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UFSC tem projeto pioneiro para a criação de rede cicloviária dentro do campus

Texto: Pâmela Carbonari (pamelacarbonari@gmail.com)

Ao meio dia, no campus da Trindade, os pontos de ônibus ficam lotados de pessoas disputando lugar debaixo das marquises, os estacionamentos, até então cheios, vão esvaziando e formando filas nas cinco principais saídas da universidade. A essa hora, o que mais se ouve no entorno da UFSC é o barulho dos motores e das buzinas. São carros, motos, ônibus, bicicletas e pedestres querendo sair do mesmo local ao mesmo tempo.

De acordo com o Diagnóstico da Mobilidade na UFSC, realizado em 2010, 56% dos acessos ao campus são feitos de carro. “A cidade está em função do automóvel e o congestionamento não é um problema isolado, mas uma questão de causa e efeito. Se quisermos diminuir os engarrafamentos, precisamos dar condições para os pedestres e os ciclistas”, afirma Daniel Costa, presidente da Viaciclo, principal associação cicloviária de Florianópolis.

No mesmo estudo,  foi constatado que quase metade das pessoas que vêm à UFSC partem de locais que ficam a menos de 5 km da universidade- distância considerada ideal para o uso da bicicleta como meio de transporte. No entanto, a porcentagem das pessoas que chegam ao campus de bicicleta é inferior a 2%.

Pensando nisso que cinco professores da Engenharia Civil juntamente com uma professora da Arquitetura e dois acadêmicos de ambos os cursos, deram início ao projeto Rede Cicloviária UFSC, que prevê a construção de 10,3 km de ciclovia dentro do campus da Trindade.  Essa comissão levantou dados sobre mobilidade na universidade, reuniu planos já existentes e acompanhou a realização do projeto pela empresa terceirizada AH8. O planejamento da rede cicloviária ficou pronto em dezembro do ano passado e custou aproximadamente R$160 mil. Para ser posto em prática, depende da  aprovação do Departamento de Projetos de Arquitetura, o DPAE, e da alocação de recursos pela Reitoria- o orçamento estimado é de R$2,19 milhões.

O professor de Engenharia Civil e presidente do projeto, Antônio Marcon, explica que a UFSC será a primeira universidade brasileira a ter uma malha cicloviária deste tamanho e acrescenta “Nós temos uma visão para a UFSC e uma visão para a comunidade. Quando pensamos na ciclovia, imaginamos que o espaço ficasse lotado de pessoas aproveitando a estrutura também nos finais de semana”.

O projeto, 900 metros maior que a ciclovia da Beira Mar, dividiu a UFSC em três setores, com orçamentos independentes. O primeiro contorna a Rua Deputado Edu Vieira; o segundo circunda a Avenida Desembargador Vitor Lima e o terceiro cerca o cruzamento da Avenida Prof. Henrique da Silva Fontes e a Rua João Pio Duarte.

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Além de mobilidade e lazer, a rede cicloviária também terá função didática. As pontes e passarelas serão construídas com diferentes tipos de estruturas e a pavimentação alternará concreto, asfalto e asfalto de borracha. “Assim, depois dos alunos estudarem teoricamente as potencialidades de cada material, verão isso na prática. Queremos que esta ciclovia seja um grande aprendizado também para os alunos, afinal, este é um projeto para a universidade”, relata Marcon.

A ciclista e estudante da quinta fase de Jornalismo, Gabriela Damaceno, mora na Carvoeira e utiliza a bicicleta como meio de transporte desde a época em que fazia cursinho pré-vestibular. Ela afirma que se houvesse uma via unicamente para este tipo de veículo nos arredores da UFSC, a convivência com carros e pedestres seria mais segura para todos. “A proposta da construção da ciclovia deve ser apenas o começo de uma política de incentivo à bicicleta. Basta reparar que nem a Reitoria possui bicicletário. Tem bike amarrada até nas árvores, o que mostra a real necessidade de investimento em estrutura ciclística”, acrescenta Gabriela.

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