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Como “nus” sentimos

Texto e Fotos: Merlim Malacoski ( merlimiriane@gmail.com )

pelado1O fluxo intenso de carros na avenida Beira-Mar Norte e a lotação dos bares eram típicos de um fim de semana qualquer.  Mas, na noite do ultimo sábado o que chamou a atenção nas ruas da cidade foi a “Peladada: a Pedalada pelada” , uma versão brasileira do World Naked Bike Ride, um evento realizado em vários países e, pela primeria vez em Florianópolis. Reunidos na pista de skate do bairro Trindade, ciclistas substituíram suas roupas por tinta. Frases como “queime calorias, não gasolina” e “sua pressa vale uma vida?” estavam estampadas no corpo de quem pedia mais segurança no trânsito.

A maioria dos participantes preferiu manter pelo menos a roupa íntima, mas o bem-humorado Luís Carlos Pereira, de 54 anos, resolveu ousar. O servidor público foi o primeiro a ficar totalmente nu, sendo rapidamente imitado por outros ciclistas. A nudez foi o modo encontrado para mostrar o quanto quem anda de bicicleta se sente vulnerável no caos urbano. “Estamos nus de segurança”, disse biólogo Daniel Costa, um dos organizadores da pedalada. “Não temos airbag, nosso airbag muitas vezes são nossos cotovelos”, completou  Vinícius Leyser, um dos membros da Bicicletada Floripa, grupo que criou um evento no facebook para divulgar a pedalada.

O convite atraiu mais de 200 ciclistas que participaram da manifestação. Por volta das 19h30 o grupo formado por pessoas de todas as idades partiu ao som de buzinas e gritos de “menos carros, mais bicicletas”. Invisíveis no dia-a-dia, os ciclistas não passaram despercebidos nas quase três horas de peladada.  as mensagens de aprovação do movimento  foram bem mais frequentes que os gritos de “que vergonha” e “vão botar a roupa!”. Os ciclistas aproveitaram então para convidar mais pessoas a participar, e muitas bicicletas se juntaram a manifestação. A pedalada também passou pela UFSC, onde recebeu apoio dos estudantes que participavam do Grito Rock.

Além de segurança, os ciclistas também pediram mais ciclovias na cidade. A falta de espaço para bicicletas ficou evidente no trajeto da peladada. O grupo percorreu aproximadamente 25km, passando pelos bairros Santa Mônica, Itacorubi, Córrego Grande, Trindade, Agronômica e Centro, mas os únicos trechos com pistas cicláveis foram a as ciclovias da avenida Beira Mar Norte, da avenida Hercílio Luz, além das ciclofaixas da rua Bocaiúva e da Agronômica. Esta útima porém, se encontra em más condições de conservação, tanto que um dos buracos da ciclovia causou o tombo de um ciclista que participava da pedalada.

Sem graves incidentes, a primeira “Peladada: a Pedalada pelada” terminou as 22h30 no mesmo ponto de partida, onde os ciclistas finalmente se vestiram e se dispersaram.

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