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Violência policial dispara, e centenas se mobilizam no Centro de Florianópolis

Reportagem por Georgia Rovaris e Rodrigo Barbosa 

Centenas de pessoas foram ao Centro de Florianópolis protestar contra a violência policial na noite da última quinta (25). O ato foi uma resposta à morte de Vitor Xavier da Silva, jovem negro de 19 anos baleado por policiais militares enquanto brincava com uma arma de pressão no quintal de sua casa, no bairro Ingleses. Os dois policiais envolvidos na morte do jovem estão sendo investigados, mas não foram afastados de suas funções na corporação. Eles alegam que agiram em legítima defesa. 

A marcha, organizada pelo Coletivo Ocupações Urbanas e apoiada por diversos movimentos sociais, começou no Largo da Catedral e caminhou até a Avenida Paulo Fontes, em frente ao TICEN. No trajeto, foram proferidas palavras de ordem contra a Polícia Militar (PM) e homenagens a Vitor. Familiares e amigos do jovem estiveram no ato, que ocorreu de maneira pacífica – não foram registrados quaisquer atos de violência por parte dos manifestantes ou da PM. 

Líder do Coletivo, o arquiteto e urbanista Lourenci Ribeiro demonstrou indignação contra a ação da PM. “Qualquer policial na academia militar sabe identificar o que é uma arma de brinquedo e o que é uma arma letal. Não tem o que justifique a execução do Vitor”, disse, emocionado. Ribeiro também lembrou da situação do bairro Vila Esperança, onde 25 casas foram demolidas no mês de abril em ação conjunta por parte da Prefeitura, Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente) e PM. Moradores da comunidade no norte de Florianópolis alegam uso excessivo da força policial.

A morte de Vitor Xavier, porém, não é um caso isolado em Santa Catarina. Desde 2010, mais de 500 pessoas já foram mortas em ações da PM no estado, e o número vem crescendo ano após ano. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-SC), apenas em 2018 foram 95 mortes. O número é 143% maior que no início da década – em 2010, foram 39 mortos. No mesmo período, foram registrados quatro óbitos de policiais. 

                                Número de mortes em ações da Polícia Militar em Santa Catarina (dados da SSP-SC)

Gráfico mortes PM menor

 

Em Florianópolis, a situação é ainda pior: de três mortes em 2010 para 22 no ano de 2018. Isso representa um aumento de 633% no número de mortes através da ação da polícia na capital catarinense. 

                                  Número de mortes em ações da Polícia Militar em Florianópolis (dados da SSP-SC)

Gráficos mortes PM Floripa menor

No ano de 2019, até o momento a SSP-SC só divulgou os números referentes ao mês de janeiro. De acordo com o órgão, onze pessoas foram mortas pela PM em janeiro, sendo cinco em Florianópolis. Só na semana passada (terceira semana de abril), entretanto, ao menos outras seis mortes foram registradas no estado. 

 

Confira como foi o ato da noite de quinta-feira:

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