This is an example widget to show how the Secondary sidebar looks by default. You can add custom widgets from the widgets screen in the admin. If custom widgets are added then this will be replaced by those widgets
Moradores relatam não ter recebido apoio suficiente para a retirada dos pertences
Reportagem por Júlia Graboski
No dia 29 de abril de 2025, quatro casas foram demolidas na Praia do Forte, em Florianópolis, após uma disputa judicial que durava mais de 30 anos. As moradias ficavam em uma área federal tombada, próxima à Fortaleza de São José da Ponta Grossa, sob responsabilidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e da Secretaria do Patrimônio da União (SPU). Os moradores, descendentes de pescadores com mais de um século de vínculo com o território, receberam ordem de desocupação com 72 horas de antecedência, o equivalente a três dias. Durante a demolição, houve forte presença policial e uso de spray de pimenta contra manifestantes que tentavam impedir a ação.
A justificativa oficial para a derrubada foi a ocupação irregular em área de preservação histórica e ambiental. Os moradores alegam laços históricos e afetivos com o local, além de ausência de alternativas de reassentamento. A destruição das casas gerou protestos e comoção pública, reacendendo debates sobre direito à moradia, memória coletiva e políticas de remoção em comunidades tradicionais. Entre os destroços, ficam as memórias e as histórias de vida de uma comunidade nativa.
Ivânio Alves da Luz, de 65 anos, descendente direto de Heres Antônio Alves, um dos primeiros habitantes da região, cresceu em uma casa construída por seu bisavô, que, segundo relatos familiares, participou da construção da Fortaleza de São José da Ponta Grossa. Ivânio administra um restaurante familiar, fundado por seu pai, que se tornou ponto de encontro para moradores e visitantes da Praia do Forte. Foto: Júlia Graboski
Destroços de uma das casas derrubadas no dia 29 de abril, durante a demolição das moradias no Forte, em Florianópolis. No local, ficaram espalhados móveis, objetos pessoais e materiais de construção. Moradores relataram não ter recebido apoio suficiente para a retirada dos pertences. Foto: Júlia GraboskiTerreno onde dois imóveis foram derrubados. As cruzes sinalizam, segundo os moradores, a morte da história ali vivida por gerações.Os entulhos foram cobertos e o local, agora vazio, carrega marcas de lembranças apagadas pela ação das máquinas. Moradores denunciam a falta de diálogo e o apagamento simbólico de suas vivências. Foto: Júlia Graboski Por baixo da lona estão os restos da casa do irmão de Ivânio, que antes havia pertencido ao pai deles. A residência foi demolida no dia 29 de abril. Sem ter para onde levar os móveis e objetos pessoais, o dono precisou enrolá-los na lona improvisada. Os destroços permanecem no local, agora num estacionamento construído após a destruição de outro imóvel da área. Foto: Júlia GraboskiSinalização colocada na subida para o Forte, em frente às casas destruídas. A demolição gerou revolta e sensação de abandono entre as famílias afetadas. Foto: Júlia Graboski
Banner produzido pelos moradores do Forte expõe a história do processo de remoção vivido pela comunidade. Instalado em área de grande circulação, o material busca chamar a atenção de turistas e visitantes. Para os moradores a iniciativa é uma forma de preservar a memória coletiva e resistir ao apagamento social. Foto: Júlia Graboski O Restaurante de Ivânio exibe placas que simbolizam a resistência e luta pela permanência no território. As mensagens foram colocadas na fachada como forma de protesto e conscientização O espaço, além de comercial, tornou-se ponto de memória e resistência cultural. Ivânio segue atuando no local, mesmo diante das pressões e incertezas sobre o futuro. Foto: Júlia Graboski Vista da praia que os moradores das casas tinham antes da demolição. Moradores relatam perda não só material, mas também cultural e social. Foto: Júlia Graboski
Portão derrubado de uma das casas demolidas, com acesso direto pela praia. A estrutura remanescente marca o local onde funcionava a entrada da residência. Moradores usavam o caminho como ligação cotidiana com o mar e a comunidade. Foto: Júlia Graboski