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Quanto você depende do celular?

Texto: Natália Duane (nataliaduanedesouza@gmail.com)

Arte: Fernanda Struecker (fe.struecker@gmail.com)


Você já conversou com algum amigo, que em vez de olhar para você, estava checando o celular? Ou você já fez isso com alguma outra pessoa? Quanto tempo o celular toma do seu dia? A atriz e humorista americana Charlene de Guzman começou a se perguntar o mesmo quando reparou que o público, em vez de assistir suas apresentações, estava mais ocupado olhando as tela dos seus celulares.

O resultado foi um vídeo de dois minutos com mais de 20 milhões de visualizações. “I forgot my phone” estava na lista de mais vistos do Youtube na última semana, e junta várias situações diárias onde o telefone móvel ocupa o primeiro plano, e deixa as pessoas de lado. O vídeo foi tema de um artigo do blog Bits, do New York Times. Segundo o jornalista Nick Bilton, apesar do vídeo ter sido feito por uma comediante, não deixa de ser triste. “Esses dois minutos são uma provocação, no sentido de que a vida é melhor vivida do que vista por uma tela”.

Provocação que deu resultado: foram mais de 15 mil comentários, de diversas pessoas ao redor do mundo, que se identificaram com o vídeo ou tem opinião contrária. Confira alguns deles abaixo: 

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SMARTPHONE

O número de brasileiros que possuem aparelhos celulares cresceu 107% entre 2005 e 2011, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), realizada pelo IBGE. São 115 milhões de brasileiros usuários de telefones móveis. O número correspondia, na época, a 69% da população com mais de dez anos. A popularização dos smartphones foi, no entanto, o que causou o recente vício retratado no vídeo de Charlene deGuzman.

Uma pesquisa realizada pelo Google em parceria com o Mobile Market Association divulgou dados de mais de 40 países sobre a adoção e o uso dos smartphones. No Brasil, foram entrevistadas cerca de 3 mil pessoas, usuárias dessa tecnologia. Os gráficos abaixo mostram uma comparação com os Estados Unidos, um dos países onde mais se utilizam os aparelhos. Embora no Brasil a difusão dos smartphones ainda não seja generalizada (somente 26% da população possui esse tipo de celular), o modo como o equipamento é utilizado é semelhante – diariamente e devido principalmente à redes sociais. Confira alguns dos resultados abaixo:

gráficos

CONSEQUÊNCIAS [swfobj src=”http://cotidiano.sites.ufsc.br/wp-content/uploads/2013/09/Infográfico-Smartphone2.swf” width=”500″ height=”665″ align=”left”]

Com a capacidade de convergir vídeo, fotos, internet e outras funções, essa última geração dos celulares acabou superando a sua função inicial: telefonar. A pesquisadora de Novas Mídias da Universidade Federal de Santa Catarina, Dulce Maria Cruz, diz perguntar todo ano ao seus alunos para quê eles o utilizam. “ No último semestre, só um aluno mencionou realizar ligações”.  Segundo a pesquisadora, o celular passa a ser parte da vida das pessoas. Não se desliga mais o celular: está debaixo do travesseiro, dentro do bolso, em cima da mesa – sempre ao alcance das mãos.

Não é só na vida social que o aparelho pode causar prejuízos: a saúde também pode ser afetada. Confira ao lado alguns problemas causados, direta ou indiretamente, pelo celular: 

Apesar de ser uma situação recorrente nos dias de hoje, a professora Dulce Marcia diz que não é motivo de alarde. O surgimento de novos equipamentos somente leva à superação de outros. As mesmas questões que Charlene levanta no seu vídeo contra os celulares já foram feitas acerca da televisão, gameboy, walkman, computador e notebooks. “Se antes as pessoas liam, hoje elas leem em outras plataformas; se antes escreviam cartas, hoje mandam emails. Não deixa de ser o mesmo isolamento?”.

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