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Cadê o feijão?

Texto: Luíza Giombelli (luizamgiombelli@gmail.com)
Foto: Matheus Villela

Quem frequenta o Restaurante Universitário da UFSC está sentindo falta de um produto que é essencial no prato dos brasileiros: o feijão. Isso porque no dia 13 de maio ocorreu uma falha na tampa de uma das panelas. Um dos sete grampos de segurança cedeu e um funcionário terceirizado do RU sofreu queimaduras de 2o grau devido ao escape de alta pressão, vapor e água quente.

Desde 14 de maio, dia em que o feijão e a lentilha pararam de ser oferecidos, o Restaurante Universitário tem servido cerca de 1500 refeições a menos do que o normal nos dias de maior movimento (terça, quarta e quinta) e 1000 nos outros dias. A diretora do RU, Beatriz Martinelli, disse que o restaurante e o grupo de nutrição encarregado de fazer o cardápio têm buscado alternativas para substituir o feijão e a lentilha – estão sendo colocadas mais leguminosas e proteína de soja nas saladas, que agora são três, uma a mais do que antes.

Mas não foi só a direção do Restaurante Universitário que pensou em alternativas. Dois estudantes de Química da UFSC, William Milani e Renato Cipriani, tiveram a ideia de fazer feijão em casa e vender na fila do RU. O preço era o mesmo de um passe (R$ 1,50) e eles chegaram a comercializar cerca de 75 copinhos por dia, ou seja, 3 panelas de feijão. No entanto, William Milani ressalta que a atitude foi um ato político, e não uma tentativa de lucrar. O dinheiro que ganharam “pagava um cafezinho, o lanche do dia e um cigarro”.  O objetivo, segundo o estudante, era expor a falta de interesse da PRAE (Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis) com esse tipo de questão. “Porque querendo ou não, o feijão é uma coisa política. Se eles quisessem, teriam agilizado de outra maneira, porque é um serviço emergencial. Depois que a gente começou a vender eles começaram a dar uma resposta e de vez em quando tinha feijão na janta, ou no final de semana.”

feijãoRU

Os estudantes venderam o feijão do dia 13 de junho até a última segunda-feira (24/06), quando o pró-reitor da PRAE, Lauro Mattei convocou uma reunião e fez um pedido para que não vendessem mais o alimento, já que a Vigilância Sanitária poderia ser chamada. Porém, os estudantes afirmam que tomaram o maior cuidado para deixar o alimento em boas condições e fizeram um sistema de aquecimento comum, em banho-maria, parecido com o que é usado no RU.

Luize Cavalcante, do curso de Química da UFSC, disse que não vai mais tantas vezes no RU como antes, e que a saída é almoçar em casa. Já Fernanda Costa, do Serviço Social, fala que desde que o feijão e a lentilha pararam de ser servidos, ela não almoça mais o RU: “Eu já não como carne, então sem o feijão e a lentilha, fica bem mais complicado.”

De acordo com a administração da UFSC, a situação será resolvida ainda em julho. A empresa INECOM irá repor as tampas de todas as caldeiras, que ainda estão na garantia. A PRAE e o Restaurante Universitário publicaram uma nota de esclarecimento sobre a situação. “No dia 18 de junho de 2013, a INECOM informou que o processo de produção das novas tampas dos panelões seria finalizado no dia 28 de junho de 2013. As tampas serão instaladas na próxima terça-feira, 2 de julho.”

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