Vacinação contra HPV gera discussões sobre saúde e prevenção
Texto: Beatriz Aguiar (beatriznedel@gmail.com)
Março foi o mês escolhido pelo Ministério da Saúde para iniciar a campanha de vacinação contra o vírus do HPV em meninas com idade de 11 a 13 anos. A meta é imunizar pelo menos 128 mil meninas catarinenses até o ano que vem.
O HPV é um vírus que apresenta mais de 150 tipos diferentes, e é a principal causa de câncer de colo de útero (terceiro tipo mais frequente de câncer entre as mulheres, só atrás do de mama e de cólon e reto). Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), pelo menos 15 mil novos casos de câncer de colo de útero serão registrados neste ano.
Apesar do perigo, pouca gente sabe se prevenir contra o HPV ou faz acompanhamento médico com frequência. Para o Ministério da Saúde, o ideal é que mulheres entre 25 e 64 anos façam o exame Papanicolau anualmente, o que pode prevenir e diagnosticar a infecção por HPV.
Para sanar algumas dúvidas sobre o assunto, entrevistamos o médico ginecologista e obstetra Dr. Edison Natal Fedrizzi, criador do Centro de Pesquisas Clínicas “Projeto HPV”, do Hospital Universitário (HU) da UFSC. Confira:
1 – Por que os homens não são vacinados também?
2 – Como o vírus do HPV se manifesta no corpo?
3 – Quais são as formas de transmissão?
A vacina – Distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina é do tipo quadrivalente, ou seja, protege contra quatro subtipos (6, 11, 16 e 18) do HPV, dos quais dois (subtipos 16 e 18) são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero no mundo. A vacinação, no entanto, não substitui a realização do exame preventivo e nem o uso de preservativo nas relações sexuais.
Para este ano, o Ministério da Saúde adquiriu 15 milhões de doses da vacina, que é utilizada em mais 51 países e recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Como deve ser tomada em três doses, adquirir a vacina nos postos de saúde sai em conta (na rede particular uma única dose pode custar de R$300 a R$500).
Atualmente, investigam-se os possíveis efeitos colaterais da vacina. No Espírito Santo (ES), nove meninas passaram mal após serem vacinadas na escola, na cidade de Cariacica. Dois casos também foram registrados no Rio Grande do Sul (RS), mas as meninas já passam bem e não correm risco de vida. Apesar disso, a literatura médica não prevê nenhum dos efeitos relatados como diretamente ligado à aplicação da vacina.
Em Florianópolis – A vacinação nas escolas deve acontecer até o dia 14 de abril. Até o momento, cerca de 24% das meninas de 10 a 14 anos já foram vacinadas em Florianópolis. De acordo com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE) do estado, não é necessário autorização ou acompanhamento para vacinação de meninas nos postos de saúde. Nas escolas, em caso de recusa da vacina por parte dos pais, um termo deve ser assinado e entregue dentro do prazo. “Mas registramos menos de 5% de casos de recusa, e geralmente porque os pais querem acompanhar as filhas até o posto de saúde”, conta a gerente de Vigilância de Doenças Imunopreveníveis e Imunização da DIVE, Vanessa Vieira da Silva.