ArquivoReportagens

Pesquisa revela que alunos brasileiros não possuem habilidade digital

Texto: Malena Wilbert (malenawilbert@gmail.com)

Estamos mais conectados do que nunca – hoje em dia é quase impossível não encontrar alguém com smartphones, tablets ou notebooks,  seja onde for. A impressão é que esse tipo de tecnologia se tornou essencial e natural no dia a dia. Porém, um estudo feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 31 países, revelou que o Brasil está na antepenúltima colocação do ranking quando o assunto é habilidade digital. Ficamos apenas na frente dos Emirados Árabes e da Colômbia. O estudo, feito com estudantes, mostrou que os alunos brasileiros ainda têm muita dificuldade em explorar sites de pesquisa e interpretar leituras online.

informatica-na-educacao-137

Em 2010, o presidente Lula criou o projeto “Um computador por aluno” – um registro de preços para que escolas dos estados e municípios pudessem comprar  computadores com recursos próprios ou com financiamento do BNDES. O problema foi que muitas escolas não tinham a infraestrutura necessária para a instalação dos laboratórios, ou faltavam professores qualificados, embora o governo federal também oferecesse pelo Programa Nacional de Tecnologia Educacional (Proinfo) estratégias de capacitação.

Essa é uma questão com a qual o LIFE, Laboratório Interdisciplinar de Formação de Educadores,—  um programa da CAPES que visa  a criação de espaços, estruturas e recursos para a formação docente em instituições públicas de educação superior — está preocupado. A UFSC foi contemplada com um laboratório, que fica no Colégio de Aplicação, e lá entre outros projetos, estagiários em docência e professores estão refletindo e criando referências sobre o uso digital em sala de aula.

A aposta é em ações interdisciplinares que criem oportunidades para o professor usar  e entender  como a tecnologia pode funcionar a seu favor. A professora de Inglês, Maristela Campos, vê muitas vantagens: “O uso da tecnologia pode ser muito útil ao professor, melhorando seu tempo hábil e incrementando seu planejamento; e também para o aluno, que não tem mais o livro didático ou o professor como única fonte, o que amplia seu horizonte.”

Hamilton Godoy,  que iniciou e hoje é coordenador do laboratório LIFE na UFSC, ainda enfatiza a necessidade de estratégia nesse processo: “Não podemos brigar quanto a isso. Faz parte da realidade dos jovens e temos que aproximar a escola dela. Mas não é simplesmente permitir e incentivar o uso. Precisamos de um projeto pedagógico que faça o aluno usar a web a seu favor de maneira crítica. Ela ainda é uma novidade e temos que estudar a melhor forma de aproveitá-la”.

Especialistas da OCDE afirmam que o uso das tecnologias em salas de aula é inevitável: ela já faz parte do  cotidiano e a tendencia é que seja cada vez mais usada em todos os aspectos da vida. Mas, a experiencia não tem mostrado resultados positivos. O mesmo estudo – “Estudantes, computadores e aprendizado: Fazendo a conexão”, – que  colocou o Brasil como antepenúltimo país em habilidades digitais – também revelou que os países que ocuparam as primeiras colocações não têm registrado melhora perceptível no desempenho dos alunos nos exames de leitura, matemática ou ciências. A questão para melhorar o desempenho não estaria em  computadores de primeira linha, nem na maior destreza em desbravar a rede, e sim na forma como isso é feito.

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.