Paratleta de natação de Florianópolis volta ao Circuito Nacional e fica entre os dez melhores na sua categoria
Gosto pelo água surgiu ainda na infância e tornou-se atividade profissional
Reportagem por Júlia Graboski e Maria Clara de Farias
Para Thiago, 22, a natação vai além de um esporte, faz parte da sua trajetória pessoal. Aos 22 anos, o jovem para-atleta encontra dentro das piscinas uma forma de se desafiar e crescer. Thiago nasceu com mielomeningocele, uma má-formação na medula espinhal que trouxe consigo uma série de desafios físicos desde os primeiros dias de vida.
Ainda bebê, aos seis meses de idade, iniciou a hidroterapia como parte do tratamento médico. Foi ali, entre flutuações e movimentos aquáticos, que descobriu muito mais do que uma técnica de reabilitação, encontrou uma paixão e um propósito que o acompanha até hoje.
Aos 11 anos, já transformando sua afinidade com a água em algo mais competitivo, participou de sua primeira prova, uma maratona aquática na Ilha do Campeche, em Florianópolis. Foi apenas o começo. Depois dessa, vieram entre 15 e 20 travessias em mar aberto.
Em 2016, Thiago decidiu também explorar as piscinas, participando de seu primeiro campeonato regional em Curitiba. Desde então, passou a se destacar em provas do circuito escolar e regional, crescendo tecnicamente e ganhando visibilidade no cenário paradesportivo de Florianópolis.
Em 2018, foi preciso interromper sua rotina de treinos para enfrentar uma cirurgia na coluna, motivada por complicações como escoliose, lordose e cifose. O procedimento exigiu quase dois anos de recuperação e readaptação, marcando um dos momentos mais desafiadores de sua carreira.
Justo quando se preparava para retomar os treinos com intensidade, a pandemia de covid-19 impôs uma nova pausa forçada. Seu retorno definitivo às competições aconteceu em 2021, quando estreou no circuito nacional e garantiu vaga no Campeonato Brasileiro, classificando-se entre os oito melhores do país em sua categoria. O feito se repetiu nos anos seguintes, em 2022 e 2023.
Outra cirurgia na coluna o afastou das piscinas por sete meses em 2023. O processo de retorno foi gradual e estratégico. Primeiro, retomou as travessias em mar aberto, e só depois voltou às competições em piscina. Em 2024, plenamente recuperado, Thiago participou de etapas do Meeting de natação em Florianópolis e Curitiba, voltando a sentir o ritmo e a intensidade dos treinos de alto rendimento.
Com o resultado obtido nas duas etapas, Thiago voltou a competir no Circuito Nacional, ao lado dos melhores atletas do país. Nas provas, conquistou o 7º lugar nos 50m costas e o 6º lugar nos 200m livre.
Mesmo diante de novas limitações físicas impostas pela última cirurgia, Thiago segue determinado e confiante. “Já voltei a fazer uns treinos mais fortes. Claro, com algumas limitações que antes da cirurgia eu não tinha, mas estou otimista. Os resultados já estão dentro do esperado”, afirma.
Atualmente, ele tem se dedicado também ao remo, buscando nesse novo esporte uma oportunidade de ampliar seus horizontes e testar seus limites em outra modalidade competitiva. A decisão veio da vontade de continuar se desafiando e conquistando novos espaços, já que, segundo ele, a natação, embora seja uma paixão, apresenta certas limitações e desigualdades que tornam difícil alcançar resultados além dos que já obteve. Ainda assim, Thiago continua nadando, treinando e competindo, por ser o esporte pelo qual é apaixonado.
