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UFSC estuda adesão ao Sisu

Texto: Bruna Andrade (brunandrade92@gmail.com)
Infográfico: Ministério da Educação

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) analisa novos meios de ingresso na instituição através de um Grupo de Trabalho (GT). Uma das pautas debatidas é a adesão ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Para conhecer melhor o Sistema e saber como está sendo a experiência em outras universidades, a UFSC recebeu na última semana representantes da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

info sisuO Sisu é a forma de ingresso nas universidades federais que avalia os candidatos pela nota no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e classifica de acordo com a Lei de Cotas.  Cada instituição estabelece sua nota mínima e pode dar pesos diferentes para cada disciplina de acordo com o curso oferecido. Algumas universidades destinam parte de suas vagas e outras já tem 100% de seus alunos ingressando por meio do Sistema. Além das cotas já pré-estabelecidas, as instituições podem criar suas próprias ações afirmativas.

A UTFPR é uma das universidades que tem suas 8000 vagas por ano disponíveis apenas pelo SISU, sendo que a experiência começou há dez anos. O professor Jair de Almeida, que representou a universidade no seminário na UFSC, disse que houve certa resistência por parte dos estudantes antes da adesão e que a Reitoria ouviu o Diretório Acadêmico. Mas o quadro mudou: “Hoje a maioria dos nossos estudantes ingressou via Sisu e elogia a forma de ingresso”.

Uma das críticas feitas pelos estudantes é que o Sistema aumenta a concorrência.  O Sisu não tem custo de inscrição e ela é feita através da internet, sem necessidade de gastos com deslocamento e estadia. Isso permite com que um maior número de estudantes de outros estados possam concorrer às vagas. Tanto a UTFPR quando a UFFS afirmam que aumentou o número de alunos de fora das cidades dos campus. Na primeira, este número dobrou.  Na segunda também houve um aumento expressivo, como no número de alunos provenientes da região sudeste, que passou de 7% no passado (quando ainda não haviam adotado o Sisu) para 16% no segundo semestre de 2014.

O governo federal dá um incentivo para as universidade de acordo com o percentual de vagas disponíveis através do Sistema. No caso da UFTPR, por exemplo, que aderiu 100%, esse montante é de 19 milhões de reais. Nas duas instituições que mandaram representantes para o seminário na UFSC, esses recursos possibilitaram a ampliação dos programas de assistência estudantil. Os alunos podem acumular bolsas e chegar a um valor de até mil reais mensais. São oferecidos benefícios como auxílio mudança, de saúde e didático, restaurante universitário, bolsa permanência e transporte.

Segundo o professor Almeida, um dos problemas enfrentados pelas universidades que aderiram é o atraso nas matrículas. Como o Sistema depende da nota do ENEM, que costuma sair em dezembro, as inscrições no site acontecem em janeiro, mesmo mês em que são realizadas as primeira e segunda chamadas. Porém, o professor Almeida da UTFPR estima que apenas 30% dos alunos que passam comparecem na matrícula. A lista de espera só chega para as instituições em fevereiro, o que prejudica o cronograma.

Quanto ao grande índice de alunos que não comparecem na matrícula, as universidades tentam encontrar meios para que as vagas não fiquem ociosas. A UFFS passou a convocar toda a lista de espera para chamada presencial, e, caso alguém que compareceu fique sem vaga, é colocado em uma nova lista de espera.  “Houve aumento na procura, mas não se efetiva em matrícula, isso por causa da segunda opção do Sisu. Infelizmente ainda somos uma universidade de segunda opção”, reclama o professor da UFFS João Alfredo Braida em relação à possibilidade de o aluno de escolher mais de uma alternativa de instituição.

O estudante pode candidatar-se a duas opções de universidade e mudá-las até o último dia de inscrições. As notas de corte dos cursos são atualizadas diariamente, de acordo com as notas dos candidatos inscritos e os estudantes podem verificar sua posição parcial. Isto faz com que as opções sejam alteradas várias vezes para tentar aquelas universidades que possuem maior chance de entrar.  Com isso, algumas instituições acabam sendo a segunda alternativa e na maior parte das vezes têm problemas para preencher suas vagas, ou porque o estudante consegue vaga em outra chamada naquela que era sua preferência, ou porque depois ele consegue ingressar em alguma universidade mais perto pelo Programa Universidade para Todos (ProUni).

Dentre as vantagens apontadas pelos representantes das universidades que aderiram ao Sisu estão a ampliação da assistência estudantil, com mais recursos para bolsas, o acesso mais democrático, por causa das cotas, e a diversidade agregada com a maior participação de estudantes de outros estados. Além disso, as instituições notaram que, por participarem do sistema, aumentaram sua visibilidade a nível nacional.

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