O professor universitário e advogado Murilo Ramalho Procópio tem uma relação íntima com junho de 2013. Na época, o então mestrando da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) foi às ruas movido pelo o que hoje entende como “sentimento de que a ascensão social impulsionado pelos governos petistas tinha encerrado e ele “ficou de fora do oba-oba”. Os atos reuniram milhares de insatisfeitos com o custo de vida, entre tantas outras coisas, em diversas cidades brasileiras. O estopim foi o reajuste da passagem de ônibus em São Paulo.
As Jornadas de Junho se tornaram objeto tanto do mestrado como do doutorado de Procópio, o último concluído em 2022 no PPGICH/UFSC (Programa de Pós Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina), no qual interpretou o fenômeno e pesquisou os reflexos das manifestações nos grupos de esquerda, tal como a emergência dos chamados “coletivos”. O recorte foi o município mineiro de Governador Valadares, onde ele vive. O estudo pode ser conferido neste link. Antes, no mestrado, estudou se era constitucional o uso de máscaras em manifestações.
Dez anos depois, o pesquisador guarda uma perspectiva positiva sobre os impactos do movimento na esquerda. Ele a difere das duas opiniões correntes – que responsabilizam as Jornadas de 2013 pela ascensão da extrema direita ou que veem o movimento como revolucionário. Atualmente docente da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), Procópio conversou com o Cotidiano UFSC por telefone sobre as suas memórias e conclusões do fenômeno divisor de águas para o Brasil.