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Sem recursos, nova turma de Licenciatura Indígena não está garantida

Texto: Poliana Dallabrida (poliana.dallabrida@gmail.com)

A formatura da primeira turma em Licenciatura Indígena da UFSC deu esperanças a quem acredita no papel de inclusão da Universidade e para quem luta pelos direitos das comunidades indígenas, que enfrentam na falta de professores uma falência na representatividade de sua cultura. O projeto piloto do curso laureou 85 alunos em abril. Os primeiros podem ser também os últimos. A incerteza do repasse de verba federal, que seria utilizada para a contração de professores e daria sequência às políticas de inclusão dos alunos, pode não vir, impedindo a abertura de uma nova turma no próximo ano. Uma reunião entre a UFSC e o MEC está marcada para o final deste mês.

À época da abertura do curso, a UFSC e outras Instituições Federais gozavam dos bons ventos vindo do MEC: a Universidade do Estado do Mato Grosso, por exemplo, foi a pioneira na implementação de um curso de Licenciatura Intercultural no país, em 2001. Em parceria com a Sinap, a pasta propôs a abertura de licenciaturas indígenas no país, investindo em projetos que incluíam o transporte, hospedagem e alimentação dos alunos, deslocados de comunidades de difícil acesso. Na UFSC, o curso reunia indígenas (e uma estudante não-indígena) das três etnias presentes em Santa Catarina – Guarani, Kaingang e Laklãnõ/Xokleng. Um projeto especial foi pensando para “possibilitar a cidadania dos estudantes indígenas, aproximando o conhecimento da Universidade com os de suas culturas”, como afirma Roselane Neckel, reitora e então diretora do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da UFSC em 2010, ano da proposta de abertura do curso.

Após análise da estrutura física e do quadro de professores – muitos dos quais já trabalhavam com temáticas indígenas -, o novo curso foi alocado no Departamento de História. O projeto piloto da Licenciatura Indígena da UFSC reúne professores, líderes indígenas e profissionais de outras instituições. O curso alterna períodos de TU (tempo Universidade), com aulas presenciais e intensivas, e TC (tempo Comunidade), com intervenções nas aldeias e aplicações de projetos de pesquisa e extensão.

Para que o futuro do curso esteja garantido, é preciso a continuidade ou adaptação desse modelo. “Precisamos da repactuação do REUNI de 2008”, afirma Roselane. “Apenas com a garantia e aprovação da proposta da UFSC pelo MEC será possível a continuidade do curso de Licenciatura Indígena”.

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