, Fábio é caseiro do sítio de Vladmir e recebe apenas por comissão, o que lhe rende cerca de 800 reais por mês.
A maioria das barracas que estão na UFSC na quarta-feira, também são montadas na Lagoa da Conceição aos finais de semana. É o caso da Banca do Mel e da Magia e Cor Artesanato, de propriedade de Jussara Gomes. A artesã tem sua fonte de renda nas bonecas de pano que produz e já comprou o carro e a casa própria com a venda do seu trabalho. Jussara oferece a opção de pagamento no cartão de crédito e débito. “Eu comprei a maquininha porque já trabalho com isso há muito tempo. Vivo do artesanato há 10 anos, venho aqui na UFSC há 5. Mas costumo dizer que já nasci fazendo artesanato. A máquina me ajuda a vender principalmente para os turistas, que andam com pouco dinheiro. A proporção de gente que compra no dinheiro e no cartão é quase a mesma.”
Na esteira da Ecofeira, o número de vendedores de artesanato na calçada que liga o estacionamento do CSE ao CCE tem aumentado. É o caso de Fátima da Silva e Elionora Ludwig, ambas aposentadas e novatas no comércio naquelas calçadas. “Antes nós vendíamos nosso artesanato ali no Centro de Cultura e Eventos, mas agora viemos aqui na quarta-feira.” – diz Elionora. Ela vende as bijuterias artesanais que aprendeu a fazer em um curso dentro da própria UFSC. O dinheiro que ganha é para complementar a sua aposentadoria. “Nós viemos como complemento da Ecofeira que acontece toda quarta-feira, que é quando tem mais gente, mas não temos nada a ver com eles que ficam lá na praça. O pessoal que já vendia aqui na calçada nos recebeu muito bem. Ainda não sei quanto vou tirar por mês, é a segunda semana que eu monto minha barraca aqui.” Elionora também é voluntária na Associação de Amigos do Hospital Universitário (AAHU), cuidando toda sexta-feira do bazar de produtos apreendidos pela Receita Federal que são vendidos no Centro de Cultura e Eventos.
Fátima também começou a vender seu artesanato nas calçadas da UFSC às quartas-feiras há pouco tempo. “Falei com o Ulises, que é um dos feirantes mais antigos aqui na calçada, ele é quem organiza tudo e deu espaço para a gente” -explica Fátima. Ela trabalha com mantas feitas no tear e com bolsas feitas pela sua filha, que é estudante de História na UFSC. Além da UFSC ela já trabalhou com feiras no Centro e em Santo Antônio de Lisboa. Ganha cerca de 500 reais por mês, que complementam sua aposentadoria. Fátima faz parte do Núcleo de Estudos da Terceira Idade da UFSC, o NETI.