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Mudanças curriculares levantam a questão de atualização dos cursos na UFSC

Texto: Amanda Ribeiro (amandarbmarques@gmail.com) e Guilherme Longo (guilherme.longo93@gmail.com)
Arte: Amanda Ribeiro (amandarbmarques@gmail.com)

Atualizar-se é sempre importante. Conhecer novos modelos, necessidades e ferramentas é essencial, especialmente quando se fala em formação superior. Estar em dia com o que acontece na sua área é um pré-requisito para o mercado, que está sempre mudando e acaba exigindo que os cursos universitários façam o mesmo. Por isso, é comum ver dentro das universidades a reformulação dos currículos dos cursos de graduação de tempos em tempos.

Na UFSC, diversos cursos,  como Ciências Econômicas e Psicologia, têm realizado mudanças curriculares ao longo dos últimos dez anos. Outros estão iniciando o processo atualmente, como a Engenharia de Produção e o Jornalismo. Para entender melhor como funciona o processo de construção de um novo currículo de um curso, veja o infográfico abaixo:

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O curso de Engenharia de Produção da UFSC começou o processo de reforma curricular no ano passado. A última alteração na grade havia acontecido entre 1998 e 1999 e, segundo o professor Antônio Sérgio Coelho, é importante que o curso tente acompanhar a movimentação do mercado, que sofreu alterações significativas nos últimos 16 anos. De acordo com a proposta, a principal mudança vai ser no diploma: os alunos vão deixar de ser graduados em Engenharia Mecânica, Elétrica ou Civil com habilitação em Produção e devem ser diplomados agora em Engenharia de Produção.

Antônio Sérgio Coelho explica que as alterações na grade são baseadas nas exigências do mercado, que vem cobrando uma especialização maior na área de produção. “Algumas empresas reclamam do fato de os nossos alunos saírem com diploma de habilitação em Produção, e isso pode custar a perda de vagas de trabalho importantes nessas empresas. É para evitar esse tipo de problema e para atualizar o curso em relação ao mercado que estamos alterando o currículo”.

O Jornalismo da UFSC também passa por uma reforma curricular, que está sendo discutida em uma comissão formada por alunos e professores. O Centro Acadêmico do curso desenvolve uma proposta para apresentar ao Núcleo Docente Estruturante (NDE). A proposta que será mostrada ao colegiado do curso pelos estudantes prevê o aumento da duração da graduação de 8 para 9 semestres e o reforço na carga teórica do curso, que atualmente tem foco na parte prática. Além disso, discute-se a transferência de algumas disciplinas de um semestre para outro e a substituição de algumas que têm suas ementas defasadas.

Já a proposta apresentada pelos professores do NDE na última semana é um pouco diferente. A ideia seria estruturar o novo currículo com um ciclo básico nos semestres iniciais, e na segunda metade da graduação os alunos decidiriam em quais troncos específicos seguiriam, da mesma forma que acontece em diversos cursos de engenharia.

O curso de Ciências Econômicas da UFSC passou por uma reforma curricular recentemente. O mote foi o lançamento, pelo Ministério da Educação, de novas diretrizes curriculares para o curso, o que veio ao encontro dos pedidos de alunos e professores. A nova estrutura foi colocada em prática em 2009 e a maior mudança se deu nas áreas de disciplinas teóricas, de investigação científica, que ganharam maior destaque. Isso motivou uma mudança no corpo docente, que hoje é mais voltado para a área acadêmica.

Para o atual coordenador do curso, professor João Randolfo Pontes, a atual estrutura curricular tem seus pontos positivos e negativos, o que é recorrente na maioria dos casos. Segundo o coordenador, as disciplinas deveriam ter um foco maior na parte prática, preparando os alunos para o mercado, mas sem esquecer a academia. A mudança do currículo, para Pontes, trouxe outros dois problemas para o curso: um grande aumento no índice de reprovação em disciplinas exatas (por volta de 80%) e na evasão dos alunos.

Para Pontes, é necessário que sempre seja feita uma análise curricular dos cursos, para que não deixem de cumprir sua principal função: preparar os estudantes para o mercado após o fim da graduação.

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