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Sites e agências especializados em notícias boas ganham espaço na internet

Texto: Merlim Malacoski (merlimiriane@gmail.com)

Eu tenho uma notícia boa.
E não, não tenho necessariamente outra ruim. Pelo menos essa é a proposta de sites e agências especializados em divulgar notícias positivas. Uma das iniciativas mais recentes no Brasil é da Agência ODM, no ar há duas semanas, que traz informações sobre ações que colaboram para os 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, estipulados pela ONU em 2000.
A ideia de criar um espaço de ‘comunicação para um mundo melhor” era antiga, e a ODM começou a ser pensada dois anos atrás, segundo Fabrício Escandiuzzi, diretor da agência. Fabrício é jornalista, escreve para o Terra em Santa Catarina, e desenvolveu o projeto paralelo com o amigo e também jornalista Davi Fernando Costa Júnior.
A agência tem correspondentes em diversas cidades do país e recebe colaboração de ONGs e associações, que enviam conteúdo para a ODM. Fabrício conta que a busca por apoio do governo ou de empresas esbarra na dúvida de que “será que as notícias boas têm espaço?”. O diretor da agência acredita que sim, e que as matérias relacionadas à sustentabilidade são um bom caminho. “Uma das nossas matérias mais acessada é sobre a reutilização de caixas de leite como isolamento térmico em casas pobres de São Joaquim. Por que um assassinato tem espaço na mídia e uma notícia como essa não pode ter?”
Para o professor de jornalismo da UFSC Francisco Karam, os fatos negativos chamam mais atenção na mídia porque tratam de acontecimentos que precisam ser resolvidos, que precisam deixar de existir. Além disso, segundo Karam, “também há estudos, ainda incipientes, que detectam uma curiosidade humana associada a tragédias ou pequenos eventos “negativos”, porque a segunda natureza humana, a da cultura ou da ética, tentaria proteção a partir de algo que ameaça a espécie”.
O professor ressalta que as histórias e fatos positivos não são trabalhados com mais frequência porque a realidade continua produzindo acontecimentos negativos que precisam ser tratados não só pelo jornalismo, mas também por outras áreas da sociedade. Nesse sentido, ele aponta que as iniciativas boas como as noticiadas pela ODM também nascem de problemas.“Saúde para todos, escola para todos…e de boa qualidade, acesso à cultura, mobilidade urbana, fim da criminalidade, resolução de greves…Tudo tem, no fundo, um aspecto negativo que gerou a necessidade de puxar determinadas bandeiras da cidadania”, afirma.

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