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Modalidades de Pole Dance ganham espaço nos estúdios de dança

Texto: Beatriz Santini (beatrizfsantini@gmail.com) e Marina Gonçalves (marinajulianag@gmail.com)

Pole Dance pode ser visto como “coisa de prostituta”, “dança de bordel” ou “strip-tease”. Mas não é por causa dessa fama negativa que as mulheres – e homens também – que gostam da modalidade deixam de praticá-la.

O Pole Dance ganhou mais visibilidade no Brasil em 2007, quando a atriz Flávia Alessandra interpretou a Alzira na novela Duas Caras, e apareceu fazendo a famosa “dança do poste” no horário nobre da TV Globo.

Na novela, a personagem dançava em uma casa de prostituição, mas a origem do tipo de dança, na verdade, não é relacionada com o universo do sexo. Já no século XII se praticava na Índia um tipo de yoga em um poste com cordas, conhecido como “Mallakhamb”.

O tipo de Pole Dance mais parecido com o que vemos hoje teve origem nos anos 20, época da Grande Depressão, com as turnês dos circos. Além da tenda de espetáculos principal, costumava ter uma outra tenda de show erótico. Como essa tenda era muito pequena, os postes que seguravam as lonas ficavam muito perto das dançarinas, e elas começaram a usá-los nas coreografias. A partir daí a modalidade evoluiu pelos bares burlescos até os dias atuais.

Hoje em dia há 3 diferentes tipos de Pole Dance. A Erótica, praticada em clubes de striptease ou mesmo para quem quer apimentar a relação; a Artística, que privilegia movimentos acrobáticos e é incorporado aos espetáculos de circo e campeonatos; e a Fitness, um tipo de exercício físico que busca trabalhar determinados grupos musculares e deixar o corpo em forma.

Apesar do Pole Dance ter ganhado maior notoriedade nos últimos anos, tem quem só pense em começar a praticar quando dão de cara com ela. Foi o que aconteceu com a estudante Julia Pabis há dois anos atrás, quando abriu uma escola de dança que tinha Pole Dance em frente a sua casa. A partir daí ela pesquisou um pouco sobre o assunto e decidiu começar a praticar.

Ela conta que quando começou a praticar nem todo mundo gostou da ideia. “Meu pai no começo não gostou muito, mas quando comecei a fazer coisas mais difíceis e mostrei pra ele, ele não conseguia acreditar quanta força eu tinha ganhado e começou a gostar, até recomenda pras pessoas”. Julia já percebe uma diferença no olhar das pessoas sobre a modalidade na época que ela começou e nos dias de hoje, mas ainda há pessoas que relacionam a dança com erotização. “Tem caras que vem falar comigo por causa disso, mas eu nem respondo”, contou a aluna que já percebe várias diferenças no seu corpo e na sua autoconfiança com a prática da Pole Dance.

A medida que a modalidade foi se tornando popular aqui no Brasil os estúdios foram surgindo e foi assim que começou a professora Janiere Cunha, que tem um estúdio em Araranguá, no sul de Santa Catarina. Depois de trabalhar 12 anos em academias decidiu ir para São Paulo em 2010 aprender o Pole Dance, se tornando pioneira no sul do estado com a modalidade. Mesmo com um trabalho sério e de destaque no estado, Janiere não escapou dos julgamentos. “No início as pessoas falavam que eu havia deixado a ginástica para ser prostituta. Mas minha família acreditava no meu trabalho, coloquei meu estúdio e iniciei um trabalho sério dentro da arte, da dança”.

Diferente da Janiere, a professora de Joinville Sabrina Lermen não teve que passar por isso. Filha de um pastor da igreja luterana, ela já praticava ginástica olímpica e afirma que a família sempre deu apoio e que entendem o trabalho que ela faz. “É importante que as pessoas entendam o pole como um movimento artístico e para que essas pessoas possam compreeender, a gente tem que continuar se manifestar com mostras artísticas”

Essa cara artística do Pole Dance atrai públicos que buscam uma forma diferente de se expressar e se exercitar ao mesmo tempo. Sabrina conta que todas as meninas que vem buscando a dança desejam algo lúdico, divertido, que não seja massante e que proporcione prazer durante as aulas.

Com o crescimento do movimento, surgiu a Fecapole (Federação Catarinense de Pole Dance). O intuito da instituição é de organizar, promover e incentivar o Pole Dance no estado, unir os praticantes, fazer eventos e disseminar a dança.

O Pole Dance não é modalidade olímpica, mas existe um movimento forte para que ela se torne uma. Tanto Janiere quanto Sabrina acreditam que existe essa possibilidade, mas ressaltam que seria necessário uma grande organização da dança, com códigos e regras universais para a competição.

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