Puro ou com leite?

O ranking mais querido da UFSC voltou, dessa vez o Cotidiano avaliou os cafés do campus Trindade

Reportagem por Camilly Iagnecz, Ísis Leites e Yuri Micheletti

São 7h30 da manhã e você procura energias para descer do ônibus e se arrastar até a sala de aula. Seu corpo está exausto e o dia nem começou ainda, mas você já se vê sobrecarregado com a quantidade de trabalhos atrasados que precisa entregar. De repente, um aroma invade suas narinas. É o café fresco de uma lanchonete da UFSC. Você se aproxima, hesitante, sem saber se será enganado pelo olfato ou se hoje o café realmente estará bom.

Protagonista do dia a dia de quase todo estudante, o cafezinho é essencial, seja para virar a madrugada realizando trabalhos ou para tornar aquela aula tolerável quando já não se aguenta mais em pé. Na UFSC, os estudantes passam por momentos de suspense quando recorrem às bebidas que cada dia apresentam um sabor diferente, do café ao carvão.

Depois de muito perrengue para terminar o último semestre com energia e sanidade mental, a equipe do Cotidiano percebeu que, após o tão falado coxinhômetro, o que os alunos da UFSC realmente precisavam era um “cafezômetro”. Colocamos a mão na massa e visitamos todos os centros do Campus Trindade, incluindo o centro de eventos, na intenção de beber todos os cafés passados e poder dizer para você em qual vale mais a pena gastar aquele dinheirinho guardado.

Não foi um trabalho fácil: enfrentamos tremedeira, ansiedade, azia e piriri ingerindo uma quantidade absurda de cafeína em um período preocupante de tempo, mas no fim, compensou. Nesta edição do ranking gastronômico do Cotidiano, provamos os cafés puros, sem leite, e avaliamos a temperatura, sabor, aparência, efetividade, vestígios de pózinho no fundo do copo, condições do estabelecimento e atendimento. Além disso, entrevistamos estudantes que consomem diariamente os cafés da UFSC em diversos centros, para não sermos parciais – não completamente, pelo menos.

Mesmo na metade do semestre, as correrias para entregar trabalhos já deram a largada e a temporada do café é perceptível na universidade. Para sanar a sua necessidade por energia extra, vem descobrir qual café ganhou nossos corações e qual nos fez sair correndo.

6°. Giga Café - Centro de Desportos (CDS)

Café do CDS. Foto por Ísis Leites

Não tem outra forma de descrever o café passado do CDS sem usar a palavra “péssimo”. Na verdade, até existem sinônimos: tenebroso, horripilante, trágico. Com um gosto descrito por uma das nossas repórteres como parecido com o de “água suja de fim do balde”, sua consistência definitivamente vai te lembrar dos dias de limpeza semanal na sua casa.

Mesmo com um preço que veria de R$ 2 a R$ 3, não somos capazes de recomendá-lo: não estamos nem mentindo quando dizemos que fizemos o sacrifício de tentar tomar tudo, mas mesmo em três pessoas, ficou só na tentativa mesmo. 

Para dar uma nova chance ao Giga Café, uma de nossas repórteres se submeteu a essa experiência pela segunda vez e, novamente, não foi possível terminar a bebida. Dessa vez, com a temperatura efervescente do café, a espera para beber foi tão longa que uma abelha decidiu tentar primeiro, perseguindo-a até o Centro de Eventos. Após uma jornada de desvios do inseto ameaçado de extinção, a estudante desistiu de batalhar pela bebida. Os dois únicos goles durante a fuga foram suficientes para dizer que a única mudança do semestre no café do CDS foi o aumento de preço.

Depois disso não havia dúvida de quem seria o nosso lanterninha, o que foi uma pena, porque o local é bem agradável e a atendente, extremamente educada e atenciosa. O Giga Café tem potencial, só precisa… bem, melhorar o café.

5°. A Lanchonete - Centro Tecnológico (CTC)

Café do CTC. Foto por Ísis Leites

Fugindo do último lugar temos ela, A Lanchonete, do CTC. Vamos começar pelo fato de que eles chamam de “médio” um café que qualquer estudante respeitável classificaria como pequeno – olha o golpe aí! No quesito sabor, o café deles não é traumático, mas ainda é ruim. Tem gosto de café amanhecido e te deixa com um amargor impregnado no fundo da boca por uns bons dias.

Esse café meio estranho deve ser tomado em goles pequenos, o que talvez não seja a melhor coisa para os nossos queridos colegas desse centro, que estão sempre correndo para fazer algo. Considerando que ele custa R$ 5, não vale a pena. Este café não faz nem a obrigação, fazendo-nos bocejar um tempo depois de ingerir a bebida.

Entretanto, A Lanchonete merece uma menção honrosa para seu café espresso. Este não só é apenas R$ 1 mais caro que o café passado, mas também o espresso mais barato da UFSC – e muito mais gostoso. Se você estiver no CTC, vale a pena gastar um real a mais para uma experiência muito mais gratificante.

Mas como este ranking não leva em conta os espressos, o CTC novamente fica nos piores avaliados e consolida a menor média entre todas as lanchonetes. 

4°. Assim Assado - Centro de Comunicação e Expressão (CCE)

Café do CCE. Foto por Ísis Leites

Ao entrar no Assim Assado para ter uma dose de cafeína que dê um gás no seu dia, a alegria toma conta do rosto do cliente imediatamente quando vê a variedade de opções de tamanhos. As possibilidades vão de 100 a 400ml e os preços variam entre R$ 2 e R$ 4. No entanto, essa felicidade momentânea se esvai imediatamente no primeiro gole ao se deparar com um café que não só é fraco, mas também tão quente, mas tão quente, que vai fazer você lembrar dele pelo restante do dia após sair com a língua queimada.

Além das críticas já feitas aqui, a frustração com o café do local também pode ser vista ao conversar com os estudantes. Para o estudante de jornalismo Mateus Spiess, que costuma frequentar o Assim Assado, o café do centro é “uma sacanagem” com estudantes que têm sono. Isso porque, segundo ele, o café tem gosto de que foi passado no dia anterior e requentado no microondas no dia seguinte. “Está sempre com gosto de velho”, afirma.

4°. B'Min Lanchonete - Centro de Ciências Biológicas (CCB)

Café do CCB. Foto por Clara Sppessatto.

Na metade do pódio, o café do CCB é melhor descrito como “nada demais”. Por isso, este ranking possui um empate no 4° lugar. Extremamente aguado, esse café tem um quê de café solúvel e não vai sanar seu sono nas manhãs de saídas de campo.

Praticamente idêntico ao café do Assim Assado, sua única vantagem é uma temperatura minimamente agradável. Se você tiver vontade de beber até o final, vai perceber que a bebida deixa rastro no fundo do copo, então cuidado, pode se engasgar com as partículas de pó que parecem areia.

Apesar do gosto deprimente, este é o único café que manteve seu preço original com a mudança do semestre, então tem seu mérito. Porém, nos chamou atenção o valor absurdo dos tamanhos médio e grande, que são o dobro e o triplo do preço, respectivamente.

Menção póstuma: Container - Centro Socioeconômico (CSE)

Container (CSE). Foto por Clara Spessatto.

Quando iniciamos a apuração, em dezembro do ano passado, o café do CSE ainda estava sendo avaliado. Entretanto, a lanchonete Container fechou no último mês. Com ela, foi-se embora a melhor coxinha vegana da UFSC, a música ambiente agradável, o estabelecimento mais bem localizado, diversos salgados interessantes e o café que seria nosso verdadeiro 4° lugar. Jaz em nossos corações a lanchonete do CSE.

Dono da única nota consenso entre todos os repórteres, este café não tinha nenhum problema no sabor. Seu maior defeito foi ser um café que não enche um copo para um preço que não cabe no bolso: por R$ 2, só se conseguia um copo minúsculo, com 80ml de capacidade. Mesmo assim, para a praticidade do dia a dia, recomendaríamos o CSE se ainda fosse possível, que Deus o tenha.

3°. Café CCS - Centro de Ciências da Saúde

Café do CCS. Foto por Ísis Leites.

Chegamos ao tão esperado Top 3! Sabe quando você chega na casa da sua avó e aquele cheirinho de café te atinge com tudo? E então ela te oferece, você segura a xícara perto do nariz e consegue sentir o aroma do grão torrado? Se esse cenário familiar aquece seu coração, corra até o CCS assim que puder.

Infelizmente, o cheiro normalmente tão agradável da torra do café rouba a cena também no sabor, que traz um gosto queimado no fundo, o que não sabemos se é proposital ou se a água usada para passar o café naquele dia estava quente demais e queimou o pó. Apesar disso, este café é forte na medida certa.

O que mais tira pontos do café do CCS é seu preço. Para a quantidade oferecida, não tem o melhor custo-benefício da UFSC. No geral, foi uma experiência agradável, então decidimos que ele merece estar no pódio.

 

2°. Pepo Lanchonete - Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH)

Café do CFH. Foto por Camilly Iagnecz.

“Eu acho que universitário se contenta com pouco”, foi o que contou Lara, estudante de Psicologia, quando questionada sobre os cafés da UFSC. Para ela, o café do CFH é forte e precisa ser tomado com leite, já que prefere sua bebida mais suave. Entre os muitos tipos de experiências que o estudante tem que passar para beber um café minimamente agradável, a lanchonete do Pepo entrega uma bebida dentro dos padrões, apesar de relatos que afirmam que ela muda dependendo do dia.

O que podemos dizer com certeza é que quem gosta de café forte não vai se arrepender. Ele possui um amargor ideal, não deixando uma sensação terrível na boca como o café do CTC, e também te fazendo ficar acordado desde o primeiro gole. O único problema é que, quanto mais você bebe, mais enjoativo fica, então não recomendamos o tamanho grande (o pequeno custa R$ 1,50, o menor preço do campus!!!!). Mesmo assim, ganhou nossos corações.

1°. Grão Café - Centro de Eventos

Café do Centro de Eventos. Foto por Camilly Iagnecz.

Chegamos ao vencedor! O café do Centro de Eventos nos ganhou pelo cheiro e foi uma grande surpresa. Nossa primeira reação ao tomar um gole foi perceber seu sabor… peculiar. Após mais alguns goles, descobrimos o motivo: apesar de ser passado, ele realmente parece um espresso – o que foi um bônus e tanto na nossa perspectiva.

Eles tem duas opções de tamanho, pequeno e grande, que custam R$ 2,50 e R$ 4. Nós optamos pelo menor, de 120ml, que é o único ponto negativo desse café, já que outros centros oferecem uma quantidade maior pelo mesmo preço. Mas qualidade custa caro, não é mesmo?

O Centro de Eventos atrai estudantes de vários lugares, como Gabriel, aluno do Curso de História, que sai do CFH nos intervalos somente para aproveitar a bebida do Grão Café. “Normalmente compro um doce junto, isso dá uma balanceada”, recomenda ele, para harmonizar com seu amargor na medida.

Cheirosa e revigorante, essa bebida tem o ouro merecido. Quando seus prazos estiverem acabando e você precisar daquela dose de cafeína, nosso conselho é caminhar um pouco mais para ir até o Grão Café. Prometemos que vai valer a pena.