Coxinhômetro VEGANO: conheça a melhor coxinha sem carne da UFSC

O público pediu, o Cotidiano atendeu: provamos os principais salgados veganos do campus Trindade e trouxemos a crítica gastronômica que vai socorrer seu paladar – e seu bolso!

Reportagem por Júlia Matos, Júlia Venâncio e Jullia Gouveia

São três horas da tarde e você acabou de ser liberado para o intervalo da sua aula da universidade. Você entra numa lanchonete do campus com a expectativa de poder comprar uma comida diferente e saborosa, afinal, você está cansado de comer apenas salada de frutas. Depois de muita procura, não encontra nada que atraia o seu olhar e faça a sua boca salivar.

Na hora da janta no Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), você sabe o que te espera: arroz, feijão e – se suas preces foram atendidas –, o acompanhamento do dia não será farofa. Não é que você tenha alguma coisa contra esse complemento, mas seria bom encontrar um alimento que possa te nutrir, pra variar. Depois de pular a parte com a proteína animal, você enche o seu prato de salada e pega a sua fruta de sobremesa.

Esse é o dia a dia de muitas pessoas veganas e vegetarianas dentro da UFSC. Com poucas opções no campus, o jeito é trazer sua marmita de casa. “Já tive o desprazer de encontrar carne em um salgado que tinha como recheio apenas palmito. Ultimamente, tenho trazido minha própria comida para evitar esse tipo de situação e, quando escolho algo da UFSC para comprar, é doce”, conta uma estudante vegetariana de Fonoaudiologia.

Outro tópico discutido quando mencionamos a alimentação vegana e vegetariana dos estudantes da UFSC é o RU do campus Trindade. Por não possuir proteína vegetal, os estudantes acabam sentindo falta de um complemento “mais vigoroso”. Vitor Augusto, acadêmico de Ciências Econômicas, é vegano e tem suas queixas sobre a alimentação no RU, mas reconhece o valor dele para o universitário. “É bem difícil reclamar do RU se pararmos para analisar custo-benefício. Acho que eles poderiam sempre ter uma opção vegana além da proteína animal, nem que fosse uma simples proteína de soja, assim como no RU do CCA. Mas de resto, não tenho nada a reclamar”.

Por isso, levando em consideração a dificuldade que uma pessoa que não come carne passa pelo campus e os inúmeros pedidos carinhosos da torcida, trouxemos o Coxinhômetro de volta e avaliamos as melhores e piores coxinhas veganas dentro da UFSC. Assim, sempre que bater aquela vontade de comer um alimento diferente e saboroso, você saberá exatamente aonde ir.

5°. B’min Lanchonete (CCB – Centro de Ciências Biológicas)

Coxinha de palmito grotescamente amassada
Coxinha da B'min Lanchonete (Foto por Júlia Matos)

A coxinha do CCB conseguiu o que achávamos que seria impossível: ela foi tão surpreendentemente desagradável quanto à de frango do CTC. Carinhosamente apelidada por nós de coxinha halloween, seu exterior assustador (que se assemelha a uma abóbora podre) revelou que nem sempre as aparências enganam. Nesse caso, nada nos prepararia o suficiente para um recheio que passou a habitar nossos pesadelos. Fomos informadas de que os sabores veganos disponíveis eram jaca e palmito, mas certamente o que ingerimos não se aproximava do gosto, cheiro, aparência ou textura de nenhuma dessas opções. Talvez brócolis? Cebolinha? Vegetais do ralinho da pia? Nada foi confirmado até o momento. O sabor azedo por um preço salgado foi a receita perfeita para um filme de terror.

Preço: R$8,00. Nota: 1,5

4°. Pepo Lanchonete (CFH – Centro de Filosofia e Ciências Humanas)

Coxinha com recheio pastoso e bege claro.
Coxinha do Pepo Lanchonete (Foto: Júlia Matos)

Xoxa, capenga, manca, anêmica, frágil e inconsistente. É assim que podemos classificar a coxinha vegana de palmito do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC. Apesar de ter levado o primeiro lugar no nosso primeiro Coxinhômetro, a Pepo Lanchonete deixou a desejar quando se trata da alimentação sem carne. Com uma coxinha pequena e sem tempero, não sabíamos onde acabava a massa e onde começava o recheio pastoso. Você até consegue sentir um pouco de crocância, mas não compensa a aparência e o gosto sem vida que ela passa.

Preço: 7 reais. Nota: 3 coxinhas

3°. Grão Café (Centro de Eventos)

Coxinha com recheio alaranjado e desfiado.
Coxinha do Grão Café (Foto: Júlia Matos)

Já vamos avisando: não é a melhor coxinha vegana do campus. Mas é a melhor coxinha do café do Centro de Eventos, e talvez o melhor salgado. Ao contrário do salgado de frango radioativo, essa coxinha de palmito é perfeitamente aceitável. Tem textura na medida certa, a crocância mínima exigida pela crítica gastronômica e o tempero é legal – salgado mesmo é o preço, que paga cinco refeições no RU e ainda sobra troco. Talvez esse lanche tenha ouro dentro para ser tão valioso, mas hoje, leva a medalha de bronze.

Preço: 8 reais. Nota: 3,5 coxinhas

2°. Assim Assado (CCE – Centro de Comunicação e Expressão)

Coxinha com recheio avermelhado.
Coxinha do Assim Assado. (Foto: Júlia Matos)

Veganos, temos notícias: a coxinha de palmito do CCE contém derivados de animais! Fiquem atentos, porque as únicas opções veganas estão na vitrine separada. As coxinhas veganas de jaca e bolonhesa de soja são conhecidas na lanchonete, mas só encontramos a última. Não é das maiores e seu exterior é esturricado, sem grandes crocâncias. Apesar do nome prometer aventuras, a coxinha de bolonhesa é só mais um salgado vegano de recheio meio pastoso. O sabor é bem mediano, mas nos conquistou pelo preço: apesar de mais cara que a coxinha de frango, é o salgado vegano mais barato do campus! Pela pechincha, o CCE sobe ao pódio de novo e é vice-campeão do Coxinhômetro.

Preço: 5 reais. Nota: 3,5 coxinhas

1°. Container (CSE – Centro Socioeconômico)

Coxinha dourada com recheio alaranjado e desfiado.
Coxinha do Container. (Foto: Júlia Matos)

A coxinha que conquistou os nossos corações e fez a nossa boca salivar foi a do Container do CSE. Com o exterior homogêneo e casquinha crocante, a coxinha que experimentamos era saborosa e bem temperada. Ao cortar, tomamos um susto muito mais agradável que o espanto com a coxinha do CCB: parecia mesmo que era de frango! Essa coxinha de palmito deliciosa e quentinha lutou pelos direitos dos veganos e provou que eles também são gente. Mas, como a felicidade de quem não come carne dura pouco, o custo pesa nos nossos bolsos e corações, então o Container não vai conseguir o placar perfeito dessa vez. Ainda assim, a coxinha do CSE leva o primeiríssimo lugar do nosso ranking com honra ao mérito.

Preço: 8 reais. Nota: 4 coxinhas

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS

Nem todas as lanchonetes do campus Trindade acham que veganos têm o direito à boa e velha coxinha. Por isso, mantivemos nosso padrão rigoroso e, em todos os locais, avaliamos os salgados veganos disponíveis:

3°. A Lanchonete (CTC – Centro Tecnológico)

Salgado pastoso enrolado numa tortilha integral
Salgado d'A Lanchonete (Foto: Júlia Venâncio)

Para os clientes dessa lanchonete refinada que nunca almoçaram no RU, fica a curiosidade: as facas dos dois locais são igualmente cegas. Partindo para a crítica gastronômica, o único salgado vegano é o triste wrap de vegetais. O exterior integral e anêmico do salgado te prepara muito bem para o interior pastoso e indecifrável. É impossível revelar aqui a receita desse petisco: não porque existe alguma fórmula secreta, mas porque não conseguimos descobrir se o recheio cinzento e sem tempero era de brócolis, palmito, grão de bico, lentilha ou qualquer outro vegetal conhecido pela humanidade. Esse prato é um retrato da mente de quem acha que todo quitute vegano é assado, saudável e tem gosto de comida de hospital. Se seu principal passatempo é declarar imposto de renda, pode ser uma aventura. Se não, as opções são gastar R$ 16 numa tapioca personalizada ou optar pela clássica salada de frutas.

Preço: 8 reais. Nota: 2 brócolis

2°. Café CCS (Centro de Ciências da Saúde)

Empanada integral com recheio cremoso vermelho com palmito
Salgado do Café CCS (Foto: Júlia Matos)

Chegamos ao Centro de Ciências da Saúde com a doce ilusão de comer uma coxinha vegana de palmito e imediatamente descobrimos que o salgado não existe mais. Para o nosso azar, ou sorte, as opções veganas do Café do CCS eram todas em forma de empanado. Apesar da massa estar um pouco crua e ser integral – saudável demais! – , conseguimos sentir bem o recheio de palmito, tomates e ervas. É um lanche sem derivados animais satisfatório e, acredite se quiser, um dos menos caros.

Preço: 6,50. Nota: 3 brócolis

1°. Giga Café (CDS – Centro de Desportos)

Pastel cortado ao meio, recheado de palmito e molho vermelho
Pastel frito

Em primeiro lugar na categoria Participações Especiais, temos o delicioso pastel de palmito do Centro de Desportos. Apesar do Giga Café possuir apenas uma opção vegana, a lanchonete ganhou os nossos corações ao servir o alimento com uma massa gostosa e crocante – além de ter sido frito na hora! O recheio de molho vermelho deixa a estética de pastel de camarão, mas não se preocupe, o gosto é claramente de palmito. Contendo carne ou não, todos os pastéis do CDS são grandes o suficientes pra matar a fome e têm o mesmo preço de R$ 5, então ainda ganham pontos na inclusão social.

Preço: 5 reais. Nota: 4,5 brócolis