Montagem com as oito coxinhas diferentes montando várias coxinhas

Coxinhômetro: saiba qual é a melhor coxinha das lanchonetes da UFSC

O Cotidiano visitou todas as lanchonetes do campus Trindade da UFSC para decidir qual é a melhor – e a pior! – coxinha da universidade

Reportagem por Clara Spessatto, Ísis Leites, Jullia Gouveia e Júlia Matos

Seu estômago ronca. Lá fora, o sol é impiedoso e apenas poucos metros te separam do seu alimento. De repente, o tempo congela. Você a vê se formando diante de seus olhos, imponente, infinita, sem que possa fazer nada para impedir. Parece cena de filme, mas é a visão de muitos alunos do campus Trindade da UFSC ao serem liberados das aulas da manhã um segundo após às 11h40min e presenciarem o nascimento da temida fila do Restaurante Universitário (RU). 

Na rotina corrida entre aulas, estágios, empregos e horários de ônibus, muitos estudantes relatam já terem deixado de almoçar no RU por falta de tempo para enfrentar sua impiedosa fila. Maria das Graças, diretora do RU, é imperativa: “No semestre anterior, eram 8 mil refeições diárias. Hoje, já são 10 mil. Do meio dia às 13h, essa fila vai existir”. 

Exigente, João Victor, do curso de Letras Português, também critica as mesas apertadas do restaurante: “Acho o local muito apertado, as mesas parecem escola de filme americano. Eu venho da UFRGS, o RU lá é mais humano, são 4 pessoas por mesa e ela é bem espaçosa”. Mas o colega Fernando logo cutuca o gaúcho: “Pode falar bem também? A comida é boa e os alunos que vêm de fora sempre elogiam”, provoca, recebendo um aceno de cabeça positivo do amigo.

Apesar dos eventuais julgamentos, a opinião popular quando se fala de comida na UFSC é que o único que merece o selo Bom e Barato é o nosso RU, que consegue manter o valor de R$ 1,50 para almoço e jantar em 2022. Mas seja para substituir um almoço corrido ou matar a fome nos intervalos das aulas, as lanchonetes espalhadas pela universidade também integram o cardápio da maioria dos estudantes. Por isso, o Cotidiano embarcou na missão de auxiliar a vida da comunidade universitária. Experimentamos todas as coxinhas da UFSC e montamos o COXINHÔMETRO pra você conhecer os sabores e o custo-benefício de cada uma delas. Confira o nosso ranking exclusivo, sem patrocinadores e comprometido com a verdade!

8°. A Lanchonete (CTC - Centro Tecnológico)

Lanchonete bem decorada ao ar livre, com plantas, parede de pedra, cadeiras de metal minimalistas e muitos clientes.
A Lanchonete, localizada no CTC. Foto por Clara Spessatto

A arquitetura e a decoração da lanchonete do CTC esbanjam bom gosto e modernidade. É o lugar perfeito para aqueles que desejam trazer o notebook e romantizar a vida de universitário que nem poderia estar gastando tanto dinheiro no local. Ganha pontos pelas opções diferenciadas como donuts, buffet de cachorro quente, petit gateau, pão pizza, wrap, cheesecake de doce de leite e mais uma variedade de tortas. Mas seus preços levam muitos alunos do Centro Tecnológico, como Bruna e Fabrício, da Engenharia de Produção Civil, a optarem por comer em outros lugares da universidade: “Vou na lanchonete do CCS e não na do CTC, porque é muito cara”.

Coxinha muito esticada, como um triângulo isósceles, com a ponta seca e sem recheio nenhum. Frango de cor bege. Cadeira de metal cor de menta ao fundo.
Coxinha de A Lanchonete. Foto por Clara Spessatto

Provamos essa coxinha para que ninguém mais tenha que provar. O exterior, mesmo que suspeito, não te prepara o suficiente para comer esse salgado frio, seco, massudo e sem sabor. A arquitetura ousada do alimento tornou um desafio até mesmo levar o prato à mesa sem tombar a suposta “coxinha”. Ela nos causou traumas reais e finalizá-la foi – preocupantemente – a maior vitória do dia. Após pagarmos o valor de quatro almoços no RU e dois docinhos, nossa nota é de repúdio.

Preço: R$8,00. Nota: 1,5

7°. Grão Café (Centro de Eventos)

Grão Café, localizado no Centro de Eventos. Foto por Ísis Leites

O ar gourmet desta cafeteria combina com o prédio requintado do Centro de Eventos. A variedade de doces e tortas, as opções veganas e o café moído na hora são alguns dos fatores que fazem o Grão Café ser o queridinho dos professores da UFSC, como Valci Zuculoto, do Departamento de Jornalismo. “Às vezes, pela proximidade, pego um café na lanchonete do CCE. Mas quando tenho um tempo, prefiro o café do Elefante Branco”, ela conta, referenciando o apelido dado ao prédio em 2004 durante sua construção, uma obra considerada lenta e faraônica pelos estudantes da época.

Coxinha do Grão Café. Foto por Ísis Leites

Por mais chique que seja o cafezinho espresso da lanchonete, ele não consegue ajudar a descer a coxinha dura e mirrada que nos esperava naquele fim de tarde. A menor coxinha da UFSC é também a segunda mais cara, acumulando o valor de quatro almoços no RU. Os únicos pontos que conseguimos conceder se devem ao recheio com um sabor diferenciado. Ficamos com a impressão de que o catupiry fosse de qualidade, mas não conseguimos confirmar, já que a única molécula do ingrediente teve que ser dividida entre as duas repórteres e se perdeu no processo. O pior pecado é o design obsoleto, com a ponta da coxinha inteiramente obstruída por uma bolota de massa chicletuda. Para harmonizar com essa coxinha gourmet, só pedindo outra coisa.

Preço: R$ 6,00. Nota: 2

6°. Container (CSE - Centro Socioeconômico)

Container, localizado no CSE. Foto por Clara Spessatto

O ambiente arejado e a localização são os pontos fortes do CSE Container, que é parada obrigatória para diversos estudantes famintos que transitam do ponto de ônibus até seus departamentos. O chocolate quente cremoso e as opções de suco também são um diferencial. A lanchonete, entretanto, possui poucas mesas e cadeiras, tornando os dias de chuva ainda mais desagradáveis para aqueles que só querem comer um lanche sequinho em paz. Marina, estudante de Relações Internacionais, costuma escolher a opção mais segura: “Só tomo café. Aqui no Container, acho meio caro e os salgados são feios, esturricados”. 

Coxinha do Container. Foto por Clara Spessatto.

A coxinha do Container é o perfeito exemplo de um salgado mediano. Ela não entregou uma explosão de sabores ou uma experiência gastronômica inesquecível, mas ela nunca prometeu nada disso mesmo. Apesar do tempero do frango ser levemente exagerado e de carecer de catupiry, o conjunto dos elementos é harmônico e bom o suficiente para nos destraumatizar da coxinha da lanchonete do CTC. O recheio é caprichado e bem distribuído, o que compensa a massa meio densa. Selada por uma casquinha uniforme e firme, a coxinha do Container te proporciona um lanche agradável e sem grandes arrependimentos.

Preço: R$ 5,00. Nota: 3

5°. Giga Café (CDS - Centro de Desportos)

Lanchonete colorida com mesas ao ar livre.
Giga Café, localizado no CDS. Foto por Ísis Leites

A arquitetura do Giga Café é bem particular, com um teto abobadado que é, certamente, uma escolha que não temos a formação acadêmica para criticar. O espaço é aberto e muito agradável: dá até para se entreter assistindo um jogo de tênis ao vivo na quadra próxima. De cara, achamos que era um daqueles cafés calminhos onde as pessoas vão para estudar, julgando pelos poucos clientes, quietinhos em seus notebooks. Mas Maria Eduarda, estudante de Educação Física, nos informou que era uma situação atípica: “Geralmente é bem mais movimentado, já que é um dos lugares mais baratos pra comer”. Segundo o nosso levantamento, os salgados empatam com as lanchonetes mais em conta da UFSC, mas o café realmente é o mais barato da universidade! O copo de 200ml, que passa de R$ 2,00 em outros lugares, aqui é vendido por R$ 1,50 – uma economia que faz diferença para os estudantes que precisam de muita cafeína todos os dias – e ainda é feito com grãos selecionados, para o orgulho dos atendentes.

Coxinha arredondada, massa fofa e muito catupiry, acompanhada de lata de Coca.
Coxinha do Giga Café. Foto por Ísis Leites.

Esta coxinha pode ser descrita por muitos adjetivos: rústica, artesanal, espontânea. Só não vale chamar de bonita. A casca retorcida, apesar de crocante, se separou do salgado na frente dos nossos olhos, revelando uma massa razoável e em temperatura ambiente. O tempero do frango é gostoso e dá destaque para a salsinha, além do capricho evidente na quantidade generosa de catupiry – que, infelizmente, tinha um gosto residual de plástico. Considerando tudo, por maior e mais bem intencionada que seja, a coxinha do CDS não leva o campeonato.

Preço: R$4,00. Nota: 3

4°. Café CCS (Centro de Ciências da Saúde)

Lanchonete de teto alto, de madeira, relativamente espaçosa.
Café CCS, localizado no CCS. Foto por Clara Spessatto

Apesar de relativamente mal iluminado, o Café CCS é espaçoso e dispõe de uma quantidade generosa de mesas e cadeiras, o que acrescenta alguns pontos no critério ambientação. Julia C., estudante de Farmácia, destaca a rapidez do atendimento e a variedade de produtos do Café. Além das opções clássicas de salgados, também podem ser encontrados doces que despertam interesse, como picolés de diversos sabores e chocomousses de maracujá e limão. 

Coxinha pequena com muito recheio.
Coxinha do Café CCS. Foto por Clara Spessatto

A coxinha do CCS é despretensiosa e simples, o que tornou sua performance ainda mais surpreendente. Ela é bem recheada, temperada na medida certa e com casquinha crocante. Mas, como somos exigentes e estamos aqui para procurar defeitos, consideramos que o salgado poderia conter mais catupiry e uma massa menos consistente. Fora isso, não temos muito a reclamar depois de vivenciarmos tantas experiências desagradáveis. 

Preço: R$5,00. Nota: 3,5

3°. Assim Assado (CCE - Centro de Comunicação e Expressão)

Assim Assado, localizado no CCE. Foto por Ísis Leites.

O espaço do Assim Assado é também uma das entradas para o Bloco B do CCE; por isso, apesar das janelas abertas, parece apertado em comparação às outras lanchonetes. A lanchonete é uma das mais movimentadas da universidade por motivos que vão além da localização. Alguns vêm de longe, como Murilo, calouro de Engenharia de Controle e Automação, porque “o preço é ótimo e os salgados também”. Outros, como Belen, estudante de Odontologia, frequentam mais pelo fator social: “Não é porque gosto mais de lá, mas a maioria das minhas amigas estudam no CCE, então é onde nos reunimos”. Apesar da popularidade entre estudantes de outros centros do campus Trindade, quem é de casa vê defeito, como Pudo, estudante de Animação: “Tenho críticas ao aumento dos preços, acho que é caro demais para a qualidade”. O Assim Assado é um dos cafés que mais oferece opções vegetarianas e veganas, mas para Éden, da Animação, os lanches sem derivados animais são arriscados demais: “O problema é que eles são inconsistentes. Outro dia, peguei uma coxinha vegana que estava ótima. Quando fui pegar de novo, o recheio estava totalmente líquido. Nunca mais comi coxinha daqui.”

Coxinha de cores suaves, recheio caindo levemente quando cortado e com muita salsinha, acompanhada de Coca Cola. Ao fundo, uma janela grande da lanchonete mostrando árvores.
Coxinha do Assim Assado. Foto por Ísis Leites.

Precisamos admitir: essa avaliação não tem nenhuma objetividade jornalística. Acostumadas com a adrenalina que é consumir um salgado no CCE – que pode estar queimado, congelado ou cru, a depender do dia –, já fomos com um pé atrás. Porém, ao cortar ao meio a coxinha crocante, que tem uma casquinha super diferenciada de todas as outras e não desgruda, tudo parecia estar indo bem demais. Quando provamos, estava morna. Morna, e não fria!!! O sabor do frango estava bom; já o catupiry, que costuma ser um desafio à parte, só tinha uma lembrança do seu habitual gosto de isopor derretido. Algum informante avisou a lanchonete com antecedência das críticas culinárias que receberia? Ou será que a grama do vizinho é sempre mais verde? A coxinha do CCE nos contemplou perfeitamente e poderia até pontuar mais, não fosse o medo de criar grandes expectativas e receber cartas revoltadas de leitores que não deram a mesma sorte. Com nota acima da média, o Assim Assado conquista a medalha de bronze do Coxinhômetro.

Preço: R$4,00. Nota: 3,5. Medalha de bronze.

2°. B’min Lanchonete (CCB - Centro de Ciências Biológicas)

Lanchonete tranquila com muitas mesas ao ar livre e sol leve.
B'min Lanchonete, localizada no CCB. Foto por Clara Spessatto

Entre as lanchonetes que visitamos nessa jornada gastronômica, a B’min é, sem dúvidas, uma das que possuem a maior variedade de opções veganas, como empanados, coxinhas e quiches. “Também tem almoço e porção de batata frita. Mesmo sendo um pouco caro, acho que compensa pela qualidade”, diz Julia R., estudante de Ciências Biológicas, que frequenta – e adora – o café. O espaço é agradável e bem arejado, por possuir mesas ao ar livre. 

Coxinha amassada, mas de cores agradáveis e catupiry identificável.
Coxinha da B'min Lanchonete. Foto por Clara Spessatto

A coxinha que leva a honra de ocupar o segundo lugar no nosso ranking e em nossos corações tem quase tudo aquilo que um exemplar desse salgado deve oferecer. Ela não só possui frango, catupiry e massa excelentes, como também apresenta tudo isso a uma temperatura quentinha o suficiente para não esfriar em dias de vento no CCB. Apesar da lista de elogios, não podemos ignorar o fator crocância, no qual outros pratos avaliados obtiveram um desempenho mais certeiro. Nossa coxinha de prata, ainda assim, merece aplausos e replay.

Preço: R$5,00. Nota: 4. Medalha de prata.

1°. Pepo Lanchonete (CFH - Centro de Filosofia e Ciências Humanas)

Lanchonete com vitrine cheia de salgados e doces. Poucos clientes
Pepo Lanchonete, localizada no CFH. Foto por Ísis Leites.

Recém inaugurada, a Pepo Lanchonete veio para substituir a cantina vizinha do Centro de Ciências da Educação (CED), fechada recentemente, e já acumula elogios. Letícia, da Museologia, já é fã: “Os preços são iguais aos da maioria das lanchonetes, mas tem muito mais opções. Tem tortas de KitKat, de bolacha, de limão, donuts”. Além das mesinhas de plástico e balcões, os clientes também podem se sentar nos banquinhos de pedra que rodeiam o espaço aberto e agradável da lanchonete, aproveitando a grama e o dia de sol. Mas temos um aviso: para comprar no Pepo, é preciso entregar o dinheiro no caixa e receber uma ficha com o valor equivalente para ser trocada no balcão. Números? Justamente no centro de Ciências Humanas? Achamos uma perseguição meio pessoal. 

Coxinha muito recheada num papel pardo em cima de uma mesa de plastico. Ao fundo, um espaço gramado com mesas ao ar livre.
Coxinha da Pepo Lanchonete. Foto por Ísis Leites.

Para não perder pontos no critério temperatura, os salgados do Pepo são esquentados no microondas antes de serem entregues aos clientes – processo que, acreditem se quiser, não diminuiu a crocância da coxinha. Não é a mais recheada da UFSC, mas o frango tem tempero na medida certa. Porém, cabe ao Cotidiano publicar mais uma denúncia: pedimos a coxinha com catupiry e recebemos a versão SEM catupiry!!! Tomamos as medidas cabíveis e descontamos um ponto da nota total. Mas temos que reconhecer: a lanchonete do CFH prometeu novidade com precinho camarada e entregou exatamente isso. Por isso, leva um voto de confiança e, de quebra, a medalha de ouro do Coxinhômetro. 

Preço: R$4,00. Nota: 4. Medalha de ouro