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Reportagens

Como enfrentar a intimidação contra docentes

O manual de defesa contra a censura nas escolas, produzido em 2018 com a colaboração de mais de 80 entidades da educação e dos direitos humanos, traz explicações sobre como identificar violências, quais são os processos mais comuns movidos contra professores, as bases legais que amparam a liberdade de cátedra e canais para atendimento. O documento ainda aponta um passo a passo a ser seguido pelo educador vítima de violência:

Fonte: adaptação do manual de defesa contra censura nas escolas (2025)

Formar professores conscientes sobre como reagir à perseguição é fundamental para superar o cenário da violência, analisa o advogado Rodrigo Timm. “É preciso melhorar a formação desse educador. O professor, quando escolhe essa profissão, precisa saber que está em uma situação de embate de ideologias e que ele pode ser alvo. Então esse professor precisa entender como os processos funcionam, compreender os termos jurídicos e conhecer seus direitos”.

Para Rodrigo, a inserção em redes de apoio é essencial para superar a violência. “Garantir que todos estejam reunidos em sindicato, em associação, em núcleos dos corpos docentes das escolas dá mais segurança. A gente percebe que é muito diferente quando o professor está sozinho ou em grupo. Quando ele tem uma rede de apoio ele consegue lidar melhor com a situação e lutar de forma mais qualificada. O grande diferencial é não estar isolado”.

De acordo com a antropóloga Letícia Cesarino, que atuou no Ministério dos Direitos Humanos em uma assessoria voltada à educação, mecanismos para interromper a escalada do processo de perseguição são necessários. “É preciso agir em diferentes pontos, pode ser na responsabilização da plataforma em que esses discursos de ódio contra professores são alimentados, pode ser na responsabilização do parlamentar que atua como perpetrador dessas violências, pode ser na criação de mecanismos dentro da própria escola para mediação dos conflitos”.

Ela analisa que uma gestão democrática, com participação das famílias, pode ajudar a interromper a escalada da perseguição. “Se existe uma relação mais transparente com as famílias, possíveis problemas podem ser solucionados com facilidade, a partir de conversas e reuniões. Isso evita que maus entendidos se agravem e que a violência escale. É a opacidade que gera a desconfiança, o descrédito.”

Qualificar a cobertura que a mídia faz dos casos violência e realizar pesquisas na área também são estratégias para enfrentar a perseguição e a censura aos educadores, analisa Fernando. “Ter uma dimensão real desse cenário é muito importante. Pesquisas e reportagens bem feitas dão materialidade para que os educadores saibam o que está acontecendo. A partir da identificação do problema podemos cobrar as autoridades, bater na porta de quem promove essa violência e pensar em mobilizações coletivas”.

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Reportagem produzida como trabalho final da disciplina de Linguagem e Texto Jornalístico IV, no primeiro semestre de 2025, sob orientação da Professora Dra. Maria Terezinha da Silva.

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