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Projeto “Floribike” é adiado

Mais um projeto que deveria ajudar a diminuir o caos do trânsito em Florianópolis foi adiado, e só deve voltar a ser discutido neste ano. A licitação do “Floribike” – sistema de aluguel de bicicletas em diversos pontos da cidade – não despertou interesse das três empresas pré-qualificadas para executar o projeto, que já existe há dez anos. As empresas reclamam da quantidade de bicicletas prevista no edital, considerada exagerada para o número de habitantes, e a insegurança jurídica a respeito da exploração de publicidade.

O projeto de bicicleta pública em Florianópolis foi planejado por técnicos do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF) em 2011, e previa 68 pontos de aluguel, 111 estações, 1.328 suportes e 664 bicicletas distribuídas pelo Centro e pelos bairros Agronômica, Trindade, Santa Mônica, Itacorubi e Córrego Grande. Esses locais apresentam os maiores problemas de mobilidade urbana na capital. O sistema deve integrar o transporte coletivo da cidade. A meta era atender 25% da população de Florianópolis – aproximadamente 110 mil pessoas teriam acesso às bicicletas.

Um novo edital será lançado e deve continuar com o modelo de concessão. Desta vez o edital terá uma única etapa. As empresas aprovadas já terão as propostas abertas na mesma fase. Ainda não foi definido o custo que usuários devem pagar pelo uso do sistema. No Rio de Janeiro, onde há um projeto semelhante, a primeira meia hora é gratuita. Depois do tempo limite, é cobrado R$10 pela diária. Outra alternativa é alugar a bicicleta mensalmente por R$30, ou anualmente por R$350. 

Ciclistas circulam pela UFSC ao lado de carros ou nas calçadas. Veja as fotos abaixo:

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O caso é um reflexo da origem dos problemas da mobilidade da cidade: a falta de estudos prévios. O professor de Planejamento Urbano no curso de Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina,  Elson Manoel Pereira, ressalta que boas ideias, como a do “Floribike”, que visam a melhoria da mobilidade da cidade, são desperdiçadas por conta da má estruturação dos projetos. “É preciso retomar a capacidade de planejar a cidade, através de um instituto de planejamento forte, que dialogue com a população e que resolva o problema de maneira duradoura.” Segundo Elson, também faltam investimentos e maior valorização do Ipuf. Há oito anos, o instituto contava com 130 profissionais da área de urbanismo, reduzidos à 30 em 2013 – número pequeno para planejar a mobilidade de uma cidade inteira. Em Curitiba, por exemplo, o número de profissionais do Ipuc é próximo de 300.

A questão da mobilidade em Florianópolis se tornou ainda mais discutida após o acidente na rótula da UFSC em julho deste ano que resultou na morte da estudante do curso de  Oceanografia, Lylyan Karlinski Gomes. Ela foi atropelada por um ônibus quando tentava atravessar a rua de bicicleta. O fato levantou questões envolvendo a falta de ciclovias em torno da Universidade. Após o acidente, só foram feitos esboços de ciclofaixas em ruas próximas a UFSC. Para o ciclista e estudante de Engenharia de Materiais, Henrique Back, a morte da estudante representa descaso com o meio de transporte que poderia ser uma das soluções para a mobilidade da cidade. “Falta estrutura e mais segurança para quem opta pelas bikes, tão importante para a construção de um trânsito mais humanizado”.

Em contrapartida, o número de carros por habitante em Florianópolis continua subindo. Conforme o resultado de um estudo encomendado pelo Sindicato de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco) que reuniu arquitetos, urbanistas e engenheiros, o número de automóveis na Região Metropolitana de Florianópolis dobrou na última década. Além disso, Florianópolis deverá receber 45% mais carros durante o período de janeiro à março de 2014 . A mobilidade urbana foi apontada como o maior problema de infraestrutura da cidade para 75% dos entrevistados em um levantamento realizado pelo Sindicato.

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