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Reportagens

Vida social e convivência familiar são chaves para prevenir casos de demência em idosos

Relatório do MS estima que, até 2050, quase seis milhões de brasileiros enfrentarão o problema

Reportagem por Ariéll Cristóvão

Sr. Nelson Pauli (90 anos) e Dona Maria Koch Pauli (92 anos) posam abraçados com suas netas Leticia Pauli (18 anos), Isadora Pauli (12 anos) e Maria Valentina Simones (10 anos), em uma demonstração de união. Foto: Ariéll Cristóvão.

O Relatório Nacional sobre Demência, divulgado pelo Ministério da Saúde (MS) em setembro de 2024, mostra que cerca de 8,5% da população com 60 anos ou mais convivem com demência, representando 2,71 milhões de casos no Brasil. A projeção é que, até 2050, esse número chegue a 5,6 milhões. De acordo com o relatório, 45% dos casos poderiam ser retardados ou prevenidos por meio de simples atos, como organizar passeios em família.

“A maior alegria da minha vida, é poder ver que a família que construí junto da minha esposa sempre nos visita, eles são muito unidos. As visitas deles ajudam muito com a nossa saúde, é uma terapia para nós”, relata Nelson Pauli, 90, aposentado e casado há 69 anos com Maria Koch Pauli, 92, também aposentada. Juntos, eles formaram uma família de: 14 filhos (13 vivos), 21 netos e oito bisnetos. O casal é morador do bairro Rachadel, na cidade de Antônio Carlos, desde antes de sua emancipação de Biguaçu, em 1963, no interior da Grande Florianópolis (SC). A dupla se mantém ativa nos afazeres do dia a dia com o apoio da família e dos amigos.

A neta Leticia Pauli, 18, estudante de Enfermagem, mora ao lado dos avós, os visita diariamente e participa de suas rotinas. “Só de pensar que posso vir aqui todo dia, pedir para a vó o que preciso para a cozinha de casa ou ajudar o vô com as galinhas, é muito especial. Esses momentos mostram o quanto a família contribui para a saúde tanto mental quanto física deles”, conta.

Além do apoio e da atenção, Leticia também enxerga a relevância de sua formação acadêmica e profissional nos cuidados diários com os avós. “Eu vejo que eles dependem da gente para cuidar da saúde. Perguntar se está tudo bem, observar se algo mudou, isso é essencial. Mas, acima de tudo, é o carinho que faz a diferença. A própria medicina comprova que a felicidade ajuda a atrasar ou a não desenvolver doenças”, explica.

Para Melissa Locks, professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), especialista em saúde de idosos e vice-presidente da Associação Brasileira de Alzheimer de Santa Catarina (ABRAz-SC), o papel da família é vital para um envelhecimento saudável. “Manter-se socialmente ativo, reduzir o sedentarismo exercitando o corpo e participar de eventos familiares são fatores que ajudam a se prevenir contra doenças como o Alzheimer”, afirma.

 Sr. Nelson e Dona Maria posam sorrindo ao lado das netas Leticia, Isadora e Maria Valentina. Foto: Ariéll Cristóvão.

Segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), nos primeiros cinco meses de 2023, o Disque 100 registrou 19.987 casos de abandono de idosos. Melissa ressalta como a presença constante da família ajuda a desconstruir preconceitos sobre o envelhecimento. “Por muito tempo, idosos que adoeciam eram tratados como fardos. Felizmente, estamos vendo uma mudança nessa percepção. Hoje, compreendemos que eles devem estar no centro das relações familiares, recebendo amor e participando ativamente da sociedade onde vivem”, diz.

A professora Liliam Ghizoni, do Departamento de Psicologia da UFSC, compartilha uma vivência pessoal: cuidar de sua mãe diagnosticada com Alzheimer. “O carinho e o respeito ajudam minha mãe a sentir que ainda é amada e valorizada, mesmo diante do declínio cognitivo. A memória afetiva persiste, mesmo que outras memórias se percam”, explica. Liliam destaca que o cuidado familiar vai além do suporte prático. “Cada gesto, cada sorriso, tem um impacto. Cuidar é um ato de amor que reforça a dignidade do idoso e traz conforto em meio aos desafios”, complementa.

“Hoje em dia, as crianças estão sempre com o celular. No nosso tempo, a gente conversava mais, estava sempre junto”, reflete o Sr. Nelson. Para ele e Dona Maria, a modernidade trouxe desafios para manter as relações calorosas que, há alguns anos, era algo tão simples e comum de se vivenciar. No entanto, as visitas constantes dos filhos, netos e bisnetos mantém o lar cheio de alegria. “Cada visita é uma festa. É lindo ver as crianças correrem ao redor da mesa do café, faz a gente se sentir jovem de novo”, diz Dona Maria sorridente.

Homenagem:

Este trabalho é uma homenagem à memória de minha avó, Jordelina Isabel Cristóvão, a Dona Jorda, como era conhecida pela família e amigos, que partiu aos 91 anos, em 2021, deixando um vazio impossível de se preencher.

Dona Jorda sorri enquanto recebe um beijo de seu neto Ariéll, em um momento de carinho, em 2016. Foto: Izolete Cristóvão de Souza.

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