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Texto: Rafael Canoba (rafaellcanoba@gmail.com)

Olavo Brito é servidor aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e desde 1972, já doou sangue aproximadamente 150 vezes. Ele se desloca 12 quilômetros de ônibus, de sua casa no bairro Itaguaçu até o Hospital Universitário para fazer a doação quatro vezes ao ano. Hoje, por conta de sua maior idade, a lei só permite que Brito participe de três coletas nesse mesmo período, mas o aposentado se anima ao contar que o governo aumentou a idade limite dos doadores. Ele nunca precisou receber uma transfusão de sangue ou teve qualquer caso do tipo na família, mas não perde a chance de ajudar os hemocentros. “Uma vez eu fui ao hospital e vi a dificuldade para conseguir sangue para uma operação. E já que não me custa nada, comecei a doar”, recorda.
Casos como o de Brito são raros. Para manter os bancos de sangue em um nível seguro, os hemocentros de todo o país investem anualmente em campanhas nas estações mais críticas, quando as temperaturas mais extremas impossibilitam ou desestimulam as pessoas a ir até um posto de coleta para doar sangue.

O Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc) tem uma meta de 2,4 mil coletas mensais, em torno de 140 por dia, que nem sempre é alcançada.

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A campanha “Empresa Solidária”, criada pelo Hemosc, realiza atividades dentro de empresas que elegem um dia para receber palestras de conscientização sobre doação de sangue. A campanha já tem parceiros em Florianópolis como a Intelbrás, TIM e Unimed. A polícia civil de Santa Catarina aderiu à proposta em novembro de 2009.

As doações de sangue devem obrigatoriamente ser voluntárias, altruístas e não remuneradas. Mas a tentativa de estimular novos doadores algumas vezes chega a ações mais extremas. A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), por exemplo, aprovou em 2010 a lei estadual número 5.816/10 que gratifica os doadores com ingressos de futebol. O governador do estado Sérgio Cabral tentou vetar o projeto de lei, mas seu veto foi derrubado na Alerj. De acordo com o Hemocentro do Rio de Janeiro (Hemorio), o grande problema de estimular através de benefícios é que os possíveis doadores podem dar respostas falsas no teste que é feito antes da coleta, que detecta possíveis impedimentos na doação de sangue, como doenças e compostos químicos.

Enquanto isso, Olavo Brito conta que já tenta conscientizar seu filho da importância da doação e diz que “espera que um dia ele pegue esse meu lugar no HU da UFSC”.

 

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