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Protetores independentes buscam o bem-estar animal

Texto: Anna Paula da Silva (annaeannap@gmail.com) e Simone Feldmann (simone.feldmann@gmail.com)

Há três anos, Iane Lusa se tornou protetora de animais quando o abandono de gatos e cachorros se tornaram frequentes em  frente de sua casa. Hoje, ela cuida de 50 cachorros  e com o próprio dinheiro. Em Florianópolis, mais de 500 protetores e voluntários associados a organização Protetores e Amigos Trabalhando pelos Animais (Pata) atuam pelo bem-estar de cães e gatos de forma independente. Apesar da rotina corrida, que envolve também o marido e as duas filhas, Iane garante que não se arrepende por investir tempo e dinheiro na causa. A recompensa é a satisfação de cada doação realizada.

A existência dos protetores independentes está diretamente relacionada ao alto índice de animais abandonados nas ruas e da falta de políticas que incentivem a castração. Além do abandono, casos de maus tratos e exploração de animais para aluguel, usados  no setor da segurança privada, também são alvo de protestos por parte da ONG Pata.

Adotar um bichinho de estimação é uma decisão importante, já que ele fará parte da família durante anos. Por isso, além de dar amor e carinho, é necessário que se tenha uma atenção especial com a alimentação, saúde e o conforto do animal.

Ao ser questionada sobre os cuidados no começo da relação com o novo membro da família, Iane resume dizendo que é como receber uma criança: “arrumar a casa evitando locais perigosos onde o cão possa se enroscar, colocar produtos de limpeza e remédios fora do alcance e principalmente, nos 15 primeiros dias, ter muito cuidado na hora de abrir e fechar os portões, porque se o animal se perde logo no começo, ele ainda não vai ter um referencial de como retornar para casa”.

Priorizando o bem-estar animal, a ONG promove feiras de adoção para dar um lar aos cães e gatos que são resgatados das ruas. Para garantir que o animal será bem tratado, quem tem interesse em adotar deve atender alguns critérios, como: ter mais de 18 anos, apresentar CPF e RG, passar por uma breve entrevista e assinar um termo de adoção.

Para a protetora Marlene Ferraz, o importante não é só a adoção, mas,  a garantia de que o animal terá tratamento adequado. Na sua prática como protetora, além de fazer uma rigorosa seleção para escolher o adotante, ela continua acompanhando a adaptação do animal ao novo lar. Atualmente, ela abriga 20 cães em sua casa, todos aguardando a adoção. Antes da doação ela garante a vacinação e a castração.

A castração é a forma mais eficiente de controle populacional de animais. O procedimento cirúrgico impede a procriação de gatos e cães, sendo feita a retirada dos testículos do macho e dos óvulos da fêmea. Entre outros benefícios, a castração é importante pois permite que o animal viva por mais tempo, tenha menos chances de contrair doenças graves como alguns tipos de câncer.

O diretor da ONG, Ari Carvalho, diz que o bem-estar animal está longe de ser alcançado, mas o mais importante seria transformar o pensamento social acerca da vida animal. Segundo ele, para isso é necessário começar cedo, conscientizando crianças entre três e nove anos. Uma referência de ensino na área é o Instituto Nina Rosa que disponibiliza material educativo gratuitamente, além de informações sobre exploração animal, guarda responsável e educação humanitária.

Sobre a PATA
A organização foi criada em 2000 e desde então é uma das referências quando se fala de proteção animal em Florianópolis. Ari Carvalho, conta o grupo se reuniu a partir da necessidade em acolher os cães abandonados pelas ruas após o fim da ONG Abaré, que mudou-se para São Paulo após entraves políticos. Hoje, mais de 500 protetores e voluntários ajudam na missão, que Ari descreve como “secar gelo”, já que a quantidade de abandonos é tão grande quanto a de animais acolhidos.

As feiras de adoção são realizadas duas vezes por mês, no primeiro e no terceiro sábado, em espaços cedidos por shoppings e supermercados. O voluntariado é essencial para o bom andamento das feiras – quanto mais ajuda, mais animais podem ser levados e terem a chance de encontrarem seus donos ideais. Deise Consani é estudante da UFSC e conheceu a PATA depois de encontrar um cachorro atropelado perto de casa, no bairro Pantanal. Ela conta que entrou em contato com os protetores em busca de ajuda na recuperação do cãozinho, gostou do trabalho realizado, e agora atua como voluntária.

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